O Montepio Rainha D. Leonor foi galardoado com o Prémio “Mutualismo e Solidariedade 2009” pela União das Mutualidades Portuguesas (UMP) que distinguiu esta Instituição Particular de Solidariedade Social pelos seus 150 anos de dinamismo em encontrar respostas modernas e adequadas às necessidades das pessoas. “O Montepio Rainha D. Leonor está a comemorar 150 anos de mutualismo cujos valores como solidariedade, auxílio mútuo, democraticidade interna e justiça social estiveram na base da sua actuação e são eles que continuam a justificar o êxito da iniciativa, actualmente com 8 mil associados”, palavras de Alberto Ramalheira, Presidente do Conselho de Administração da UMP, que falava em Caldas da Rainha numa sessão evocativa do Dia Nacional do Mutualismo, que decorreu no passado dia 23, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha. “O mutualismo guia-se pela lógica da solidariedade e não do interesse”, disse Carlos Aurélio, presidente da Assembleia Geral do Montepio Rainha D. Leonor, que recebeu o prémio “Mutualismo e Solidariedade 2009”, referindo que foi o espírito mutualista que esteve na origem da criação do Montepio. Para este responsável, a distinção foi uma honra porque “marca um trabalho de gerações na Região na prestação de serviços e cuidados de saúde e no apoio à terceira idade”. Sublinhou ainda que “150 anos de história são relevantes para qualquer Instituição e a sua homenagem e reconhecimento é importante para todos que lá prestam serviço”. Quanto a novos projectos, destacou a construção das Residências Protegidas, que já estão concluídas e aguardam as devidas licenças para a inauguração, e os planos para uma nova e moderna Clínica a construir no centro da cidade. O Dia Nacional do Mutualismo continua a ser assinalado com o objectivo de sobrelevar a importância do movimento mutualista que resulta de grande esforço de organização democrática da sociedade civil capaz de minimizar dificuldades que afectam os mais carenciados. A sessão contou com as presenças da presidente da mesa da Assembleia Geral da UMP, Maria de Belém Roseira, e da ministra do Trabalho e da Segurança Social, Helena André. Após o historial da origem do mutualismo, a deputada e antiga ministra da Saúde, Maria de Belém, disse que das seis centenas de instituições que havia antes do Estado Novo resistiram pouco mais de cem. “Digamos que as pessoas que aqui estão são os sobreviventes que entendem que o movimento deve ser reforçado”, referiu. Abordou ainda os três valores essenciais do mutualismo (liberdade, democraticidade e solidariedade), revelando que as instituições mutualistas “têm um papel relevante a desempenhar na complementaridade aos sistemas públicos, pela disponibilização solidária do apoio às pessoas e às famílias e pela sua intervenção sem interesse de lucro”. A antiga ministra da Saúde disse também que a crise financeira, económica e social demonstra que o movimento mutualista é indispensável. A ministra Helena André enalteceu o esforço do “trabalho desenvolvido pelo movimento mutualista em Portugal e pelo relevante papel que tem tido ao longo dos anos no sector social”. Helena André comparou a origem do mutualismo com as necessidades de sistemas de protecção social na actual sociedade. “Na realidade, o movimento tem a sua origem na necessidade sentida pelos cidadãos de se organizarem colectivamente para fazerem face àqueles que eram os riscos e insegurança gerados pela industrialização e pela modernização das sociedades. Tão familiar que isto nos soa, naquilo que é a nossa realidade de hoje”, sublinhou. Nos debates da cerimónia celebrativa do Dia Nacional do Mutualismo participaram Pedro Ferreira, docente de Economia da Universidade de Coimbra, que reflectiu sobre “Economia Social versus Economia Social do Mercado” e Pedro da Silva, vice-presidente da UMP, que abordou o “Mutualismo e o seu enquadramento em Portugal”. Neste dia de grande significado para o movimento mutualista foi distinguido com o “Prémio Mutualismo e Solidariedade 2009 destinado a personalidades individuais”, José Robalo Martins, director executivo da UMP. O prémio “Inovar para Melhorar” foi entregue à Associação de Socorros Mútuos de Ponta Delgada, uma instituição particular de solidariedade social constituída por cerca de 4000 sócios. Foi galardoada por ser uma instituição certificada a nível de gestão de qualidade. O movimento mutualista português, com raízes no século XVII, teve um grande incremento nos meios operários no século XIX e sofreu perseguições e ataques durante o fascismo devido ao seu carácter intrinsecamente solidário e democrático. Existem hoje 96 associações mutualistas registadas, que operam nas áreas do apoio social e da saúde, congregando mais de um milhão de associados e empregando 4 580 trabalhadores e mil prestadores de serviços. Marlene Sousa