A Associação Humanitária dos Bombeiros das Caldas da Rainha celebrou o seu 115º aniversário num clima de preocupação devido à crise económica, com o seu presidente, Abílio Camacho, a pedir ajuda ao Governo Civil e à Câmara. Abílio Camacho viu uma reacção menos positiva por parte da autarquia, já que o presidente da Câmara esteve mais preocupado com o facto da cerimónia durar muito tempo do que propriamente responder ao repto do dirigente que ameaçou que qualquer dia deixa a associação humanitária nas mãos da Câmara. Da parte do governador civil, o presidente dos bombeiros ouviu Paiva Carvalho dizer que está solidário, tendo recebido mais compreensão do representante da Liga de Bombeiros, que prometeu ajudar se fosse endereçada uma lista das preocupações. “Temos mais de cem mil euros para receber. Temos facturas do Hospital Santa Maria para receber desde Novembro do ano passado. Temos um problema muito grave e apelo ao senhor governador civil porque não é apenas um problema das Caldas, é de todos os bombeiros. Temos um problema gravíssimo com o INEM. Nós somos dos corpos de bombeiros com mais saídas, ou seja, mais de 400 saídas. Temos mais três viaturas que fazem as reservas e estamos preocupados porque 10.500 euros de três em três meses para pagar a sete homens não chega, porque pagamos os consumíveis, o combustível e tudo o que é gasto na viatura. Há meses tivemos uma avaria na viatura e ainda nem recebemos resposta, mas já arranjámos a viatura. Mais grave disto tudo é que desde Março que não nos pagam nada. Todos os dias abastecemos, todos os meses pagamos aos funcionários e estamos a ficar preocupados”, explicou Abílio Camacho. O presidente dos bombeiros disse que “qualquer dia passo-me da cabeça e coloco a viatura à porta do INEM”, garantindo, contudo, que o socorro ficará assegurado. Devido a este problema e outros, Abílio Camacho pediu a intervenção do governador civil, alertando ainda o presidente da Câmara que “se as coisas não mudarem qualquer dia fica com todo este ‘barco’ nas mãos”. Na resposta Rui Silva, representante da Liga de Bombeiros Portugueses, assegurou que este problema “é idêntico por todo o país”, revelando mesmo que “há associações completamente falidas”. Já sobre o problema das Caldas, Rui Silva adiantou que o INEM tem atrasos nos pagamentos de 120 dias e como tal pediu para que Abílio Camacho fazer chegar à Liga a lista das dificuldades, uma vez que existem reuniões periódicas entre a Liga e elementos do Ministério da Saúde. Da parte da Câmara, Fernando Costa começou por dizer que “a cerimónia já leva duas horas, o que é manifestamente muito tempo”. “Estou habituado a ver dos bombeiros homens de acção que de dia ou de noite ultrapassam todas as dificuldades. A direcção está aqui para ajudar, para resolver problemas e para ultrapassar obstáculos. Tem o direito de reivindicar, mas estão aqui para cumprir o voluntariado”, afirmou. Da parte do Governo Civil, Abílio Camacho apenas recebeu a “solidariedade” de Paiva Carvalho, que disse que “há coisas que não se conseguem” e por isso “todos precisamos e todos necessitamos”. Quanto ao aniversário, destaque para aqueles que efectivamente de forma voluntária ajudaram a corporação e a associação a poupar verbas, mas também àqueles que há mais de três décadas vestem a farda de soldados da paz sem qualquer compromisso. O sub-chefe Vasco Conde foi agraciado com o galardão de reconhecimento da Associação por ser bombeiro há 35 anos e ainda continuar no activo. Também receberam a mesma distinção os chefes Joaquim Lucena e Ernesto Soares por estarem ainda no activo e serem bombeiros há 30 anos. Outro dos momentos altos da cerimónia foi a atribuição pela primeira vez o galardão prestígio ao chefe do quadro de honra José Ferreira Gomes e ao bombeiro de primeira Joaquim Teixeira pelos actos relevantes para o engrandecimento e prestigio da associação. Antes destes actos receberam o certificado da escola de infantes e cadetes Joana Rocha, Cristina Rocha, David Simões, Patrícia Falacha, João Andrade, Bruno Pereira, Márcio Martins, Tiago Falacha, Luís Faustino, Marcelo Faustino, Ricardo Santos, José Ramos, Ruben Andrade, Adriana Pena, Carolina Matos, Tiago Soares, Bernardo Branco, Ana Machado, Telmo Faustino, Elodie Lucas, Catarina Barros, Carina Valente, Tânia Valente, Rodrigo Reis, Luís Marques, Luís Valente, Andreia Mendes, Marcelo Santos, Cláudio Ventura, Ruben Soares, Daniel Santos, Fábio Santos, Hugo Faustino, David Ferreira e Pedro Ricardo. Recebeu a medalha de cinco anos da associação Tiago Soares. A medalha de dez anos foi atribuída a Vanessa Silva. Completaram cinco anos os bombeiros José Fernando Santos, Jorge Duque, Francisco Antunes e Abílio Nazaré e com isso receberam uma medalha de grau cobre. Na categoria dos dez anos e recebendo a distinção de prata compareceram os bombeiros Sérgio Pinheiro, Bruna Sousa, João Cabral e Sérgio Simões. Na categoria de ouro pelos 15 anos receberam José Silva, António Soares, Pedro Matos, Nuno Maria, João Paulo Palmeirão e Rui Marques. No grau ouro mas pelos 25 anos, receberam o galardão o sub-chefe João Paulo Oliveira e o bombeiro de primeira António dos Anjos. Por último mas com grande simbolismo receberam uma distinção vários representantes das companhias que compõem os soldados da paz e também dois bombeiros em nome de um grupo de outros elementos que de forma graciosa conseguiram arranjar apoios de forma a resolver os problemas das comunicações e do material de combate a incêndio. O sub-chefe João Paulo e o bombeiro de segunda Sérgio Pinheiro foram dois dos elementos que resolveram estes problemas sem que a associação tivesse gasto qualquer cêntimo.   Carlos Barroso