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Socorristas da região Oeste no Haiti

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“O sentimento é de tristeza, de desolação mas também de muita vontade de poder contribuir para tanto quanto possível melhorar as condições precárias em que ficou toda esta gente, tal é o grau de destruição e muita gente encontra-se sem casa e sem condições de vida”. O relato é de António Saroca, 56 anos, um […]
Socorristas da região Oeste no Haiti

“O sentimento é de tristeza, de desolação mas também de muita vontade de poder contribuir para tanto quanto possível melhorar as condições precárias em que ficou toda esta gente, tal é o grau de destruição e muita gente encontra-se sem casa e sem condições de vida”. O relato é de António Saroca, 56 anos, um dos elementos da missão portuguesa que se encontra no Haiti nas operações de socorro. Mora em Rocha Forte, Cadaval, foi comandante dos bombeiros voluntários do Cadaval entre 1996 e 2000 e está no quadro de honra da corporação. É o chefe da equipa de logística da missão portuguesa, ao serviço da Autoridade Nacional da Protecção Civil. “A nossa missão tem várias valências, uma é prestar apoio às vítimas, outra é apoio a nível hospitalar com médicos e enfermeiros, e no final a montagem de um campo para deslocados com 70 tendas e capacidade para 700 pessoas”, explica, adiantando que “depois uma organização não-governamental vai garantir a alimentação e apoio sanitário”. Para o trabalho, a missão levou “tendas, geradores, mantas, lençóis, esteiras, material eléctrico para iluminação”. “Prevê-se a montagem de equipamentos de higiene, como chuveiros e casas de banho”, descreve. Está em Port-au-Prince desde dia 15 e a missão não tem data exacta para o término. “Possivelmente terminará no fim do mês, mas tudo depende do tempo necessário para cumprirmos com o objectivo”, refere. “Quanto ao nosso trabalho prende-se com três valências de apoio as vítimas, ajuda médica e de enfermeiros no hospital”, indica. “Comigo vieram médicos e enfermeiros da AMI e INEM e 11 elementos da Força Especial de Bombeiros, estes com a função primária da montagem do acampamento, mas como têm valências na área da emergência médica alguns também integram as equipas que estão a operar no hospital e uma equipa de coordenação de 4 elementos”, conta. “Temos sentido as réplicas (do sismo), ninguém se magoou a não ser um jornalista da RTP que estava num hotel na cidade”, afirma. António Saroca esclarece que a missão portuguesa “não é na rua, é nos hospitais. Não estamos nas operações de resgate, estamos no apoio as vítimas mas já no espaço hospitalar”. “Saímos à rua de vez em quando, embora haja zonas não aconselháveis de utilizar, principalmente de noite. Eu ainda só saí uma vez e o que vi é indescritível. Fome não diria que exista, mas há dificuldade em fazer circular a ajuda. O trânsito possível é caótico. Falamos em francês ou inglês. Estamos numa zona onde estão muitos países e organizações, de Espanha, França, Alemanha, Qatar, Turquia e, como é óbvio, os americanos, com um verdadeiro exército”, sublinha. No passado sábado, o governo haitiano resolveu cessar as operações de busca de vítimas do sismo. António Saroca concorda: “Julgo que já passou todos os limites do tempo para encontrar alguém com vida”. A pouco e pouco a vida no país vai sendo retomada. “A cidade está mais calma e já se vai sentindo a vontade do comércio voltar a laborar. Já se vai conseguindo adquirir alguns bens alimentares. As superfícies maiores colapsaram, ainda não há lojas abertas, mas o mercado de rua começa a emergir. Há ainda muita dificuldade na aquisição de gasolina. Assiste-se a um grau de destruição acentuado, mas vejo nas expressões e nos gestos das pessoas vontade de recomeçar”, manifesta. Questionado se será possível reconstruir o país em breve, António Saroca responde que “será como os americanos quiserem, como é de prever, estão aqui com um verdadeiro exército, embora na sua maior expressão na vertente logística, daqui a uma semana julgo que nada será feito em termos de ajuda que eles não queiram controlar. Já se sente os americanos a coordenar, mas a União Europeia está muito bem implantada no terreno, até porque já cá tinha os capacetes azuis”. A missão portuguesa utiliza a Internet para transmissão de algumas tarefas de coordenação de socorro, por exemplo com colegas portugueses que estão em Caracas, na Venezuela, e que estão a tratar de assuntos de logística até irem ter com o grupo se encontra no Haiti. “A AMI tem feito uma campanha de angariação de fundos e vai permanecer no terreno pelo menos três meses, nós só cá estaremos para concretizar a montagem do campo de desalojados, e em princípio até ao fim do mês vamos conseguir fazê-lo. O campo é em Port au Prince”, aponta. O dia a dia não é fácil. “Há muito mosquitos a picar as pessoas, mas já conseguimos adquirir um insecticida”, comenta. O  fim-de-semana “são dias como os outros, duros de trabalho e debaixo de um sol abrasador”.   Vida melhor   Nos últimos dias, António Saroca relatava que a missão portuguesa estava a começar a “azáfama da preparação da montagem do campo para os desalojados”. “Está tudo a correr bem e a moral é elevada. Há sempre a recompensa de mais vidas ajudadas”, disse. “Já andámos mais um bocado pela cidade e já se começa a perceber o querer começar de novo desta gente. Fico com a ideia de que como sempre viveram com pouco vão começar a recuperar rapidamente, assim eles consigam aproveitar esta ajuda e sejam capazes de catapultar o País para um nível de vida aceitável, vão ficar muito melhor”, considera. Interrogado sobre se o cenário é pior que o Tsunami em 2004 no sudeste asiático, onde também participou na missão portuguesa nessa altura, salienta que “são situações diferentes”. Mas a realidade dos números é chocante. “O número de mortos pelo que dizem pode chegar aos 200 mil. Por vezes, no nosso trabalho a comoção vem ao de cima. Vamos ter muitos haitianos com saudades nossas, principalmente as crianças, porque nos seus olhares profundos e tristes transmitem muito do seu sentimento”, declara.   2º comandante de Óbidos   Outro elemento da região presente no Haiti é o segundo comandante dos bombeiros voluntários de Óbidos, Marco Martins, que é adjunto da Força Especial de Bombeiros Canarinhos. Tem 32 anos, é formador da Escola Nacional de Bombeiros e tem uma vasta experiência. Contudo, admite: “Vinha com expectativa com o que ia encontrar, mas nunca pensei que a destruição fosse em tão elevada escala e encontrar um cenário destes”. “Estou impressionado com a forma como as pessoas tentam procurar restabelecer a vida, no sentido de que muitas delas continuam na rua, sem qualquer tipo de habitação nem abrigo. Sente-se um cheiro nauseabundo nas estradas e os hospitais estão condicionados em condições, ainda bem que há a ajuda internacional”, afirma. “Ouve-se relatos de situações pontuais de violência quando as pessoas se aglomeram mais para a distribuição de alimentos e água, mas tenho andado pela cidade e pessoalmente não tenho presenciado actos desse género”, assegura.   Francisco Gomes

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