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E tudo o vento levou…

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Temporal provocou destruição na região Oeste Um cenário desolador. Árvores caídas em cima de casas, colectividades e habitações com telhados e portões arrancados e vidros partidos, postes de luz e de telefone tombados, sinais de trânsito vergados e destruídos, e até um camião TIR virado com as rodas no ar. A força dos ventos ciclónicos […]
E tudo o vento levou...

Temporal provocou destruição na região Oeste Um cenário desolador. Árvores caídas em cima de casas, colectividades e habitações com telhados e portões arrancados e vidros partidos, postes de luz e de telefone tombados, sinais de trânsito vergados e destruídos, e até um camião TIR virado com as rodas no ar. A força dos ventos ciclónicos que, entre as três e quatro horas da madrugada da passada quarta-feira devastaram a região Oeste, causou grandes estragos. Caldas da Rainha, em comparação com outros concelhos, como Torres Vedras, Lourinhã, Cadaval ou Alenquer, foi menos prejudicado, tendo-se verificado algumas árvores caídas e falta de luz, situações que foram resolvidas com maior rapidez do que noutras localidades, onde até ao fecho desta edição ainda havia zonas sem electricidade. O temporal deixou 350 mil pessoas sem luz eléctrica. Os clientes da EDP das zonas rurais foram os mais afectados e 2500 lares e oito mil pessoas passaram a consoada à luz das velas. O último balanço dos trabalhos de recuperação empreendidos pela EDP na Região Oeste, revelado ao início da tarde do passado domingo, sinalizava 250 clientes sem energia eléctrica. “Quando estas situações acontecem, não há rede nenhuma no Mundo que consiga resistir”. Foi este o argumento invocado por Ângelo Sarmento, administrador da EDP Distribuição, para justificar a complexidade dos trabalhos de reposição da energia. A rede eléctrica, explicou o responsável da empresa, está preparada para resistir a ventos de cerca de 100 quilómetros por hora. Na intempérie de quarta-feira, as rajadas chegaram a atingir os 220 quilómetros. Por outro lado, a rede “está muito mais exposta” em zonas rurais, pelo que “não é possível garantir que uma situação destas não se repita” – a rede eléctrica é aérea em 80 por cento do território português, uma situação que não acontece nas “principais cidades”, onde a distribuição de energia é subterrânea. Quanto a eventuais pedidos de indemnização a apresentar pelos clientes, a EDP Distribuição limita-se a dizer que estudará os processos “caso a caso”. Os trabalhos de reabilitação das redes de abastecimento representaram um prejuízo de dois milhões de euros para os cofres da empresa. Torres e Lourinhã Em Torres Vedras e Lourinhã foram accionados os planos municipais de emergência. “O balanço é de catástrofe e estamos perante um cenário de calamidade pública”, afirmava Carlos Bernardes, responsável da Protecção Civil de Torres Vedras, após ter sobrevoado, acompanhado do governador civil de Lisboa, António Galamba. “Os prejuízos são de milhões de euros. Temos várias equipas no terreno a fazer o levantamento das situações”, indicou Carlos Bernardes, responsável da Protecção Civil. As autoridades de Protecção Civil mostram-se espantadas como é que no meio de tanta destruição não tenha havido feridos. Mas o susto foi grande. No parque de campismo de Santa Cruz, em Torres Vedras, José Esteves e a esposa foram resgatados pelo segurança. “O vento fazia remoinho e fomos os três agarrados até à enfermaria, onde ficámos refugiados”, contou. Segundo o director, Carlos Nogueira, encontravam-se alojados no parque cinco casais, que “assistiram à destruição de noventa por cento dos alvéolos com roulottes e bugalôs”. “Existem cerca de mil estruturas e muitos dos arrendatários já disseram que para eles acabou o campismo, porque têm milhares de euros em prejuízos, que não são cobertos por nenhum seguro”, indicou. A poucos quilómetros, na Praia Azul, as instalações da colónia de férias ficaram em grande parte destruídas. Nas instalações estavam só dois guardas a fazer vigilância, que saíram ilesos. Na Mexilhoeira as estufas de tomate e alface ficaram completamente destruídas e os pinhais dizimados. Centenas de pinheiros foram partidos ou arrancados pela raiz com a força do vento. Na Urbanização da Oliveirinha, em Póvoa de Penafirme, um pinhal abateu sobre as habitações, partiu postes de electricidade e cortou os acessos na rua. “Foi uma hora e meia de rajadas de vento e tenho receio dos dias seguintes”, apontou Castro Neves, dono da vivenda mais afectada, sobre a qual caíram quatro pinheiros. Ainda em Torres Vedras, o pavilhão desportivo da colectividade de Sobreiro Curvo ficou sem o telhado de zinco, que foi arrancado pela força do vento. O campo de futebol sintético também ficou com cabines, redes e muros destruídos. “Isto está uma lástima e levará muito tempo a recuperar”, lamentava José Manuel, tesoureiro do clube. Em Casal Paradas, um camião TIR foi arrastado e ficou tombado no meio de uma estrada. Na casa de Maria Luísa dois pinheiros caíram em cima do telhado. “Ouvi barulho de noite e pensei que estava tudo a cair, mas, apesar do medo, tive de aguentar até de manhã vir a claridade para sair de casa, porque não havia luz e tive medo de tropeçar”, relatou a idosa, de 80 anos. Uma oficina de escapes na Ventosa abriu brechas na parede. “Deve ter sido um furacão que passou aqui e que sugou o telhado e puxou as paredes para dentro”, descrevia o proprietário, Humberto Jorge. O telhado da Expotorres foi danificado e a pista de gelo instalada naquele espaço, uma das maiores do país, foi encerrada, não voltando a reabrir. A freguesia de Campelos foi bastante afectada pela falta de luz, e consequente falta de água, tendo os bombeiros abastecido a população e explorações agro-pecuárias através de um auto-tanque. No concelho da Lourinhã, na aldeia da Marquiteira, o tronco de uma árvore caiu em cima do micro-carro de Abílio Andrade, partindo o vidro. “Estava estacionado ao pé de minha casa, para a qual tinha acabado de mudar”, relatou. Em Pregança, várias habitações ficaram danificadas ao serem atingidas pelo telhado de zinco do pavilhão gimnodesportivo da associação local. “Estava com a minha esposa e filha dentro de casa e senti um estrondo enorme. Os estragos são grandes. Só tinha visto um cenário destes em filmes”, desabafou um dos proprietários, Paulo Santos. De acordo com o responsável da Protecção Civil da Lourinhã, Carlos Pereira, em algumas freguesias várias casas ficaram sem telhas. “Vamos arranjar um tecto para quem não possa pernoitar em casa”, assegurou. “Accionámos o plano municipal de protecção civil, tendo em conta que foram afectadas muitas casas e ficámos sem comunicações. É o pior cenário de intempéries no concelho”, descreveu o presidente da Câmara da Lourinhã, José Manuel Custódio. O Gabinete de Protecção Civil registou diversos problemas nas redes eléctrica e telefónica, telhados arrancados, bem como a queda de árvores, muros, chaminés e outdoors. Foi registado o levantamento de telhas em habitações, bairros sociais e em diversos estabelecimentos de ensino do concelho – Escolas Básicas do 1.º Ciclo da Marteleira (afectando as duas salas que funcionam na antiga associação), Capelas e Seixal e na Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Dr. João das Regras. Na rede viária há a registar o derrube de sinais de trânsito e de árvores, bem como a existência de viaturas danificadas pelo arremesso de objectos levantados pelo vento. Cadaval e Bombarral O Cadaval foi um dos concelhos mais afectados pela falta de comunicações, já que além da rede fixa da PT, na maior parte das localidades do concelho as redes móveis encontravam-se inoperacionais. As dificuldades de comunicações estendiam-se a vários concelhos, entre os quais o Bombarral, Lourinhã e Torres Vedras. Por outro lado, a queda de vários postes eléctricos de média tensão levantaram o problema do abastecimento de água. “Temos reservatórios em locais estratégicos, mas é preciso electricidade para as bombas funcionarem e se a energia não for reposta podemos ter problemas de abastecimento de água”, alertou o comandante dos Bombeiros Voluntários do Cadaval, José Caetano. Além da falta de energia, a queda de um poste de média tensão, provocou o corte de uma estrada na zona da Palhoça e o trânsito foi desviado para uma estrada municipal. Segundo o comandante dos bombeiros, o concelho chegou a ficar “completamente isolado, com todos os eixos viários cortados”. “Apesar de termos recebido muitas dezenas de chamadas, durante a noite as condições eram tão más, com árvores, contentores, placares e outros objectos a voar por todo o lado, que nem sequer tínhamos condições de pôr os carros na rua”, declarou José Caetano, indicando que tiveram de “acorrer a todo o tipo de situações”, sobretudo “queda de árvores dentro dos quintais das pessoas”. A situação mais greve aconteceu no Cercal, onde a casa de um pastor foi parcialmente destruída. Na localidade de Carreira uma outra habitação foi destruída pela queda de um pinheiro. Um casal foi realojado. A noite ficou ainda marcada pela destruição de vários telhados, entre os quais o da central fruteira Frutus, da Casa do Povo e do pavilhão municipal, de onde foram varridas várias telhas. Estruturas de armazéns ficaram em grande parte destruídas. A freguesia do Vilar foi a última onde o restabelecimento de energia teve lugar. Toneladas de fruta de duas centrais fruteiras do concelho que se encontravam a conservar em câmaras frigoríficas estiveram em risco, mas o restabelecimento da electricidade, numa delas, e o empréstimo de um gerador pela EDP, na outra, permitiram resolver o problema. Os problemas de falta de água foram solucionados com o transporte de água pelos bombeiros para os depósitos. O presidente da câmara reuniu com as dez juntas de freguesia para efectuar um levantamento mais rigoroso de todos os estragos, a fim de ser enviado um relatório ao Governo Civil de Lisboa. A rádio 94.2 FM ficou sem emissão, porque a antena instalada na Serra do Montejunto ficou partida. O mesmo se passou com a rádio 94.8 FM, no Bombarral, que conseguiu voltar a emitir no passado domingo. No Bombarral, três pessoas deixaram a sua habitação por precaução, porque o vento varreu parte do telhado. Foram realojados em casa de familiares. Um armazém de bricolage e produtos artesanais em risco de ruir foi outras das situações verificadas pelos bombeiros, que receberam mais de duas dezenas de pedidos de auxílio. Estradas municipais e a EN8 estiveram interrompidas pela queda de árvores e ramos. Francisca Leite, moradora no Bombarral, relata que “foi medonho e não dá para esquecer tão depressa. Sem electricidade nem telemóveis, ficámos isolados do mundo”. Peniche e Óbidos Em Peniche, um casal com duas crianças foi realojado em casa de familiares porque o telhado da sua habitação foi arrancado. O vento fez inúmeros estragos em telhados de habitações e em árvores de algum porte, placares, sinais de trânsito, estufas e postes eléctricos. A PSP de Peniche foi solicitada para diversas ocorrências/auxílios, onde resultaram danos materiais em edifícios e viaturas particulares que se encontravam estacionadas na via pública. De acordo com a PSP, “a maior parte das ocorrências foram motivadas pelos fortes ventos que se sentiram, que provocaram a queda de fios de alta tensão e de árvores para a via pública e tendo arrancado dos seus lugares diversas placas metálicas. Num edifício encontrava-se a cobertura de um varandim em risco de queda”. Em Óbidos, a caravana que servia de lar a um casal ficou parcialmente destruída. A roulote tombou devido ao vento e os dois ocupantes foram conduzidos ao quartel dos bombeiros e depois foram acolhidos em casa de amigos. Nas Gaeiras e Olho Marinho várias estufas sofreram danos. O evento Óbidos Vila Natal foi encerrado por ter sido danificado um anfiteatro, a cobertura da pista de gelo e outros espaços de diversão. No dia 26 de Dezembro voltou a abrir. Os espectáculos, que aconteciam numa tenda no recinto do evento, na Cerca do Castelo, passaram para o Auditório Municipal da Casa da Música, à entrada da vila. A programação prevista anteriormente foi mantida e apenas o Musical de Natal, previsto para dia 26 de Dezembro, foi cancelado. Caldas da Rainha A circulação de comboios na linha do Oeste esteve cortada devido ao mau tempo. Várias árvores caíram na linha, o que impediu a circulação. Foi efectuado o transbordo de passageiros com recurso ao transporte rodoviário. Um comboio que partiu das Caldas da Rainha às 6h29 da manhã, em direcção à Figueira da Foz, foi atingido por uma árvore durante a viagem. São Simões, uma utente do comboio, no blogue na Internet http://pauparatodaaobra.blogspot.com, relata que ao passarem o apeadeiro do Campo-Serra do Bouro, “o revisor sai do compartimento do maquinista a correr e grita-nos fujam!”. “Nenhum de nós sabe agora dizer porquê, mas ninguém se mexeu ou balbuciou sequer um ai. A porta do compartimento fechou-se atrás dele para, logo de seguida, se abrir, igualmente num rompante, saindo desta vez o maquinista com uma expressão de pânico e a gritar também. Novamente e, inexplicavelmente, nenhum de nós se mexeu”, descreve. Volvidos 15 segundos, a explicação: “Sentimos um estrondo e um embate forte, logo seguido de uma ligeira inclinação da composição para a direita, enquanto sentíamos também que o comboio ia a passar por cima de diversas “coisas” volumosas. Mantivémo-nos em silêncio e paralisados. Assim que o comboio parou, o revisor e o maquinista correram a abrir a porta do compartimento. Eu e o único passageiro homem levantámo-nos e fomos ver. Fiquei boquiaberta: tínhamos acabado de embater num enorme cedro que, arrancado pela raiz, caíra sobre a linha. Um dos ramos, com cerca de 10 cm de diâmetro entrara pelo vidro da frente, à altura e na direcção do pescoço do maquinista. Outro ramo, de idêntica espessura, entrara pelo canto inferior esquerdo, dobrando a chapa e levantando a borracha grossa que isola o vidro e o vidro. Para a frente do comboio não se via nada, era só rama e ramos”. “O maquinista ficou numa mudez que deixava transparecer o que lhe ia no cérebro – “se eu fosse mais depressa, não tinha tido tempo de fugir”, relata. A circulação teve de recuar até à estação das Caldas. Um acipreste caiu no cemitério de Nossa Senhora do Pópulo e danificou algumas campas. A Câmara Municipal activou o seguro para cobrir os prejuízos. Houve várias localidades nas Caldas sem luz durante várias horas. Outras ocorrências Várias estradas nacionais e municipais no Oeste estiveram cortadas, até serem removidas as árvores caídas no meio das vias. Segundo a Autoridade Nacional de Protecção Civil, a EN 8 (Torres Vedras-Livramento), a EN 115 (Cadaval-Vilar), a EN 115-1 (Casal Cabreiro-Cercal), a EN 366 (Palhoça-Cercal), e o IC2 – EN 366 -, nos acessos a Alcoentre foram cortadas devido à queda de árvores. A A8 esteve condicionada em vários locais no sentido norte/sul. A TMN, a Optimus e a Vodafone instalaram geradores nalgumas estações da zona Oeste para minimizar as falhas nas comunicações devidas ao mau tempo. A forte agitação marítima levou ao encerramento da barra marítima de São Martinho do Porto. Francisco Gomes

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