14 padarias das Caldas vão reduzir sal no pão A Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro está a sensibilizar a indústria de panificação para reduzir para metade o valor médio de sal adicionado na confecção do pão, como forma de prevenção e redução da taxa de mortalidade devido a doenças cardio e cérebro vasculares. De acordo com os serviços de saúde pública, estudos apontam que os portugueses consomem diariamente aproximadamente 12 gramas de sal (o dobro do recomendado), com repercussões no aumento da tensão arterial e no aparecimento de doenças cardiovasculares e de acidentes vasculares cerebrais. Vários trabalhos de investigação concluíram que com uma redução da ingestão de sal se obtém uma diminuição da tensão arterial, estimando-se que a redução de 3 a 9 gramas de sal por dia poderia prevenir entre 12 a 36% dos acidentes vasculares cerebrais, assim como 9 a 27% dos episódios cardiovasculares isquémicos. Tendo em conta que o pão é um dos alimentos mais ingeridos pela população, sendo, a par da sopa, a principal fonte de ingestão de sal no organismo, a ARS do Centro decidiu envolver a Fundação Portuguesa de Cardiologia e a Associação do Comércio e Indústria da Panificação, Pastelaria e Similares em torno do projecto “Pão.come”. O projecto, que se prevê concluído em toda a região Centro do país no ano 2011, envolvendo sete distritos, começa por uma fase de diagnóstico junto das padarias, que submetem o pão a análises laboratoriais para avaliação do teor de sal.? Seguem-se três fases de avaliação de resultados, implementação da redução e realização de novas análises periódicas para quantificar a diminuição de sal. Esta redução do sal irá ser feita de maneira progressiva e gradual de forma que os consumidores não conseguirão detectar diferença em termos de paladar. A iniciativa tem sido dinamizada nos diversos concelhos pelos serviços de saúde locais e os resultados até agora obtidos são considerados animadores. No sul da região, nas Caldas da Rainha, Jorge Nunes, delegado de saúde, revela que “já aderiram à primeira fase de diagnóstico 14 padarias cujo pão mais vendido foi submetido a análises laboratoriais”. À medida que o projecto for sendo desenvolvido a intenção é que os consumidores fiquem a saber que “no seu concelho há padarias que cuidam da sua saúde”. No centro da região, em Arganil, de acordo com o delegado de saúde, Avelino Pedroso, a adesão das cinco padarias do concelho vai proporcionar que sejam melhorados os indicadores, regozijando-se pela possibilidade da diminuição da mortalidade e incapacidade das pessoas vítimas de AVC. No topo da região, em Arouca, onde todas as panificadoras aderiram ao projecto, Ilídio Ferreira, delegado de saúde, avança já notar “uma diminuição dos teores de sal no pão”. “No final do projecto, as padarias que se preocupam com a saúde dos clientes, e que apresentarem valores sustentados de sal inferiores ou iguais a oito gramas de sal por quilograma de pão produto final, terão direito a um certificado que ateste o facto. Assim, os consumidores que saibam exigir qualidade podem optar por preferir aquelas padarias que não ponham em risco a sua saúde e não vendam pão com quantidades “criminosas” de sal”, declara. Francisco Gomes