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Bombarralense estagiou em Estação de Pesquisa de Orangotangos na Indonésia

Mariana Martinho

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A jovem bombarralense Catarina Silva, que teve oportunidade de estagiar durante cinco meses na Estação de Pesquisa de Orangotangos de Tuanan, em Kalimantan, Indonésia, foi destacada pela CORE Borneo, organização sem fins lucrativos que se dedica à conservação dos orangotangos, devido ao “seu trabalho árduo e a dedicação pela pesquisa”.
Durante cinco meses, Catarina Silva esteve na Estação de Pesquisa de Tuanan

Natural do concelho do Bombarral, Catarina Silva desde pequena que gostava de explorar a natureza, indo ao quintal atrás da casa da sua avó para observar gatos, registando os seus comportamentos e interações no seu caderno. Nesse sentido, depois de terminar o ensino na Escola Básica e Secundária Fernão do Pó, no Bombarral, a jovem de 22 anos decidiu prosseguir os estudos superiores na Universidade de Aveiro, onde obteve a licenciatura em Biologia.

“Quando ingressei na Universidade de Aveiro já tinha os meus objetivos bem definidos, de que queria estagiar no estrangeiro, de preferência com primatas em estado selvagem no sudeste asiático, uma região do planeta pela qual sou apaixonada”, frisou.

Em novembro de 2019, a universidade deu-lhe a oportunidade de realizar um estágio curricular na sua área de interesse, e após algumas pesquisas, decidiu candidatar-se a trabalhar na Estação de Investigação de Orangotangos de Tuanan, onde depois de algumas entrevistas foi aceite.

“Apesar do departamento de biologia disponibilizar uma lista de entidades com quem têm parceria relativa a esta unidade curricular, os alunos têm também a liberdade de escolher e propor realizar o seu estágio com outra entidade nacional ou estrangeira, o que foi o meu caso”, explicou Catarina Silva, adiantando que quando chegou a altura de começar a procurar por um estágio, pesquisou na internet por projetos, associações, estações de investigação e fundações e acabou por encontrar a BOSF (Bornean Orangutan Survival Foundation), que tinha parceria com a Estação de Investigação de Tuanan, cujo projeto lhe interessou bastante, pois tinha como principal objeto de estudo o comportamento de orangotangos selvagens.

“Estive na Indonésia cerca de cinco meses”

Durante cinco meses, a bombarralense tinha como principal função seguir orangotangos. “Acordava às 3h30 da manhã, pois tínhamos de estar junto ao ninho onde eles dormiam às 4h30 da manhã, e a partir do momento em que o orangotango acordava, passávamos o dia a segui-lo e a recolher dados comportamentais, ecológicos e amostras biológicas até este fazer o ninho da tarde, onde ficaria a dormir até à madrugada seguinte”, recordou a jovem, que além de acompanhar os orangotangos também fazia o processamento das amostras recolhidas e organizava e compilava os dados recolhidos, para mais tarde serem inseridos em bases de dados.

Na Estação de Investigação, que ficava situada no meio da floresta pantanosa da aldeia, Tuanan, Catarina Silva relata que cada um dos membros tinha um quarto individual e as restantes áreas (sala, cozinha, casas de banho) eram comuns e partilhadas. “Havia ainda cozinheiras que nos preparavam a comida, mas tínhamos também a liberdade de cozinhar”, contou, adiantando que a alimentação baseava-se sobretudo em arroz, legumes, ovos e, por vezes, peixe ou frango, que tinha de ser conservado em sal, porque o congelador servia para armazenar as amostras de urina e fezes.

Igualmente descreveu que a “casa de banho era típica do sudeste asiático, ou seja, uma porcelana com um buraco e sem papel higiénico, havendo apenas baldes com água que serviam como papel higiénico, autoclismo e chuveiro”.

Para ter rede e acesso à internet, tinha que se deslocar a uma casa da árvore, que ficava a cinco minutos a pé da estação e, como seria de esperar, o sinal por vezes era fraco e limitado. “Ou seja, enquanto estive na floresta tinha dois tipos de dias: os dias em que ia seguir orangotangos e os dias em que ficava a trabalhar nos dados ou a fazer inventários”, frisou a bombarralense, que teve de regressar mais cedo do que o previsto devido à pandemia de Covid-19,

Apesar do retorno antecipado abrupto, Catarina Silva referiu que “a experiência foi incrível, conheci imensas pessoas de diferentes culturas e panoramas, pude aprender imenso a nível profissional, mas também sobre a cultura e língua Indonésia”. Além disso disse que foi uma “excelente oportunidade para perceber o que mais e menos me agradava no mundo da biologia de investigação, sem falar que no currículo é também sempre uma mais valia ter uma experiência destas, pois é muito importante mostrarmos que estamos dispostos a sair da nossa zona de conforto e que acabámos o nosso curso com mais experiência prática para além da que ganhamos dentro da universidade”.

“Mas nem tudo foi um mar de rosas”, apontou a jovem, adiantando que “houve momentos difíceis, em que a saudade apertava, em que o trabalho nos deixava exaustos, em que havia algum choque cultural, mas também fiz amizades para a vida, arrecadei histórias hilariantes para contar e aprendi imenso”.

Como o seu trabalho agradou bastante a orientadora externa, Catarina Silva acabou por receber algumas propostas, nomeadamente um mestrado na Rutgers University, e uma oportunidade de trabalhar na Estação de Investigação e continuar a fazer a gestão de dados. Contudo, a jovem acabou por aceitar a última oferta, trabalho esse que continua a exercer à distância, a partir de Portugal.

O estágio, que também lhe permitiu conhecer outras cidades da Indonésia, como Jacarta e Palangkaraya, não foi comparticipado, tendo as despesas sido pagas pela estudante. “Desde muito nova, eu e os meus pais fomos poupando algum dinheiro para investir na minha educação e foi graças a essas poupanças que consegui fazer este estágio, pois, infelizmente, não consegui ter nenhuma bolsa, nem ajuda da parte da Universidade, mas mais tarde, já na Estação de Investigação, graças ao meu bom trabalho, a doutora Erin Vogel (Rutgers University, EUA), minha orientadora externa e co-diretora da Estação, cobriu-me as despesas da renda mensal”, destacou a jovem.

Neste momento, já é licenciada em Biologia e decidiu ir viver para o Porto, onde atualmente é professora num Centro de Estudos e Explicações e Data Manager da co-diretora do centro de investigação.

Futuramente, a jovem gostaria de trabalhar num projeto ou associação relacionada com conservação de vida selvagem e educação ambiental em Portugal, mas como “nos tempos que correm o futuro é algo tão incerto, nunca se sabe e, se fizer sentido, ainda volto à universidade para continuar os meus estudos, em mestrado ou doutoramento”.

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