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Poucos centros de dia reabriram no concelho das Caldas

Marlene Sousa

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Quatro dos catorze centros de dia do concelho das Caldas da Rainha reabriram portas, sete meses depois do início da pandemia da Covid-19. Estas valências sociais estão autorizadas a voltar a funcionar desde 15 de agosto, com a exceção da região de Grande Lisboa. No entanto, a maioria das instituições de idosos mantém as portas fechadas. Algumas estão a trabalhar para a reabertura, esperando pela vistoria às condições exigidas para receber os utentes em contexto de pandemia. Outras instituições esperam para ver a situação no país estabilizar um pouco em número de infetados. Os centros de dia da Associação de Desenvolvimento Social da Freguesia do Coto (16 utentes), do Centro Social Paroquial Nossa Senhora das Mercês Carvalhal Benfeito (9 utentes), do Centro Social Paroquial de Nossa Senhora da Piedade de Vidais (8 utentes, com vários a aguardar vez) e da Associação Social e Cultural Paradense (10 utentes) são os que já estão a receber os seus seniores durante o dia.
Alice Ribeiro, de 89 anos, adora as atividades no Centro de Dia do Coto

A vereadora responsável pela ação social, Maria da Conceição, sublinha a importância dos centros de dia para a saúde dos idosos, considerando-os uma “resposta fundamental para proporcionar bem-estar social, físico-motor, psicológico, promovendo a autoestima das pessoas mais velhas”.

No entanto, compreende o receio de muitas instituições que “estão com medo de reabrir nesta altura que o número de casos de pessoas infetadas com coronavírus continuou a aumentar”.

Os centros que funcionam de forma independente de outras respostas sociais, como lares residenciais para idosos, foram autorizados a abrir a partir de 15 de agosto. Os equipamentos que partilham espaços com outras respostas sociais ficaram condicionados a uma avaliação prévia da Segurança Social e entidade de saúde local.

Para além do apoio direto prestado à pessoa idosa, estas respostas revestem-se de particular importância tendo em conta as realidades sociais que o envelhecimento apresenta e que se prendem com o aumento da dependência, o isolamento e eventual exclusão por barreiras sociais e físicas. Assim, “a reabertura desta resposta social é fundamental”, acrescenta a vereadora.

Uso de máscaras e equipamento de proteção pessoal por utentes e profissionais, circuitos de circulação e permanência, horários para refeições, limpeza diária e desinfeção semanal, distanciamento de dois metros entre utentes e preferência a atividades em espaço exterior foram as condições para a reabertura e fazem parte do dia-a-dia destas estruturas.

Centro de Dia do Coto adaptou-se para evitar a Covid-19

A Associação de Desenvolvimento Social da Freguesia do Coto reabriu o Centro de Dia no dia 14 de setembro, depois de cerca de sete meses fechado devido à pandemia. Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, a diretora técnica, Tânia Rainho, explicou que “as exigências a que a pandemia obrigou” para a reabertura do Centro de Dia implicaram “um aumento significativo de serviços e gastos que estão mais elevados”. “Estamos a gastar bastante dinheiro com os equipamentos de proteção individual, desinfetantes, tudo para salvaguardar a instituição e os utentes”, declarou, acrescentando que foi preciso mais pessoal.

Antes da reabertura esta instituição teve a vistoria conjunta da Segurança Social, da Saúde Pública Local e da Proteção Civil, em que foram avaliadas as condições.

Sempre que possível a instituição dá preferência que os utentes venham nos carros dos “familiares”, mas na impossibilidade “vêm no transporte da instituição”. “A carrinha é de nove lugares e neste momento só trazermos cinco pessoas com o condutor em cada viagem. Claro que toda esta logística é muito mais demorada. Quando chegam têm que desinfetar o calçado, as mãos e é medida a temperatura”.

“Colocámos divisórias em acrílico em todas as mesas para eles estarem dois a dois. Todos os lugares dos utentes estão fixados com os nomes para que tenham o seu lugar próprio. Junto a cada cadeirão está uma bolsa lavável onde consta uma máscara, um desinfetante e lenços e o lixo também é dividido”, explicou a diretora.

A mesma responsável recordou que os idosos que se viram privados do centro de dia foram integrados no apoio domiciliário. “Depois de termos encerrado o Centro de Dia, continuámos a assegurar aos utentes que pretenderam a domiciliação dos serviços”, explicou.

Tânia Rainho salientou que foi bem visível a tristeza dos seniores quando o “Centro de Dia encerrou e a insistência a questionarem aquando da reabertura”. “Notámos que eles tinham falta da rotina diária de se levantarem de manhã, vestirem-se para virem para o centro, depois a higiene e refeições à mesma hora”, adiantou.

“Ora, forçar os idosos, cuja rotina diária se encontra esquematizada de acordo com as dinâmicas do Centro de Dia, a ficar em casa, em que grande percentagem são casos isolados, beneficiando apenas de um apoio pontual das instituições nas tarefas mais elementares (como alimentação e higiene), impactou sobre a sua saúde mental e conduziu a cenários de solidão, depressão ou degradação”, apontou.

“Reabrimos numa segunda-feira e notámos que a maioria dos utentes chegaram debilitados e mais envelhecidos e na sexta-feira pareciam outros”, contou a diretora.

Todos os idosos que regressaram tiveram que ter uma declaração do médico responsável a dizer que estavam aptos para frequentar o Centro de Dia. “Eles tinham muita vontade de voltar à segunda casa e quando foi anunciado que os centros de dia já tinham autorização para reabrir a ansiedade e perguntas sobre quando iriam voltar aumentou significativamente”.

“Se colocarmos numa balança, são tão importantes o isolamento e a garantia de não transmissão da doença para pessoas que frequentam centros de dia como possivelmente também é importante restaurar a mobilidade e os momentos de afetos e convívio para essas mesmas pessoas”, disse Tânia Rainho.

Fernando Nobre, que frequenta o Centro de Dia da Associação de Desenvolvimento Social da Freguesia do Coto, adora passar o dia na instituição. “Enquanto estive em casa cada dia parecia que tinha 48 horas. Já não tinha horas para nada, levantava-me ao meio dia e almoçava às seis da tarde”.

O utente, de 78 anos, que reside sozinho na zona de Tornada, disse que o Centro de Dia lhe dá “vida”. “Corremos mais risco, mas compensa”, sublinhou.

Alice Ribeiro, de 89 anos, que mora na cidade das Caldas, também disse ao JORNAL DAS CALDAS que prefere estar no Centro de Dia porque “dá para conviver e fazer atividades”. “Em casa estou sozinha e aqui tenho companhia”, manifestou.

Associação Social e Cultural Paradense reabriu a 21 de setembro

A Associação Social e Cultural Paradense reabriu o Centro de Dia no dia 21 de setembro com dez utentes. “A reabertura foi expectante porque saiu-nos o aviso que a partir do dia 15 de agosto poderíamos abrir, mas só depois da vistoria conjunta das entidades competentes é que tivemos autorização”, disse ao JORNAL DAS CALDAS a diretora técnica, Vanessa Sobreiro.

“Fizemos várias alterações, a começar pelo transporte com a redução do número de utentes por viatura e fazemos a desinfeção e monitorização antes de entrar na carrinha e também na chegada à instituição”, contou, acrescentando que fazem “a pulverização da roupa e de todos os objetos que trazem antes de entrar”.

Segundo esta responsável, é uma “logística complicada e demorada”, daí precisarem de mais recursos humanos”. “Os colaboradores têm uma roupa que usam para o transporte e quando chegam à instituição têm que fazer a mudança de roupa, que é toda lavada na nossa lavandaria”, apontou.

A animadora social promove atividades em pequenos grupos e maioritariamente no exterior quando o tempo permite. Criaram circuitos com cores marcadas no chão de forma a ser mais percetível para os utentes. Na refeição só estão dois idosos por mesa e de forma desfasada. Todos os lugares, incluindo os cadeirões, estão identificados com o nome e fotografia.

Vanessa Sobreiro reconheceu a ansiedade dos seniores nos meses que estiveram em casa com o apoio domiciliário. “Após a comunicação social anunciar que os Centros de Dia já tinham autorização para reabrir, os nossos utentes tornaram-se mais ansiosos porque não percebiam porque não podiam regressar de imediato”, relatou.

A responsável referiu que tiveram a possibilidade de proporcionar aos utentes “a estimulação cognitiva, física e motora em domicílio porque a nossa educadora social ia a casa dos idosos que as famílias permitiam uma vez por semana”. “O que notámos mesmo não foi tanto a ansiedade, mas a necessidade de relação interpessoal e humana e também registámos que ficaram mais parados”, adiantou.

Dos 26 utentes, apenas dez regressaram à instituição. “Alguns não voltaram porque ficaram com mais dependência e tiveram que ser integrados num lar e outros tiveram que permanecer com o apoio domiciliário porque já não conseguiam ter mobilidade para regressar ao Centro de Dia. Considero que essas foram as mudanças mais preocupantes e notórias porque a ansiedade íamos conseguindo gerir”, apontou. Alguns não regressaram por ter receio da pandemia, mantendo-se no apoio domiciliário, que neste momento presta apoio a 56 idosos.

A diretora técnica do centro admitiu que “estas respostas revestem-se de particular importância no apoio aos cuidadores, tendo em conta as realidades sociais que o envelhecimento apresenta e que se prendem com o aumento da dependência, o isolamento e eventual exclusão por barreiras sociais e físicas”.

“Muitas, muitas saudades do Centro de Dia”, foram as palavras de Deolanda Jacinto, de 83 anos, do Chão da Parada, manifestando-se “muito satisfeita por ter regressado”. “Sentia-me sozinha e com falta de ver e ouvir falar pessoas e de fazer atividades”, confessou.

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