Estreada em Lisboa, em agosto, “Fragmentos e Contrastes” reúne um conjunto de cerca de 50 quadros que ombreiam com coleções particulares de fotografias antigas e históricas, antigas máquinas fotográficas, livros e outros instrumentos e objetos decorativos de época, com música de fundo que parece sair das vetustas telefonias expostas e que inspira o visitante a deter-se para apreciar o espólio patente.
“Isto era uma antiga mercearia do Sr. Serafim, figura carismática da terra. Infelizmente, já desapareceu e deixou muitas saudades. O Jaime [Rodrigues] decidiu aproveitar este espaço para criar o Espaço Sr. Serafim, onde ele expõe e comercializa peças que está a fazer a partir de material reciclado, tais como pulseiras, brincos e pregadeiras”, explicou Jorge Romão. “Entretanto, eu tinha uma exposição na Graça, que terminou a 30 de agosto, e ele foi à exposição, gostou muito e perguntou-me quando a levaria ao Painho. Eu ponderava trazê-la talvez para o ano, mas ali, no momento, decidimos fazê-la entretanto. Marcámos então para 20 de setembro, e aqui está”, contou.
Jorge Romão decidiu complementar a exposição de pintura com uma “homenagem merecida ao Sr. Serafim”, recriando o ambiente da mercearia com objetos expostos que faziam parte da loja, conjugados com outros trazidos da sua coleção particular ou emprestados por antiquários de Lisboa.
“Criámos este ambiente intimista. As paredes foram todas forradas com jornais; levaram, primeiro, uma camada de jornais atuais, para consolidar a parede; a seguir, pusemos jornais de 1931 até hoje, além de fotografias do Sr. Serafim”, indicou.
“O espaço está muito bem conseguido, é atrativo e apela muito à memória das pessoas”, referiu.
“Aqui estão pedaços de duas exposições temáticas que eu fiz, uma era a “Fragmentos”, quadros inspirados nos azulejos de Lisboa”, relatou. Porém, os motivos dos azulejos é a ruralidade.
A coleção “Fragmentos” esteve exposta, pela primeira vez, de dezembro de 2019 a janeiro de 2020, no Campus de Justiça. Em julho deste ano, foi convidado para expor na Galeria Arte Graça (Lisboa), mostra que terminou em agosto. “Como não queria repetir a exposição, levei parte desta e fiz uma nova, a que chamei “Contrastes”. Portanto, o que está aqui no Painho são duas coleções numa. Não estão aqui os quadros todos, até porque o espaço também não o permitia e porque eu, entretanto, em Lisboa, vendi muitos quadros”, fez notar.
Contando com os quadros já vendidos, as duas coleções somam perto de 70 peças. No Espaço Sr. Serafim, estão expostos cerca de 50, incluindo três que ali não cabiam e que estão expostos num café próximo.
“Não veio muita gente à inauguração, devido ao estado pandémico em que estamos, mas têm vindo muitas pessoas das Caldas e deverão vir muitas pessoas de Lisboa”, apontou.
Nascido no Painho, a 3 de janeiro de 1959, Jorge Romão, formado em filosofia, trabalha no Ministério da Justiça há cerca de 30 anos, desenvolvendo atualmente a coordenação de uma equipa de vigilância eletrónica.
É autor do conjunto de peças escultóricas “A Caixa – 10 anos de vigilância eletrónica em Portugal”, que expôs em 2012/2013 no Espaço Justiça, em Lisboa, e que em 2018 levou, também, ao Painho.
Em 2016, publicou, pela Chiado Editora, o livro “Quando os ciprestes davam laranjas”, um compêndio de memórias, apresentado na Biblioteca Municipal do Cadaval, que põe a nu um pouco da história do Painho e da sua própria infância e adolescência.
Em julho de 2018, estreia-se na pintura, com a exposição “Ímpetos”, na Galeria Arte Graça, em Lisboa.
Está representado em coleções privadas no Reino Unido, Bélgica, Luxemburgo, Dinamarca e Dubai.
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