A falta de médicos levou a que no passado fim de semana vários serviços de urgência no hospital das Caldas da Rainha tenham estado encerrados.
Sem possibilidade de completar as escalas de serviço, em virtude da recusa dos médicos em fazer horas extra além do limite anual suplementar de 150 horas previsto na lei, situação que se tem verificado pelo país, a administração do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) não teve outra solução a não ser encerrar várias urgências na unidade das Caldas da Rainha.
O Serviço de Urgência de Cirurgia Geral ficou sem poder receber doentes entre as 8h00 de domingo e as 8h00 de segunda-feira. A Urgência Pediátrica encerrou entre as 8h30 de sábado e as 8h30 de segunda-feira. A Urgência Ortopédica esteve fechada entre sexta-feira e as 14h00 de sábado.
A juntar a todos estes constrangimentos está a Urgência de Ginecologia e de Obstetrícia, neste caso devido a obras, desde junho.
As corporações de bombeiros foram avisadas pelo Comando Sub Regional do Oeste da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil para passarem os dados clínicos dos doentes para que o Centro Orientador de Doentes Urgentes (CODU) possa encaminhar as ambulâncias para os hospitais disponíveis, o que apenas se sabe na altura.
À população, a administração do CHO só comunicou, através da rede social Facebook, o encerramento da urgência pediátrica, como havia feito no fim de semana anterior em situação idêntica.
Nessa informação relatou que “por motivo de falta de recursos humanos médicos para um atendimento em segurança”, a Urgência Pediátrica da unidade das Caldas da Rainha não se encontraria a funcionar, pelo que os doentes deveriam contactar previamente com a Linha SNS 24 – 808 24 24 24, para disponibilizar aconselhamento e encaminhamento em situação de doença. Em situações de emergência, o contacto devia ser feito diretamente para o 112.
Foi solicitado à população para no caso de não ser transportada em ambulância se dirigir, em situações urgentes, a outra Urgência Pediátrica, designadamente à Urgência Pediátrica do Hospital de Santarém ou do Hospital de Leiria.
Contudo, o Centro Hospitalar de Leiria também relatou constrangimentos no passado fim de semana na Urgência Pediátrica, apesar de todos os esforços para completar as escalas médicas.
A Urgência Pediátrica em Leiria esteve encerrada entre as 9h00 do dia 8 de outubro e as 9h00 do dia 9 de outubro, assegurando apenas o apoio aos doentes internados e a crianças em risco de vida. E mais uma vez seria solicitado ao CODU o encaminhamento de doentes emergentes para os hospitais de referência, dado que os hospitais do SNS funcionam em rede.
O Hospital de Leiria sensibilizou os utentes que não necessitassem de cuidados de saúde urgentes que recorressem à linha SNS 24 ou aos cuidados de saúde primários, uma possibilidade que não é nada fácil aceder, dada a limitação de atendimentos.
No anterior fim de semana, quando a Urgência Pediátrica nas Caldas da Rainha esteve sem funcionar um dia por falta de médicos (entre as 8h30 de 1 de outubro e as 8h30 de 2 de outubro), o CHO chegou a sugerir o recurso em situações urgentes à Urgência Pediátrica do Hospital de Torres Vedras, só que esta valência apenas funciona entre as 9h00 e as 21h00.
Em relação ao constrangimento verificado ao nível do Serviço de Urgência de Ortopedia, as corporações de bombeiros da área de influência do hospital das Caldas foram alertadas que seriam dadas indicações pelo CODU sobre para qual hospital deviam efetuar o transporte.
No caso dos bombeiros das Caldas da Rainha, por exemplo, verificou-se o caso de uma menina de 12 anos, que sofreu uma queda pelas 11h16 do passado sábado, com suspeita de trauma numa perna.
Este acidente aconteceu no Pavilhão da Mata, ao lado do Hospital, e portanto, seria apenas uma deslocação de menos de 400 metros, mas que devido à falta de médicos, foi encaminhada para o hospital de Torres Vedras, tendo de percorrer 45 quilómetros.
Sobre a Urgência de Cirurgia Geral, as orientações que chegaram aos bombeiros foi igualmente para esperarem instruções do CODU.
Todas estas alterações aumentam para as corporações de bombeiros não só as distâncias a percorrer, como o tempo gasto e a ocupação de ambulâncias, que assim não estão disponíveis para serem usadas noutras ocorrências para que sejam precisas.
Bloco de partos reabre a 13 de novembro
Há ainda a questão do Serviço de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia da unidade de Caldas da Rainha do CHO, que funcionava em rotatividade com outros hospitais, estando encerrado alguns dias, mas que desde 1 de junho está fechado para obras de requalificação.
A administração hospitalar sublinha que este Serviço “nunca foi intervencionado em termos de obras de fundo”, apontando que a requalificação e aquisição de novos equipamentos traduzem-se num investimento global de 1.208.316,50 euros, dos quais 401.255,60 euros financiados no âmbito do programa de Incentivo Financeiro à Qualificação dos Blocos de Partos do SNS, 725.000,00 euros comparticipados pela Câmara Municipal de Caldas da Rainha e 82.060,90 euros suportados pelo CHO.
As obras “visam melhorar as condições de qualidade, conforto e segurança para utentes e profissionais de saúde”. A requalificação do Bloco de Partos vai dotar a unidade com quartos individuais, onde a parturiente permaneça durante o trabalho de parto, parto e recuperação pós-parto.
Entre os investimentos mais relevantes, destaca-se a aquisição de ecógrafo para obstetrícia, ventiladores neonatais de transporte, CTG, doppler fetal, cama de parto, berços e monitores multiparamétricos para grávidas e neonatais, reforçando a vigilância do bem-estar materno-fetal.
As obras obrigam a que o Internamento, Bloco de Partos e Urgência Obstétrica tenham de ser assegurados pelo Centro Hospitalar de Leiria, que acolhe as utentes do CHO. Segundo a administração do CHO, “no decorrer desta intervenção, a atividade assistencial do Serviço de Obstetrícia está suspensa, não recebendo novas utentes”. Contudo, as consultas externas de Ginecologia e de Obstetrícia continuam a funcionar com normalidade nas instalações do CHO. Para Leiria, durante alguns dias (às quartas e quintas-feiras e um ou dois dias por mês ao fim de semana) vão trabalhar médicos e enfermeiros do CHO.
Contudo, os médicos do hospital de Leiria subscreveram um abaixo-assinado em que manifestaram não aceitar a transferência de utentes da unidade das Caldas da Rainha do CHO, devido ao “aumento muito significativo de afluência” ao serviço de urgência e do número de partos desde junho. A situação tem causado constrangimentos às grávidas da região.
Por outro lado, a Urgência Ginecológica/Obstétrica de Leiria esteve encerrada das 9h00 do dia 7 de outubro até às 9h00 do dia 9 de outubro, não sendo admitidas novas parturientes, mas estando assegurados os cuidados de saúde às utentes já internadas e o apoio à urgência interna.
Segundo apurou o JORNAL DAS CALDAS, no âmbito do plano “Nascer em Segurança no SNS”, está previsto pelo Ministério da Saúde que o Serviço de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia e Bloco de partos nas Caldas da Rainha reabra a 13 de novembro.
Mas será uma reabertura a meio-gás, uma vez que está planeado que no dia 16 de novembro haja serviços com desvio de CODU e entre 17 e 19 de novembro os serviços estão encerrados. Depois voltam a funcionar normalmente até nova interrupção a 30 de novembro. O mapa até 31 de janeiro de 2024 está definido. Ali se pode verificar que no natal não haverá constrangimentos mas no último dia deste ano os serviços estarão fechados.
Obras concluídas na Urgência de Torres
O conselho de administração do CHO informou que estão concluídas as obras de remodelação da Urgência Médico-Cirúrgica da unidade de Torres Vedras, empreitada iniciada em julho de 2022 e que sobe a capacidade da sala de observação de 16 para 24 camas, aumenta os gabinetes médicos, melhora as áreas de espera no interior da urgência, dota a triagem de dois gabinetes, dota o serviço com uma sala de emergência com ligação direta ao exterior, permitindo uma maior rapidez no seu acesso, e aumenta o conforto dos doentes e dos seus acompanhantes.
Esta empreitada representou um investimento de 760.539,64 euros, com co-financiamento comunitário de 85%.
Apesar dos constrangimentos inerentes à obra, continuou sempre a funcionar. Este ano e até 30 de setembro foram registados 37.970 atendimentos, mais 409 atendimentos do que em igual período de 2022.
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