O Congresso Termas de Portugal, que se realiza a 19 e 20 de outubro, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, “surge num bom momento para o setor do termalismo”. A afirmação foi de João Barbosa, secretário-geral da Associação das Termas de Portugal (ATP), na conferência de imprensa de apresentação do congresso, que teve lugar no Hospital Termal, a 27 de setembro.

“Depois de dois anos terríveis devido à pandemia, no qual este setor foi um dos mais afetados, em 2022 houve uma recuperação e aproximámo-nos dos números de 2019”, revelou o dirigente.

Por outro lado, o facto dos tratamentos termais voltarem a ser comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde a partir de 1 de janeiro de 2024, faz perspetivar um crescimento da procura. Um dos desafios em cima da mesa será agora o de sensibilizar os médicos para a prescrição destes tratamentos. “Há um grande trabalho a fazer para conseguirmos integrar o termalismo nas políticas públicas de saúde”, considera.

O responsável lembrou que quando a comparticipação dos tratamentos termais foi implementada como projeto-piloto, em 2019, disso resultou “um crescimento de 30% por parte do termalismo terapêutico”.

No entanto, no próprio programa do congresso só um dos painéis se debruça sobre este tema.

O secretário-geral da ATP salientou ainda que durante o congresso terá lugar a primeira reunião do grupo de trabalho interministerial, onde irão participar todas as entidades com responsabilidades neste setor.

“Vamos sentar à mesa para refletir sobre o enquadramento legal deste setor e projetar medidas para a dinamização socioeconómica do termalismo, das termas e dos territórios termais”, adiantou.

Será, aliás, esse o mote do congresso: “pensar toda esta atividade para o futuro”, referiu ainda João Barbosa. “Queremos apontar oportunidades e caminhos. Estamos convencidos que o futuro do termalismo será de grande crescimento e afirmação a nível nacional”, disse.

O presidente da Câmara das Caldas, Vitor Marques, mostrou-se muito agradado por este congresso se realizar nas Caldas da Rainha.

A autarquia irá apoiar com cerca de 18 mil euros, num orçamento total de 30 mil euros.

Apresentação do Master Plan das Termas

A sessão de abertura do congresso terá lugar às 10h00 de 19 de outubro, seguindo-se a apresentação do Master Plan das Termas das Caldas da Rainha pelos seus autores, da empresa Bruno Soares Associados. Segundo o presidente da Câmara, poderá não ser ainda a versão final, mas estará muito próxima disso. “É a visão integrada daquilo que entendemos que deve ser o termalismo nas Caldas da Rainha”, afirmou.

Vitor Marques referiu que este setor será um dos que terá mais prioridade no concelho no âmbito dos financiamentos comunitários do programa 2030.

Para esse painel está ainda prevista uma apresentação sobre a histórica cidade termal Bath, no Reino Unido.

No resto do dia seguem-se quatro painéis, que se debruçam sobre os temas “Estruturação da Oferta e Promoção”, “Gestão e Modelos de negócio inovadores”, “Oportunidades de Investimento” e “Turismo, Inovação e Formação”.

O programa do primeiro dia integra ainda atividades lúdicas e de lazer, terminando com um jantar de gala no Inatel da Foz do Arelho.

A 20 de outubro os temas a apresentar são “Promoção de Saúde e de Estilos de Vida Saudáveis” e “Sustentabilidade e Eficiência Energética”.

Nesse dia, destaque para a presença da diretora executiva do Plano Nacional de Saúde 2021-2030, Fátima Quitério, que vai apresentar as linhas gerais desse documento.

Está ainda prevista a apresentação dos resultados de um estudo epidemiológico das termas portuguesas, no qual não está incluído o Hospital Termal das Caldas da Rainha. Segundo João Barbosa, esse estudo foi realizado em 2018 e só incluiu cinco termas.

Haverá uma mesa redonda, coordenada pelo diretor clínico das Termas das Caldas da Rainha (António Santos Silva), com a participação de quatro médicos hidrologistas.

A sessão de encerramento do congresso está programada para as 13h15. A programação atualizada pode ser consulta no site oficial (congresso.termasdeportugal.pt), onde também é possível proceder à inscrição.

Termalismo em crescimento

Este será o primeiro congresso organizado pela ATP depois da pandemia. O último encontro realizou-se em Chaves, em 2019, e contou com cerca de 200 participantes. Para esta edição são esperados mais participantes, não só pela centralidade das Caldas da Rainha, mas também porque irão participar docentes e alunos das escolas caldenses dos cursos ligados ao termalismo.

O crescimento deste setor será também um chamariz para mais participantes. De acordo com o último relatório TravelBI, do Turismo de Portugal, o aumento da procura repercutiu-se tanto no termalismo clássico, como no de bem-estar, em todas as regiões e principais mercados internacionais.

Em 2022, existiam a funcionar em Portugal 50 estabelecimentos termais. Segundo a Direção Geral de Energia e Geologia, metade dessas unidades estão na região Centro.

O relatório salienta ainda que houve significativo aumento de quota do termalismo de bem-estar, relativamente ao termalismo clássico. Há também um rejuvenescimento da base de clientes do termalismo, muito associada ao termalismo de bem-estar. Por último, sublinha-se que foram atingidos os valores máximos por clientes dos mercados britânico e norte-americano.