O Teatro da Rainha recebeu da Secretaria da Presidência do Conselho de Ministros o estatuto de Instituição de Interesse Público, o que lhe confere o benefício da consignação do IRS.
Assim, pode receber 0,5% do IRS dos contribuintes, das quais o
Estado abdica.
A consignação passa, neste contexto, a ser outro dos modos de financiamento e de apoio à atividade teatral, podendo ser feita
online até dia 31 de março ou durante o período de entrega da declaração, de 1 de abril até 30 de junho.
A companhia vai entretanto celebrar a 27 de março o Dia Mundial do Teatro, associando-se ao momento com a apresentação
do “Discurso sobre o Filho-da-Puta”, de Alberto Pimenta, que terá lugar no Pequeno Auditório do Centro Cultural e de
Congressos das Caldas da Rainha, às 21h30.
Estreado a 2 de julho de 2020 na Sala Estúdio do Teatro da Rainha, este espetáculo tem percorrido o país desde então, sendo
alvo de comentários até na imprensa internacional. Exemplo disso foram os apontamentos críticos de Tommaso Chimenti, na
plataforma Recensito, e de Afonso Becerra na revista galega de teatro Erregueté.
São quatro os atores em palco, numa lógica de quarteto instrumental de vozes orientadas pelo compositor Miguel Azguime. A
esta dimensão algo experimental e inovadora corresponde, segundo o encenador Fernando Mora Ramos, uma atitude que
está, desde sempre, na génese da companhia caldense: “O que fazemos em palco, no teatro, no teatro que queremos fazer, é
sempre essa busca de um gesto que não se senta em cima de um mimetismo fácil, aquele que estupidamente afirma que “na
realidade é mesmo assim”, quando a arte é uma reconstrução artística do real”.
Publicado em 1977, o “Discurso Sobre o Filho-da-Puta” conheceu nesta recriação uma abordagem festiva que não prescinde
da dimensão reflexiva patente num discurso fortemente mordaz. Em palco, as atrizes Beatriz Antunes e Marta Taveira e os
atores Fábio Costa e Nuno Machado dão corpo a um texto que se mantém actual.
É, nas palavras de Mora Ramos, “um grito gramaticalmente impecável, rigoroso, pela liberdade livre e contra o preconceito e o
amiguismo hipócrita e nepótico que continua a constituir os modos da nossa sociabilidade sempre muito atravessadas de
ambições de poder e poderes”.
0 Comentários