Patrícia Alves de 26 anos de idade, grávida de 40 semanas, teve de atravessar três distritos (Setúbal, Lisboa e Santarém), na segunda-feira de madrugada, e fazer um percurso de 150 quilómetros entre Amora, no concelho do Seixal, e o Serviço de Obstetrícia do Centro Hospitalar do Oeste, E.P.E. – Unidade de Caldas da Rainha para poder realizar o parto, porque não havia hospitais disponíveis perto da zona onde vive.
Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, João Morais o pai da menina, disse que “o percurso até o hospital das Caldas foi um autêntico pesadelo,” mas “felizmente tudo terminou bem, porque fomos recebidos por uma equipa de profissionais desde médicos, enfermeiros e auxiliares excelentes que fizeram tudo para que a minha mulher tivesse um parto mais fácil e uma bebé saudável”.
Segundo, João Morais, pela meia-noite de segunda-feira, 22 de agosto, a “minha esposa, grávida de 40 semanas e 4 dias, começou com dores no abdómen e, como se agravaram, chamámos o INEM às 04h00 e supostamente deveria ir para os hospitais mais perto de casa (Setúbal e Lisboa), mas foi recusada porque não tinham vaga”. “A solução passou por enviar a grávida para Santarém (a 100 quilómetros de casa) só que quando lá chegou pelas 05h30, fomos informados de que essa unidade deixava de ter anestesista disponível a partir da 08h00, hora a que o médico iria sair”, contou, acrescentando que “depois deste erro, foi pedida uma nova ambulância”.
“A minha mulher estava muito nervosa e com ataques de ansiedade, com medo que acontecesse alguma coisa à bebé”, contou o pai, revelando que a sua mulher “terá esperado por uma nova ambulância, durante cerca de duas horas numa maca do hospital de Santarém, e se não fosse um segurança a informar-me que ela ia a sair da porta do hospital para a ambulância, eu não sabia da sua transferência para o hospital das Caldas”.
Chegaram à unidade das Caldas da Rainha por volta das 08h30. A bebé, Benedita, primeira filha do casal, nasceu bem de saúde, às 17h00, no dia 23 de agosto, com 3,440 quilos.
“Só tenho a agradecer a esta equipa do hospital das Caldas, foi a melhor coisa que nos aconteceu depois do pesadelo”, salientou.
Para poder visitar a esposa e ver a bebé que estão internadas no hospital das Caldas até o dia 25 de agosto, João Morais faz “mais de 200 quilómetros para as Caldas e regresso a casa”. “Na primeira noite fiquei cá num hotel”, acrescentou.
O pai da Benedita já apresentou queixa “contra o Estado Português, porque a ministra da Saúde recusou-se a ouvir-me”. João Morais diz que pediu auxílio aos partidos, telefonando para as suas sedes, e só obteve resposta do Chega e do PSD. Denunciou que houve um partido de esquerda que lhe disse “que a culpa não era do Estado, mas sim dos médicos que vão trabalhar para os privados”.
O queixoso revelou ainda que depois das 32 semanas a esposa não teve acompanhamento médico porque “sem médicos disponíveis na Unidade de Saúde Familiar de Amora, foi transferida para o Hospital Garcia de Orta, em Almada, “que se recusou a receber a mulher, por só receber grávidas em emergência”.
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