“Contributos para uma História da Cutelaria em Santa Catarina séculos XX e XXI Caldas da Rainha/Benedita”, é como se designa o livro que vai ser editado em 2023 com o apoio da AIRO – Associação Empresarial da Região Oeste, juntas de freguesia de Santa Catarina e Benedita e empresários do setor.
O autor é António Santos Real, um colecionador de canivetes que se tem dedicado à investigação da história da cutelaria nos concelhos das Caldas e Alcobaça. A obra terá o testemunho e referência de cerca de 180 artesãos navalheiros de Santa Catarina e da Benedita.
O autor, que vive em Serpa, esteve na sede da AIRO no passado dia 1 a apresentar o livro, que ainda não está terminado.
Não pretende que a obra seja um “livro técnico”, mas que “seja a expressão de um trabalho artesanal de uma determinada região”. Segundo o investigador, o “canivete português tem uma história longa e o interesse pela cutelaria artesanal não pára de crescer”.
António Santos Real diz que o livro pretende “dar a conhecer a vida dos artesãos navalheiros da região de Santa Catarina, quer do ponto de vista laboral, quer familiar”.
Acresce um estudo e explanação dos artefatos elaborados pelos mesmos, bem como as técnicas utilizadas na sua elaboração. “Circunscrevi o âmbito deste trabalho ao século XX, ainda que seja feita a ponte com a atualidade. Foquei-me unicamente na produção de navalhas/canivetes, ou seja, das facas de bolso”, explicou o autor.
Segundo o investigador, das “visitas e pesquisas efetuadas na região e no convívio e inquirições às suas gentes, a familiares de artesãos e cuteleiros já falecidos e a trabalhadores reformados das fábricas de cutelaria da região de Santa Catarina e da Benedita, cheguei à redação do livro”.
Desta investigação e estudo o autor foi levado a concluir a existência tácita do que denomina “A escola de Santa Catarina”. “Para além das navalhas/canivetes serem realizados por uma miríade de artesãos que trabalhavam separados e sozinhos nas suas próprias “bitáculas”, com meios rudimentares e exíguos, as peças realizadas apresentavam uma homogeneidade quer nos seus tamanhos, funcionamento, qualidade e apresentação”, adiantou.
De acordo com António Santos Real, o “significado de termos correntes e do dia-a-dia de um artesão navalheiro dos tempos idos, tais como bitáculo, aviamentos, cavalete, refiar, carapau, acasalamento, levantar obra e tantos outros, podem ser desvendados no pequeno léxico abrangente que pode ser consultado no final da obra”.
Será assim possível “compreender um modus vivendi da população rural de uma região que merece ser visitada”. “Que esta publicação os leve a preservar e colecionar navalhas produzidas pelos artesãos cutileiros da região de Santa Catarina”, desejou António Santos Real.
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