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O poder local na resolução dos problemas globais

Isabel Alves Pinto

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São várias e ostensivas as questões que se instalam na vivência atual das sociedades e atingem todo o planeta. Refiro-me, nomeadamente, ao terrorismo, à crise dos mercados financeiros, à urbanização desregulada, à exploração excessiva de recursos naturais, à destruição da biodiversidade, à pobreza, às dificuldades no acesso à saúde, à educação, à cultura e à água potável, às desigualdades de género, e ao aquecimento global. Isto só para aflorar uma pequena parte dos assuntos que a todos afligem.

Estas agruras globais que ferem o nosso mundo resultam da soma de muitas parcelas, da adição de inúmeras atuações locais e pessoais.

É um facto comprovado que, ao longo do tempo, todos nós e de vários modos, temos contribuído para a destruição da Terra. Mas, paulatinamente, fomos também criando uma certa sensibilidade para perceber o espaço que nos rodeia e o efeito dos impactos das nossas ações individuais e coletivas, a curto, médio e longo prazo.

Estamos num tempo em que essa perceção se vem tornando cada vez mais evidente, é certo. Mas não basta ter conhecimento de que os problemas existem, é preciso agir, sobretudo a nível autárquico, de forma a resolvê-los ou, pelo menos, a mitigá-los.

É com essa nova consciência que todos teremos de atuar e trabalhar para alcançarmos o almejado e imprescindível desenvolvimento sustentável, que, como se sabe, há de assentar no equilíbrio e na criação de valor nos domínios económico, ambiental e social, gerando-se, através das necessárias parcerias, um panorama que permita o funcionamento e a expansão das comunidades, e dos seus habitats, no presente, sem comprometer o futuro.

Foi com base nesta necessidade imperiosa que os países-membros da Organização das Nações Unidas aprovaram, em setembro de 2015, “A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. Este documento que propõe medidas concretas para alcançar um mundo mais justo, próspero e ecológico, é formado por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), por 169 metas, e assenta em 5 pilares, interligados e de igual valor, os chamados 5 Pês: P de Paz; P de Pessoas; P de Planeta; P de Prosperidade; P de Parcerias.

O conjunto dos ODS representa, “a visão comum para a Humanidade, um contrato entre os líderes mundiais e os povos”, uma lista das coisas a fazer, até 2030, em nome das pessoas e do planeta. A própria ONU, no entanto, avisa de que estamos muito atrasados na tomada de medidas concretas (tanto a nível individual como coletivo) e de que, se não corrermos, não chegaremos a tempo de sarar a nossa admirável esfera azul.

Os problemas globais exigem, assim, soluções também globais, de extrema urgência, que podem ser descobertas na referida Agenda.

Mas é a nível local que muitas destas respostas, globais, têm de ser procuradas e concretizadas.

É por isso que teremos de contar com autarcas sábios, criativos, arrojados, mas reflexivos e atentos, cientes de que os perigos que assolam o mundo atingem, do mesmo modo, o seu concelho. Mas que, ao mesmo tempo, entrevejam que os territórios que administram, através da sua atuação e da sua ação mobilizadora e de contágio, são também parte da cura. E isso deverá ser encarado não como um fardo, mas como um sinal de esperança, um sentir que está nas suas e nas nossas mãos o poder de resgatar o planeta.

Os desafios que se colocam aos autarcas do presente são inúmeros, no entanto, nessa demanda, devem guiar-se pela “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” da Organização das Nações Unidas, sempre com sentido democrático e exaltação do pluralismo e da liberdade de expressão, de pensamento e de opinião, gerindo as diferenças com um apurado sentido de inclusão baseado no conceito de interculturalidade e de respeito por todos os direitos humanos (sejam eles de primeira, de segunda ou de terceira dimensão).

Sem nunca esquecer que cada um de nós tem de ser o espelho da mudança que propõe.

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