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Abandono animal aumenta apesar das ações de sensibilização

Marlene Sousa / Mariana Martinho com António Salvador e Íris Calinas

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Nos dias de hoje ainda é visível a presença de alguns animais abandonados, maltratados e às vezes até mortos nas ruas. Apesar das ações de sensibilização e do trabalho das associações de defesa e proteção animal, muitas são as pessoas que ainda não sabem o que significa a adoção responsável de um cão ou gato.
A CRAPAA tem 42 cães, não contando com os que estão em famílias de acolhimento temporário

Em Portugal abandonar e maltratar animais é crime punido por lei e o novo regime veio agravar as penas aplicadas. Mas se a sensibilização é hoje maior do que noutros tempos, na prática a situação continua preocupante, e a pandemia acabou por deixou muitos animais “órfãos”. A ajuda é cada vez mais difícil, nomeadamente para a esterilização dos animais abandonados que estão para adoção.

O relato foi feito ao JORNAL DAS CALDAS pela vice-presidente da CRAPAA – Caldas da Rainha Associação Protetora dos Animais Abandonados, Milene Francisco revelou que houve em 2020 e no primeiro semestre de 2021 um aumento dos abandonos de cães e gatos, devido ao falecimento de idosos, tanto por Covid-19 como por doenças terminais. “Os familiares não têm condições em suas casas nem disponibilidade”, salientou. Deu o exemplo de um caso onde tiveram que interferir, que era uma idosa de 85 anos que tinha seis cães em sua casa e a família vive toda no Canadá.

Segundo a responsável, um outro problema é a chegada do verão, onde “todas as semanas recebemos pedidos de acolhimento dos animais”. “Muitas famílias mudam de casa e nem todos os senhorios permitem a presença de animais. Então, as pessoas abandonam-nos ou pedem-nos ajuda”, contou, adiantando que as maiores dificuldades da CRAPAA prendem-se com o excesso de “pedidos de acolhimento e denúncias de abandono”. “Não é pela falta de espaço, mas pela necessidade da esterilização, vacinação e colocação de chips em todos os animais”, explicou.

De acordo com a voluntária da associação, “a câmara ainda não deu verba este ano para a esterilização, mas “tivemos o apoio da veterinária municipal em algumas esterilizações e chips”.

Outra dificuldade sentida na CRAPAA é a falta de voluntários. “Houve um aumento de voluntários durante o confinamento porque as pessoas queriam sair de casa, a ponto de se terem de fazer turnos, mas muitos agora, por vários motivos, tiveramque desistir”, apontou.

Milene Francisco disse que não têm falta de ração para os animais, uma vez que têm parcerias com “grandes empresas e recebemos doações semanalmente”.

Quanto às adoções são feitas online, através de “um questionário”. As pessoas preenchem para se saber se têm condições de receber os animais, que ficam quinze dias “à experiência”, evitando, assim, novos abandonos.

Segundo a voluntária da CRAPAA, para combater o abandono destes animais é preciso “mais empatia, mais sensibilidade, maior respeito por todas as formas de vida, e ainda esterilizar, não abandonar”. “Os animais são os nossos grandes companheiros de vida, merecem que o façamos por eles”, afirmou.

Já a funcionária da associação, Tânia Bettencourt, declarou que “a pandemia também teve um impacto negativo na associação devido à falta de condições para organizar campanhas de angariação de fundos, mas as redes sociais têm sido uma ajuda para obter resposta aos apelos de auxílio”. Além disso referiu que “a pandemia tem feito sofrer os cães, devido aos seus donos terem falecido de Covid-19, sem falar dos maus tratos, que continuam prevalecentes”.

Atualmente, o canil da associação tem 42 cães, não contando com os que estão em famílias de acolhimento temporário. Quanto à capacidade do canil, Tânia frisou que “o estado emocional de alguns animais dita necessitarem de estar em compartimentos sozinhos para a sua segurança”.

A maioria dos cães que está aos cuidados da CRAPAA é resgatada da rua ou recolhida após denúncia. Apesar das adoções permanecerem razoáveis, em que a maioria delas se dá para o estrangeiro, Tânia fez “um apelo à população e ao governo para esterilização dos animais, com vista a diminuir o número de cães abandonados”, enquanto sugere que na educação cívica se eduque os alunos acerca dos tratamentos adequados para os cães.

“As pessoas não adotaram de coração, mas sim estrategicamente”

O abandono de animais de companhia repete-se nesta altura do ano, apesar de cada vez mais fazerem parte das famílias e da crescente sensibilização quanto à forma como devem ser tratados. Contudo, “há ainda um longo caminho a fazer para combater o abandono e outras formas de maus tratos, no sentido de termos um maior respeito e empatia para com aqueles a quem chamamos melhores amigos”, sublinhou uma das voluntárias da Rede Leonardo da Vinci – Associação de Proteção Animal, Leonor Tavares, adiantando que “no ano passado estava em crer que as pessoas tinham ganho finalmente um pouco de discernimento em relação aos animais mas só queriam um escape ou um motivo para ir à rua sem serem questionadas”.

Essa situação fez com que associação de proteção animal, sem apoios financeiros, esteja atualmente “lotada de animais”, com 20 cães e 17 gatos, “que ninguém quer adotar”.

“Este ano temos tido mais abandonos em relação ao ano passado, o que significa que as pessoas não adotaram de coração, mas sim estrategicamente durante o confinamento”, afirmou a voluntária, que além dos animais abandonados à porta da associação, também teve de recolher temporariamente alguns de pessoas que estiveram internadas ou em isolamento profilático devido à pandemia, e outros de pessoas que morreram por causa da Covid-19.

Com sede na antiga escola primária da Trabalhia, na freguesia de Alvorninha, Caldas da Rainha, a associação tem acolhido “mais gatos do que cães”.

Além de ter provocado o aumento do número de abandono de animais de companhia, a pandemia de Covid-19 também prejudicou a realização de recolhas de alimentos e campanhas de sensibilização que a associação voluntária fazia regularmente para angariar “algum dinheiro”. “Não só limitou as pessoas, mas também as associações”, apontou a voluntária da Rede Leonardo, adiantando que a associação não usufrui de qualquer apoio governamental, sobrevivendo atualmente com a quotização dos sócios, bem como com a participação em feiras de velharias. “Regularmente temos voluntários que dão donativos, produtos de limpeza e rações para animais, mas nunca é o suficiente”, frisou.

A associação procede ainda à esterilização de cadelas e gatas errantes/abandonadas nas ruas da cidade para evitar a proliferação alarmante de animais, através de algumas parcerias informais com veterinários locais, que “proporcionam esterilizações a preços mais acessíveis”. Além disso apoia regularmente com ração inúmeras famílias carenciadas, sendo “igualmente uma forma de eles manterem os animais”.

Neste momento, a associação precisa de “mais voluntários, visto que são eles que asseguram todo o trabalho burocrático e o trabalho que surge no terreno, limpeza, manutenção, jardinagem, bem como para fazer aquele tipo de coisas que são mais para dar conforto do que para as necessidades básicas”. A par disso, a Rede Leonardo necessita de ração para cães, material de limpeza e “uma maior participação ao nível da autarquia no que diz respeito às esterilizações dos animais”.

Município esterilizou em 2020 centenas de cães e gatos

Segundo Daniela Calado, veterinária da Câmara Municipal das Caldas, no âmbito da política municipal de bem-estar animal, controlo da população errante e promoção da adoção responsável, o município tem levado a cabo várias campanhas de esterilização.

Em 2020 “foi feita a esterilização de todos os canídeos alojados no Centro de Recolha Oficial previamente à sua adoção, animais alojados em associações de proteção animal do concelho e ainda canídeos a cargo de FATs e FADs (Famílias de Acolhimento Temporário e Definitivo, respetivamente) que nelas se encontram por impossibilidade de alojamento no Centro de Recolha Oficial”.

Para tal, o município viu aprovado um apoio financeiro, por parte da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), para a realização “destas intervenções em cães, apoio este que é atribuído por canídeo esterilizado, diferenciado por sexo, desde que previamente identificado eletronicamente (com microchip) e registado na base de dados nacional do Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC)”.

De acordo com dados do Gabinete Veterinário da autarquia das Caldas, “146 canídeos foram esterilizados, o que se traduz numa despesa municipal de 12355,63 euros, comparticipada pela DGAV em 5510 euros”.

Porque o controlo populacional de gatos de rua é outra das preocupações, foi segundo a veterinária, “implementado o programa CED (captura, esterilização e devolução) de colónias sinalizadas por qualquer munícipe, entidade privada ou pública, em qualquer freguesia do concelho”.

Financeiramente, o CED é suportado integralmente pelo Município que assumiu uma despesa de 9932,63 euros correspondente a mais de duas centenas de felinos esterilizados.

A Câmara das Caldas também no ano passado e primeiro semestre deste ano vacinou e colocou chips a animais das associações de proteção animal a custo zero. O Município das Caldas da Rainha, através dos Serviços Veterinários, levou a cabo uma ação de vacinação, desparasitação interna e identificação eletrónica, com o respetivo registo no SIAC, junto das associações de proteção animal do concelho.

A todos os canídeos a cargo destas associações (Rede Leonardo e CRAPAA) foram disponibilizadas, a custo zero, a vacina anti-rábica e polivalente da esgana, hepatite, parvovirose e leptospirose, bem com a desparasitação interna.

Aquando da identificação eletrónica de cada animal, foi efetuado o registo na plataforma SIAC, que permite a identificação do detentor de cada um, bem como o acesso a todas as intervenções sanitárias efetuadas naquele animal.

Segundo a veterinária municipal, “o bem-estar animal é uma preocupação deste município, pelo que é feita uma aposta no combate ao abandono e na promoção da adoção”.

Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, Daniela Calado disse que o município vai fazer uma nova candidatura de apoio a incentivos financeiros para programas de bem-estar animal para apoio à esterilização em 2021.

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