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A barragem etíope no Nilo

Francisco Martins da Silva

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Houve eleições legislativas na Etiópia a 21 de Junho. O Partido da Prosperidade (PP) de Abiy Ahmed, primeiro-ministro desde 2018, conquistou 410 lugares dos 436 do Parlamento federal, apesar de nem todo o país ter votado. Algumas regiões só votarão em Setembro, por questões logísticas, mas a região do Tigré, no Norte, na fronteira com a Eriteia, não votará, devido à guerra civil em curso desde Novembro, entre o exército regular etíope e a Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF). Este conflito está a motivar toda a sorte de atrocidades de parte a parte e milhares de refugiados. Segundo a ONU, há cinco milhões e meio (80% da população do Tigré) a passar fome.
Francisco Martins da Silva

Esta repressão militar das aspirações independentistas do povo Tigré tem feito aumentar a aprovação do primeiro-ministro Abiy Ahmed, Nobel da Paz em 2019 pelo papel que teve no acordo de paz com a Eritreia, explicando a vitória esmagadora do PP nestas eleições. Outro motivo de popularidade do primeiro-ministro, e factor de unidade nacional, é a chamada Grande Barragem da Renascença Etíope. Abiy Ahmed tem vindo a resvalar para o autoritarismo, e tem sido alvo de críticas no estrangeiro, mas os etíopes aprovam esse autoritarismo. Grande parte do povo acredita que há uma conspiração internacional de desinformação contra a Etiópia, promovida pela TPLF e pelo povo de etnia Tigré, para fragmentar e enfraquecer o país. Interiorizou-se a necessidade da autocracia, numa espécie de universo paralelo em que tudo são conspirações e receios de viver em liberdade. Na Etiópia, calam-se as vozes diferentes, porque o mais importante é haver consensos nacionais. E todos os partidos vão neste sentido, apesar destas eleições terem sido livres. Universo paralelo.

Abiy Ahmed tem esperança que a Grande Barragem da Renascença Etíope impulsione o renascimento económico do país. Na Etiópia, este assunto tem sido muito debatido e o discurso do direito dos etíopes a utilizar os recursos hídricos do país é consensual — o Nilo é nosso, dizem —, apesar da oposição frontal do Egipto e do Sudão e de, uma vez cheios, os reservatórios desta gigantesca e complexa barragem, que têm paredões de mais de cinco quilómetros, formarem extensos lagos que gerarão inúmeros problemas de recolocação de populações, circulação, acesso à terra e compensação pelas aldeias e áreas de cultivo submersas.

O Nilo é formado por três rios: Nilo Azul, Atbara e Nilo Branco. As duas primeiras nascentes situam-se na Etiópia — a do Nilo Azul, no lago Tana e a do Atbara, a 50 Km a Norte deste lago. O rio Atbara é assim chamado porque conflui com o terceiro rio, o Nilo Branco, na cidade de Atbara, no Sudão. O Nilo Branco nasce na parte ugandesa do lago Vitória. Mas os dois rios que nascem na Etiópia representam 85% do caudal do Nilo. O Egipto e o Sudão — dois gigantes árabes com 100 e 43 milhões de habitantes, respectivamente — obtêm do Nilo mais de 90% da água. Em anos de seca, a sobrevivência destes dois países ficará dependente das decisões de Addis Abeba sobre que quantidade de água libertará da grande barragem do Nilo Azul. A somar à guerra pela libertação do Tigré e a tantas outras, está criada nova fonte de grave conflito regional em África.

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