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Debate do Conselho da Cidade

Apoio às famílias com crianças é prioridade no combate à pobreza

Marlene Sousa

EXCLUSIVO

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“A estratégia no combate à pobreza deveria priorizar as famílias onde haja crianças, de forma a quebrar o ciclo de transmissão da pobreza”, disse nas Caldas da Rainha o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. “Uma criança que nasce numa família pobre não tem necessariamente de se tornar um adulto pobre”, afirmou Edmundo Martinho, sublinhando que “temos de ser capazes de quebrar nalgum momento a cadeia expectável”. O provedor falava no debate sobre o combate à pobreza organizado pelo Conselho da Cidade (CC) - Associação para a Cidadania, que decorreu no passado 5 no auditório da Expoeste.
Debate sobre pobreza no auditório da Expoeste

Como é que se combate este quase “destino” de que quem nasce pobre tenha de permanecer pobre ao longo da vida?

“Deveria haver um reforço substancial para verificar se há condições materiais de vida suficientes para permitir o pleno desenvolvimento dessas crianças, como a nível das condições de habitação, um bom aproveitamento escolar, alimentação e acesso a condições de saúde”, declarou o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

“Quando estabelecemos objetivos para a vida de uma criança, para o seu percurso escolar, temos de ser capazes, em simultâneo, de perceber quais são as fragilidades adicionais que lhe estão associadas”, apontou.

Deu o exemplo de um projeto da Santa Casa de Lisboa na área da saúde oral e deixou o desafio à vereadora da ação social do município caldense e também provedora da Santa Casa das Caldas. É uma clínica que está a funcionar totalmente gratuita para as crianças e jovens até aos 18 anos. “Temos milhares de crianças que já foram acompanhadas naquela clínica, que provavelmente de outra forma não iriam cuidar dos seus dentes. E a relevância disto é que não é apenas uma questão de estética, tem a ver com a saúde global da criança, com o próprio relacionamento social”, referiu.

“Temos hoje em fila de espera crianças que vão pôr o seu aparelho, que de outra forma não poriam. Uma coisa que parece simples acaba por ter um impacto tremendo na própria imagem exterior da criança e estão com isso estão a dar passos muito significativos para uma integração mais plena”, salientou. Segundo Edmundo Martinho, uma das propostas que está em cima da mesa é a “gratuitidade e universalidade de acesso à creche”. Considera que “a creche tem que ser entendida como um elemento de desenvolvimento harmonioso e adequado para as nossas crianças”.

Quanto à articulação entre as várias entidades locais, a circulação da informação e a definição clara das responsabilidades, o responsável alertou que “vão-se acentuar com a transferência de competências nos domínios sociais para as autarquias”.

Pandemia fez aumentar desemprego nas Caldas na ordem dos 57%

Célia Roque, diretora do Centro de Emprego de Oeste Norte, apresentou um panorama preocupante do desemprego no

concelho das Caldas, com o consequente aumento da pobreza, ainda que também exista pobreza em Portugal mesmo entre quem tem trabalho certo.

Em fevereiro de 2018 o concelho de Caldas da Rainha estava com 1390 inscritos no centro de emprego à procura de emprego.

Em fevereiro de 2019, esse número reduziu para 1179, isto porque a economia estava melhor. Segundo esta responsável, em fevereiro de 2020 estávamos quase “numa situação de pleno emprego”. “O desemprego (1162 inscritos) era meramente estrutural, portanto as pessoas que nós tínhamos inscritas eram aquelas pessoas que, de facto, necessitavam de uma reciclagem profissional, ou de apoio psicológico”, revelou.

Em período de pandemia, em fevereiro deste ano, o desemprego nas Caldas passou para 1825 pessoas inscritas. “Estamos a falar aqui de uma variação relativamente a 2020 na ordem dos 57%. Em março continuavam acima dos 1800 inscritos”, adiantou.

A diretora do Centro de Emprego disse que perante a realidade observada, existem três aspetos fundamentais que devem ser debatidos no concelho para facilitar a obtenção de emprego. Um deles é o apoio aos pais, que têm que trabalhar por turnos ou aos fins de semana e não têm onde deixar os filhos. O acesso ao transporte é também um problema, nomeadamente para quem vive fora da cidade das Caldas.

Outro aspeto fundamental é ao nível dos cuidados pessoais e de higiene das pessoas com habitabilidade reduzida, que “por vezes vão para uma entrevista de emprego sem a devida higiene”.

“Está comprovado que quanto mais tempo se fica desempregado mais difícil é a reintegração no mercado de trabalho, em que a pessoa se vai mantendo sem perspetivas de emprego porque não consegue ter transporte, não consegue beneficiar de todos os cuidados de higiene e não tem onde deixar os filhos para ir trabalhar”, apontou.

“Temos de nos preparar com um verdadeiro trabalho em rede para um embate ainda mais duro naquilo que são as condições de vida das pessoas, na altura que terão de pagar as suas moratórias”, alertou Célia Roque.

Para perceber a realidade, o CC, através de Marina Ximenes, elaborou um questionário com quinze perguntas, enviado a todos os centros sociais e paroquiais e instituições de solidariedade social do concelho. O objetivo foi conhecer a realidade, mas também se as instituições cruzam dados entre si e para aferir quem está na linha da frente.

Marina Ximenes apresentou as conclusões do inquérito. Das cerca de 50 entidades contactadas e a quem solicitou o

preenchimento do questionário, 16 não o enviaram. Uma das conclusões é que a principal preocupação e o maior desejo das instituições é que lhes “seja tirado o peso da seleção dos beneficiários para poderem concentrar-se noutras tarefas mais consentâneas com a sua missão, como por exemplo, maior envolvimento na comunidade”.

Este debate presencial do CC juntou cerca de 50 autarcas e representantes das instituições de solidariedade social das

Caldas.

Devido às restrições da Direção Geral de Saúde a sessão, que iniciou às 21h00, teve de encerrar às 22h30. O balanço foi

“muito positivo”, mas ainda havia muito para dizer para “perceber a realidade local e refletir sobre as estratégias de combate à pobreza no concelho das Caldas”.

Ana Leal, presidente do CC, deixou a promessa de um segundo encontro para continuar a debater como “nos devemos

preparar para um embate ainda mais duro na vida das famílias, num momento em que forem cessando os apoios que estão montados”. “Apenas com emprego será possível criar hábitos saudáveis e apenas com uma boa rede social, objetivos e propostas bem definidas conseguimos combater a pobreza nas Caldas”, vincou.

António Curado, presidente da mesa da assembleia do CC, encerrou o evento, salientando que “foi importante porque juntou na mesma sala parceiros de ação e apontou algumas estratégias possíveis”, apelando à “articulação entre instituições”.

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