Lançado em setembro do ano passado, em Lisboa, “O pequeno livro negro da corrupção” pretende ser “uma pequena amostra do que é a corrupção em Portugal, onde estão registados, para conhecimento presente e memória futura dos maiores casos de corrupção no país, os mecanismos segundo os quais ela se desenvolve, quem são os responsáveis, quais são todos aqueles que fazem com que Portugal, podendo ser país rico, tenha neste momento mais dois milhões de pobres, e ainda quem são os combatentes deste cenário”.
Organizado como um dicionário, apresentando de A a Z casos e protagonistas, o livro junta os casos que tiveram “mais relevância económica para a vida dos cidadãos, aqueles de mais fácil explicação e aqueles que achei de interesse para os leitores”. Nesse sentido, Paulo Morais espera que este livro tenha “um papel de informar as pessoas a saberem como se destrói a possibilidade de um país ter futuro, e que ainda que elas tomem consciência de todos estes casos, de modo a que tenham um sentimento de revolta para que isto mude”.
Na entrevista a Francisco Aleixo disse igualmente esperar que as pessoas “se apercebam de quem nos trouxe até aqui e para que no futuro não se atribuam nomes de alamedas, avenidas e rotundas a muitos destes vigaristas que aqui estão presentes no livro”, embora o autor reconheça que “se quiséssemos falar da corrupção em Portugal nos últimos 30 anos, não podia ser um pequeno livro negro, teria que ser uma grande enciclopédia com 40 e tal volumes”.
Para o autor, “a corrupção é um problema gravíssimo que começou na ditadura, havendo na história diversos casos como a Ponte Vasco da Gama, o BPN, o BES, o Banif, a compra dos submarinos, as Parcerias Pública Privadas (PPP), entre outros, que só por um milagre é que a sociedade absorvia isto sem qualquer drama”. Disse ainda que “se continuarmos com estes indicadores de corrupção, inevitavelmente jamais teremos desenvolvimento no nosso país”.
Igualmente considerou que a corrupção em Portugal é sistémica, deixando algumas críticas a todos os setores que têm contribuído para o seu enraizamento, desde a supervisão bancária, à investigação criminal, passando pelas classes política e empresarial. “Este não é um problema insolúvel, bastava haver uma estratégia de combate nacional à corrupção, que todos dizem que fazem, mas ninguém faz”, frisou Paulo Morais, elogiando a ex-procuradora Joana Marques Vidal como sendo a única líder do Ministério Público que teve coragem para atacar o problema.
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