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Aos moderados

Francisco Martins da Silva

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A vandalização de estátuas e, em especial, a segunda pichagem do grupo escultórico que homenageia o Padre António Vieira, talvez por a sua estética fazer acordar o fantasma salazarista e, até, da pedofilia, apesar de concebido em 2017, fez surgir nos nossos media uma frente de opinantes que se assume como moderada.
Francisco Martins da Silva

Estes moderados não têm sido nada comedidos a apelidar de ignorantes e imbecis quem deles discorde.

Através da presença televisiva e da fotografia que agora é regra acompanhar a assinatura dos artigos de opinião, é fácil verificar que todos estes moderados têm idade para terem frequentado a escola primária da palmatória e das orelhas de burro do salazarismo, quer de cima do estrado e de ponteiro na mão quer sentados nas carteiras.

Para eles, a “gesta” da expansão marítima portuguesa será sempre a que deu novos mundos ao mundo e dilatou a fé. Não querendo dar por perdidas as palmatoadas que lhes gravaram na memória os mitos salazaristas, resistem a dar-se ao trabalho de pesquisar sobre factos que os desiludiriam e poriam em causa muitos dos seus comportamentos. São radicais na opinião moderada, na esperança de que a vaga anti-racista passe sem lhes beliscar a memória afectiva.

Da lendária Escola de Sagres às datas das “descobertas” e aos objectivos, não faltam fontes honestas, de antes e depois do Salazarismo, para desmontar facilmente os seus mitos. É justo, por exemplo, dizer que o Infante D. Henrique deu novos mundo ao mundo? A que mundo? Ao mundo dos escravos, certamente que deu novos mundos, ao inaugurar em Lagos o comércio de escravos na Europa.

Sobre este tema, leia-se a horrorizada Crónica da Guiné, de Gomes Eanes de Azurara, demonstração cabal de que a mentalidade da época como atenuante não colhe quanto à escravatura.

Já no que concerne à “dilatação” da fé, desde Pio II, contemporâneo do Infante D. Henrique, que a igreja condena a escravatura. O infame negócio dos escravos era demasiado chorudo e havia que o justificar com finalidades piedosas. Ainda no século XX, para legitimar o apartheid, ensinava-se às crianças que é vontade de Deus não misturar brancos e negros, tal como não se misturam abelhas e moscas, hipopótamos e elefantes ou hienas e leões.

Hoje, continua a ser este o quadro mental de muitos.

Sim, a História deve ser olhada com a objectividade, a ética e a moral do nosso tempo, não para a reescrever, mas para podermos tirar dela lições que dignifiquem as vítimas e nos façam progredir.

A riqueza dos países europeus assentou em boa parte na exploração dos escravos como bestas de carga. Os escravos e o colonialismo foram importante força motriz do desenvolvimento ocidental, do século XV a meados do século XX. Não se pode ser moderado a reconhecê-lo.

Os gregos da Antiguidade Clássica foram hegemónicos sem terem recorrido ao domínio político-militar. A sua superioridade era civilizacional, vinha da democracia, da filosofia, da arte e do ócio. Tornaram-se culturalmente dominantes em toda a bacia do Mediterrâneo, Europa do Sul, Norte de África e Próximo Oriente, através da navegação e do comércio pacíficos. Tivéssemos sabido fazer outro tanto e as nossas estátuas seriam hoje veneradas sem reservas.

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