“No início do estado de emergência foi difícil dar vazão aos pedidos porque houve uma procura em massa nos mercados, mas as coisas normalizaram e as quebras no setor da restauração, da hotelaria e das cantinas de escolas levou a um decréscimo do consumo”, afirma António Gomes, presidente da AIHO, que reúne produtores, cooperativas e comerciantes da região do país onde se concentra mais de metade da produção nacional de hortícolas,
O responsável desta associação, com sede na Lourinhã, sublinha que “os produtores não têm parado de trabalhar e não há dificuldade em haver os hortícolas essenciais, porque os empresários têm tentado cumprir as encomendas”.
Os horticultores têm, no entanto, encontrado alguns obstáculos para além da redução de clientes. “Alguns produtos frescos consumidos crus, como alface, tomate e outros para saladas, têm motivado uma certa retração dos consumidores, que têm medo que haja contaminações, mas é um perigo infundado porque tal como antes da pandemia devem lavar antes de comerem, com água e vinagre ou lixívia ou outro desinfetante específico para os alimentos”, aponta António Gomes.
Em relação aos preços, “apesar de alguma oscilação não tem havido especulação”, faz notar o dirigente.
O setor começa a sentir “problemas de logística”, quer com falta de pessoal nas centrais de preparação, embalamento e expedição, e no transporte dos produtos, porque “há muita gente em casa por diversas situações, desde quarentena, tomar conta dos filhos ou receio de viajar”.
“Estamos fazer tudo para que não haja falta de hortícolas, agora é importante que os consumidores optem pelos produtos portugueses para não prejudicarem o esforço dos agricultores nacionais”, apela António Gomes.
Futuro incerto
Os agricultores da região Oeste estão preocupados com os efeitos do novo coronavírus nas vendas dos seus produtos. Apesar do setor primário ter sido considerado essencial, o encerramento de alguns mercados provocou uma quebra no escoamento dos hortícolas.
Em Valado dos Frades, na Nazaré, a empresa agrícola Agropaiva está a sentir o impacto da Covid-19, que motivou o encerramento de mercados e pequenas lojas onde os produtos eram vendidos e o afastamento de clientes, devido às restrições e aos receios de sair à rua.
Esta empresa comercializa hortícolas mas o proprietário, Eduardo Paiva, receia que as próximas culturas sejam afetadas, pois “se no mercado interno há menos vendas, as exportações também estão em risco”.
“A produção pode ficar estragada se não for vendida”, revela Dina Albuquerque, da empresa Regador de Cores.
As linhas de crédito anunciadas pelo governo para o setor não tranquilizam os agricultores, que consideram que apoiar com empréstimos não é solução. A manutenção das vendas é que permitirá aguentar os negócios, sustentam.
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