Com 34 anos, Ana Nobre trabalha há cerca de dez anos em Luanda no setor do petróleo (instalação de sistemas hidráulicos e formação). Ex-funcionária da empresa Janela Digital, do Parque Tecnológico de Óbidos, está grávida de seis meses e encontra-se numa situação prioritária para regressar ao país.
A sua mãe, que reside na Encosta do Sol, nas Caldas da Rainha, foi para Angola há cerca de duas semanas para dar apoio à filha e neta de vinte meses. O voo de regresso a Portugal era para 30 de março, mas foi dado como “não operado”, ou seja, deixaram o bilhete de regresso para outra data ainda não anunciada.
A grávida quer ter o bebé em Portugal, onde está a médica que acompanhou a sua primeira gravidez, que foi de risco. “Aqui o Serviço Nacional de Saúde é quase inexistente e o setor privado tem as suas limitações, por exemplo, uma clínica privada onde eu poderia ter a minha cesariana encerrou todas as consultas”, contou.
A caldense reportou que ouviu dizer através da comunicação social que o Governo de Portugal tem voos previstos para repatriar portugueses que estão em Angola e desejam regressar ao país. “Mas isso é mentira ou então é só para pessoas com contactos com pessoas da embaixada”, relatou, acrescentando que depois de dezenas de tentativas conseguiu falar com uma funcionária do Consulado-Geral de Portugal em Luanda que lhe disse que ela tinha que contactar a linha aérea. “Depois de eu insistir que precisava de ajuda ela disse que ia se informar e que depois ligava, o que ainda não aconteceu”, adiantou.
A queixosa revelou que os únicos bilhetes disponíveis são de uma agência de viagens angolana que está a alugar os aviões e a praticar preços exorbitantes. Os preços destes voos para Portugal, a que Ana Nobre teve acesso, variam aproximadamente entre 1.500 euros em classe económica e 2.630 euros em classe executiva.
Este país africano anunciou no passado domingo o sétimo caso confirmado de infeção pelo novo coronavírus. “A caldense disse que depois do governo angolano ter interdito a circulação de pessoas na via pública, no âmbito do estado de emergência em vigor as pessoas têm cumprido e só saem para ir ao supermercado e farmácia”. “Deixou de haver vendedores ambulantes nas ruas, há uma carrinha que vai passando pedindo às pessoas para ficarem em casa e há muita polícia”, relatou.
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