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Nazareno infetado com o vírus da China a bordo de barco

Francisco Gomes

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Adriano Maranhão, de 41 anos, natural da Nazaré, é o primeiro português, e para já o único conhecido, infetado com o Covid-19 (a nova designação do Coronavírus, proveniente da China).Foi contaminado a bordo do cruzeiro Diamond Princess, atracado no porto de Yokohama, no Japão, em quarentena. Desde que o teste à saliva acusou positivo, no passado sábado, ele e a sua esposa têm travado uma luta para conseguir que seja transferido para uma unidade hospitalar, o que veio a acontecer na terça-feira. Mas é apenas a primeira fase de uma batalha para o devido acompanhamento.
O contato com Adriano Maranhão foi feito por telefone enquanto esteve a bordo

Emmanuelle Maranhão, a esposa de Adriano, contou que foi o próprio marido que lhe comunicou na madrugada de sábado que “tinha sido infetado pelo vírus”, depois de saber que “o teste à saliva tinha dado positivo”. Com a função de canalizador há cinco anos na empresa Princess Cruises, Adriano está a bordo do cruzeiro desde 13 de dezembro. Soube do vírus a 4 de fevereiro e continuou a exercer as suas funções, enquanto o navio ficou de quarentena no porto de Yokohama, a sul de Tóquio, no Japão, na sequência de cerca de 700 pessoas num universo de 3700 infetadas com Covid-19. O teste à saliva foi feito no dia 20 de fevereiro, data prevista para regressar para Portugal, o que se tornou impossível por vir a confirmar estar contaminado. “Ligou-me a dizer que era necessário eu falar com a empresa e com o governo para dar continuação ao processo e saber o que vai acontecer. Está à espera que eu consiga tirá-lo de lá”, relatou Emmanuelle no sábado, quando começou a longa jornada de contactos para que o marido fosse levado rapidamente a um hospital. “Estou em contacto permanente com ele por telefone e a mexer-me o máximo possível junto das autoridades”, indicou. Durante o fim de semana a esposa revelou que tinha recebido apoio do governo português, mas aguardava mais informações da embaixada no Japão, de quem esperava que a ajudassem a retirá-lo do barco. Queixava-se também da “falta de comunicação oficial da empresa” proprietária do barco. Segundo a esposa, Adriano estava “fechado em isolamento na cabine ainda sem acompanhamento médico” e mostrava-se “revoltado e cansado, mas não tinha tosse, nem febre ou outros sintomas”. “Tinha comida com ele e não sai para ir à messe, porque podia infetar as outras pessoas”, adiantou. Incerteza e desespero As informações que Emmanuelle ia recebendo aparentemente davam conta de progressos na situação, mas com muitas incertezas. A embaixada portuguesa em Tóquio disse-lhe que sairia entre segunda e terça-feira, mas sem garantias, receando que o prazo se estendesse, o que considerava “inadmissível”, porque era urgente haver tratamento em ambiente hospitalar. Depois da pressão mediática e dos múltiplos contactos que desenvolveu, o marido não só passou a receber refeições na cabine como foi até analisado por um médico. Faltava no entanto a retirada do navio Diamond Princess. A dado momento o estado de saúde agravou-se, levando a um apelo desesperado de Emmanuelle: “É meia noite, estou a desesperar porque ainda não consigo chegar à Princess Cruises, ainda não consegui colocar o meu marido num hospital, por favor, isto é surreal, ele está febril, pior, abatido, sozinho e mais doente. Não existe uma alma que possa transportar o meu marido para uma entidade hospitalar? Não entendo como após dois dias a tentar falar com Deus e o mundo, ele está a adoecer cada vez mais sozinho, naquela cabine, sem apoio. Eu aqui, a mandar mails para todos que encontro online e nada”. Depois de mais uma madrugada angustiante, o amanhecer trouxe notícias melhores. Adriano foi visto por um médico e recebeu a informação de que terça-feira iria ser levado para um hospital. “Disse-me para não me preocupar porque não ultrapassava os 38 graus de febre”, contou o nazareno. “Quero saber qual é o hospital, o contacto, o endereço, enfim, uma comunicação escrita de que vai ser transferido, quero papéis formais que digam isso”, manifestou Emmanuelle. A desconfiança da mulher assentava nas informações contraditórias que ia recebendo desde sábado, a muito custo e somente porque tinha vindo a pressionar e a desdobrar-se em contactos, quer com a embaixada portuguesa no Japão, quer com a agência de recrutamento intermediária com a empresa proprietária do navio Diamond Princess. “Já não sei com quem mais falar”, desabafou, mostrando-se revoltada por não receber nenhuma comunicação da parte da Princess Cruises. A proprietária do cruzeiro, que no entender de Emmanuelle, “tem um papel fundamental neste processo”, tinha ignorado as diversas missivas da esposa de Adriano, que ainda assim conseguiu nesta segunda-feira a “meia-vitória” do anúncio de que no dia seguinte seria levado para um hospital para receber tratamento médico. Para além de desconhecer a localização do hospital, Emmanuelle, que só ficaria “um pouco mais descansada com a transferência concretizada”, travava outra batalha: “A partir daí poderá ficar sem comunicações, porque seguramente vão-lhe tirar o telemóvel, e alguém, nomeadamente da embaixada, vai ter de estar ao lado dele para ser o porta-voz, é isso que exijo, porque não quero deixar de ter contato com ele nem que o meu marido se sinta isolado como até aqui e só não esteve totalmente porque eu me mexi”. “Se me deixassem eu estaria a acompanhá-lo”, manifestou, lamentando também não o poder fazer por ter de cuidar das suas três filhas menores. Acabou por ter a garantia da assessoria da Presidência da República de que todos os esforços iam ser feitos para não se perderem as comunicações. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afastou a hipótese de o trazer para Portugal, não só para não divergir com as autoridades japonesas mas alegando ser a melhor solução para a evolução do seu estado de saúde. “No caso de ele ter um familiar infetado queria saber se ele não o punha na primeira hora em Portugal”, desabafou Adriano Maranhão. Finalmente a transferência para um hospital O português infetado com o coronavírus Covid-19 foi transferido na terça-feira para um hospital na cidade de Okazaki, na província de Aichi, no Japão. Saiu do barco e foi transportado de autocarro em direção ao Fujita University Health Hospital, uma unidade de saúde recém-construída e cuja inauguração estava prevista para abril. “Após os testes e análises, que se parte do princípio que lhe vão fazer, irão encaminhá-lo para outro hospital”, indicou Emmanuelle. “Espero agora que alguém vá acompanhá-lo, não digo estar ao lado dele, obviamente, porque ele vai estar em isolamento, mas alguém tem de estar lá a representar Portugal”, declarou, sublinhando a necessidade de alguém traduzir e ajudá-lo a perceber o que lhe vão fazer e quais os resultados. A esposa, o grande pilar de Adriano Emmanuelle, de 40 anos, tem sido à distância o grande pilar do marido e quem se tem desdobrado em contactos para que Adriano receba tratamento hospitalar. Nascida no Brasil, viveu na África do Sul, antes de se fixar na Nazaré há mais de vinte anos. Com dupla nacionalidade (luso-brasileira), professora de português e inglês, tem dado aulas em diversas escolas, as últimas das quais colégios em Leiria e A-dos-Francos, nas Caldas da Rainha. Conseguiu entrar para o ensino público no Cadaval a 4 de fevereiro deste ano, o mesmo dia em soube que no cruzeiro onde seguia o marido tinha sido detetado o Covid-19. Tem três filhas, de dois, cinco e oito anos. A mais velha mostra-se “apreensiva e preocupada ao saber que o pai está infetado e ainda não foi levado para um hospital”, confidenciava Emmanuelle, que chegou a preparar-se para receber o marido na passada quinta-feira, depois de dois meses e uma semana ausente no navio, altura em que foi feito o teste à saliva que viria a acusar positivo. “Tinha previsto ir buscá-lo ao aeroporto e depois deixar as meninas com familiares para passarmos uns dias sozinhos, quando aconteceu isto”, lamentou. Outros portugueses sem contaminação Um comunicado da Direção-Geral de Saúde (DGS) transmitiu que “de acordo com informação das autoridades japonesas, os outros quatro tripulantes de nacionalidade portuguesa”, além de Adriano, que estão a bordo do navio atracado “apresentam testes negativos” na avaliação da contaminação. A DGS esclareceu também que o único cidadão português contaminado “permanece assintomático e em isolamento para prevenção do contágio a outras pessoas”. “As pessoas com testes positivos a bordo deste navio têm sido transferidas para um hospital de referência no Japão, de acordo com prioridade do seu estado clínico e cumprindo o protocolo estabelecido neste país”, lê-se ainda no comunicado. Outro nazareno, Hélder Vigia, de 49 anos, que faz parte da tripulação do navio há seis anos (trabalha na área da manutenção), estava próximo da cabine de Adriano. Apesar de não estar infetado mostrava-se preocupado com o colega, acompanhando-o através do telefone e pelo chat do Facebook, e confessou ter dificuldade em lidar com “os nervos e o stresse da situação”. Revelou igualmente que a equipa só recebeu indicações para usar máscaras vários dias depois dos passageiros, não o podendo fazer antes disso por ordens superiores. Apesar de tudo não tinha tantos contactos com os passageiros a bordo como Adriano, que também relatou que só foi autorizado o uso de máscara e luvas dias depois de começar a quarentena, queixando-se da falta de proteções adequadas. Entre os portugueses há outro trabalhador da região, Daniel Silvério, carpinteiro de 54 anos, do concelho de Alcobaça. O cruzeiro é o maior foco de Covid-19 fora da China continental, tendo quatro passageiros morrido. Os três passageiros portugueses a bordo não foram infetados. Na quarta-feira da semana passada, as autoridades japonesas deram início à operação de desembarque dos passageiros saudáveis, findo o período de quarentena do navio, iniciado a 3 de fevereiro, operação que terminou na sexta-feira. Epidemia já matou 2.500 pessoas Para grande parte dos pacientes, o Covid-19 começa e termina nos pulmões, porque, tal como a gripe, é uma doença respiratória. Estes vírus disseminam-se geralmente quando uma pessoa infetada tosse ou espirra, pulverizando gotículas que podem transmitir o vírus a qualquer pessoa em contacto de proximidade. Também provocam sintomas semelhantes aos da gripe: os pacientes podem começar com febre e tosse que progridem para uma pneumonia ou pior. De acordo com as pesquisas na China, o pangolim (mamífero) pode ter sido o hospedeiro intermediário do vírus. O Centro Chinês para Controle e Prevenção de Doenças encontrou semelhanças com a genética de morcegos e cobras. Os cientistas estudaram mil amostras de animais selvagens e determinaram que os genomas das sequências de vírus estudadas no pangolim eram 99 por cento idênticos aos dos pacientes infetados. Esta epidemia já infetou mais de 185 mil pessoas e provocou mais de 2.500 mortos.

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