Como o JORNAL DAS CALDAS noticiou na última edição, valeu a Mário Louceiro a persistência do amigo José António com quem ia jantar e que ao aperceber-se da sua ausência procurou-o na estrada até casa, vindo a descobri-lo após ter visto um sinal de trânsito derrubado pelo veículo. O acidente verificou-se perto de Casais Brancos, cerca das 18 horas. O condutor, de 56 anos, paraplégico, adormeceu ao volante e despistou-se. “A estrada é péssima e já lá ficaram muitos, mas eu adormeci por exaustão por uma fração de segundos, porque não dormi, pois queria fazer a mudança de casa depressa”, relatou. Ficou preso no interior da viatura, sem qualquer capacidade de mobilização e a entrar em hipotermia. “Pensei que não me safava. Apitei até a buzina se desligar, mas na estrada passa pouco trânsito e como era de noite ninguém iria ver o sítio onde estava o carro. Procurei muito e lá encontrei o meu telemóvel, mas não tinha bateria e mesmo quando o consegui ligar estava sem rede. A minha esperança era que alguém visse o sinal de trânsito que derrubei”, contou a vítima. “Estava com uma camisolinha e completamente gelado. E já tinha pensado que já não ia sair dali e que, pronto, já morri”, confessou Mário Louceiro, que quando era adolescente sofreu um acidente de mota que o deixou paraplégico, tendo na altura ficado exposto oito horas ao frio, antes de ter sido encontrado por um pastor. E o “milagre” voltou a acontecer. Alertados pelo amigo pelas 21h47, os bombeiros de Óbidos, apesar das difíceis condições de acesso ao local, onde já havia sido realizado um simulacro de acidente, conseguiram em 45 minutos fazer o desencarceramento da vítima, que elogia o salvamento protagonizado pelos onze operacionais, a quem chama de “heróis”. “Se ali ficasse a noite inteira dificilmente iria conseguir sobreviver face ao frio”, admitiu Marco Martins, comandante dos bombeiros de Óbidos. Depois de retirado, o homem foi analisado pela equipa da viatura médica de emergência e reanimação de Caldas da Rainha e apesar da situação dramática vivida, foi levado para o hospital apenas com ferimentos ligeiros, tendo no entanto permanecido durante a noite na unidade de saúde para exames, enquanto os bombeiros ainda conseguiram regressar a tempo ao quartel, onde os esperavam familiares para festejar a entrada em 2020.
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