De concordância com a essência mais elementar de Esquerda e Direita, o óbvio seria colocar o comunismo e o socialismo na primeira, e o liberalismo e o conservadorismo na segunda, porém, não é bem assim que isso ocorre.
Muitas vezes assusto-me com determinadas posições (populares) na política local, isso possui uma explicação simples: Falta de conhecimento político. O pior é que essa situação acaba por refletir-se partidariamente.
Um exemplo disso: Em meados de junho escutei um fraseado sinistro, saído da boca de um líder de um partido de Esquerda, a defender uma posição praticamente colada à Extrema-Direita. Uma perfeita demonstração de ignorância histórico-política, encostada ao mais feroz liberalismo clássico da escola austríaca.
Muito antes de se desejar liderar um partido político, é imperioso que se perceba onde o mesmo está situado sociologicamente, qual a sua essência, a sua história, e o seu modo de defender as causas mais importantes.
Nos tempos que correm, o conceito de Esquerda e Direita não é muito vincado, principalmente porque a ganância pelo poder e pela posição social se sobrepõem a qualquer ideal ou ideologia. É necessário definir o debate político, partindo de um princípio relacionado com as necessidades da população em geral, considerando, sempre, o contexto da luta social, em equilíbrio com a escala plutocrata.
Pratica-se, nas Caldas da Rainha, uma política Sincrética, e não uma política Esquerda-Direita. Muitos dirão que isso é bom. Na minha ótica não é, pois é fruto da ignorância e não do estudo. Essa política sincrética é perigosa pois aumenta o grau de populismo, fazendo com que o elemento que quer subir rapidamente na carreira política distribua, fartamente, abraços aos idosos e beijinhos às crianças, tudo regado a um palavreado carregado de adjetivos bacocos. Uma perfeita demonstração de desequilíbrio, no conjunto das ideias, no pensamento, na doutrina e, até, na conspeção de mundo. Essa carga de suposta neutralidade leva, sempre, ao engodo, por parte do eleitor, além de enfraquecer a Democracia.
É muito fácil perceber quando um indivíduo é um político sincrético, basta observá-lo no momento em que responde a questões delicadas, por exemplo, a tourada. A sua resposta será, inevitavelmente, de acordo com a plateia que está à sua frente, pois, o seu único intuito é o da reconciliação, do aproximar dos corações ao seu, através da aceitação (ou da negação), num espectro amplamente divergente.
Um político sincrético é perigoso, pois ele tanto pode apoiar causas sociais de grande importância, como extremismos fascistas (infelizmente, na maioria dos casos, é a segunda que costuma vingar, vejam o exemplo da carga maciça de apoiantes de Franco, na Espanha, de Mussolini na Itália e de Hitler na Alemanha), porque é um ser que camufla a realidade, investindo na falsa consciência enquanto ideologia, dando importância apenas ao status quo, se este se refletir em posição social e lucro financeiro para si.
Em Caldas da Rainha, para diminuir a possibilidade de surgimento do político sincrético, é necessário esclarecer a população – principalmente a juventude – explicando do modo mais elementar o que é a Esquerda (comunismo e socialismo) e o que é a Direita (liberalismo e conservadorismo), assim, quem sabe, o futuro possa ser banhado por muita água termal e muita cultura.
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