O projeto pretende dar continuidade e aplicabilidade aos resultados alcançados no projeto “proteger os rios, preservar a lagoa, promover o futuro”, relativo à bacia hidrográfica do rio Cal, desenvolvido no ano letivo anterior.
Tem como objetivo principal contribuir para a requalificação e despoluição do rio Cal, pela remoção da cana-comum (invasora predominante) e reposição da vegetação ripária no troço que atravessa a Quinta do Pinheiro, com vista à recuperação das suas funções ecológicas e da sua capacidade autodepuradora. Pretende-se ainda ajudar a minimizar os impactes ambientais da poluição junto ao Braço da Barrosa na Lagoa de Óbidos.
Numa primeira fase foram realizadas análises da água e feita a caracterização da situação existente no troço referido, em colaboração com a Agência Portuguesa do Ambiente – ARH Tejo e Oeste (Pólo de Caldas da Rainha), e efetuada a medição qualitativa do grau de perturbação do sistema ribeirinho sob orientação técnica de João Lopes e de Maria de Jesus Fernandes, diretora do Departamento de Conservação da Natureza e das Florestas de Lisboa e Vale do Tejo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
Numa segunda fase procedeu-se à intervenção neste troço, com remoção da cana-comum através de uma empresa qualificada contratada pela Câmara Municipal, supervisionada por Rute Henriques, do gabinete do vereador do ambiente, Hugo Oliveira, e pelos técnicos da Agência Portuguesa do Ambiente.
Nas etapas seguintes pretende-se plantar espécies autóctones concordantes com o elenco florístico das zonas ribeirinhas como o salgueiro e o freixo na margem direita, enquanto na margem esquerda serão plantadas diversas espécies arbustivas, como o pilriteiro, lúcia-lima, tamargueira, entre outras, numa área parcialmente relvada. Esta ação pretende criar um contínuo arbóreo no troço intervencionado, marcado pela ausência de espécies arbóreas/arbustivas.
Vai procurar introduzir-se no leito do rio, em colaboração com os escuteiros e aberto à colaboração da comunidade local, estruturas biofísicas, para sustentação e instalação de espécies macrófitas, entre elas exemplares de lírios-dos-pântanos, de forma a fixá-los no local e promover a recolonização destas plantas na área. As plantas são colocadas manualmente em núcleos, de forma a criar adensamento, utilizando-se estruturas de engenharia natural para assegurar uma proteção mais eficaz à corrente fluvial.
Estas estruturas biofísicas (grelhas) serão fixadas ao muro de pedra da margem esquerda e à margem direita do leito do rio, de forma a resistirem às correntes. Na margem esquerda, não emparedada, será feito o reforço da plantação de macrófitas com juncos e tabuas (plantas aquáticas).
A seleção das plantas com função auto depuradora foi feita como resultado de um estudo prévio levado a cabo pelos alunos no projeto desenvolvido no ano anterior, no âmbito do clube Ciência +, em parceria com a Universidade do Minho. As plantas selecionadas revelaram eficiência na fixação de diversos poluentes detetados nestas águas e são utilizadas em várias zonas do país em fitoETAR´s.
A margem esquerda poderá vir a ser utilizada como zona de lazer e de fruição da natureza por parte da população, pressupondo a instalação de um percurso pedestre e equipamento urbano de manutenção.
Pretende-se, no futuro, que seja efetuado o controlo de manutenção, procedendo ao acompanhamento das ações anteriormente executadas, quer no que refere à verificação das medidas de controlo, quer no sucesso das ações de plantação ou sementeira, quando tenham lugar, não dispensando pequenas intervenções quando se justifique.
Caso esta intervenção seja bem sucedida, propõe-se a sua replicação noutros troços do rio Cal, avaliados como problemáticos, em termos de poluição, de modo a requalificar de forma sustentada os cursos de água que atravessem a cidade, referem Fátima Cruz, Suzete Courela e Paulo Sousa, do Clube Ciência +.
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