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Gabinete de Psicologia dinamiza campanha de prevenção

“O bullying alimenta-se do silêncio das vítimas“

Mariana Martinho

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O crescente número de casos de bullying coloca novos desafios às instituições e aos cuidadores. Para Sara Oliveira, psicóloga do Gabinete de Psicologia da União de Freguesias das Caldas da Rainha em parceria com o Gabinete de Atendimento à Vítima de Violência Doméstica (GAVVD), ”é essencial estar atento aos sinais e não ficar indiferente a este flagelo”. Uma troca de experiências para melhorar o futuro das crianças vítimas de bullying aconteceu no passado dia 27, no auditório da Escola Básica D. João II, com a sessão “Bullying: Os sinais de Alerta”, direcionada para os encarregados de educação.
Cerca de 60 pais marcaram presença na sessão “Bullying: Os sinais de Alerta”

O projeto teve início em novembro do ano passado, com o objetivo de intervir em algumas escolas do pré-escolar e 1º ciclo pertencentes à União de Freguesias das Caldas da Rainha- Nossa Sª do Pópulo, Coto e S. Gregório. ”Estas ações já informaram 1400 crianças através de sessões breves, lúdicas e interativas, acerca do que é o ciclo vicioso do bullying”, adiantou Sara Oliveira.

Dados de 2014 apontam para “números preocupantes relativamente aos alunos das escolas portuguesas, que estão envolvidos em situações de bullying”. Deste modo, “pretendemos potenciar a adoção de comportamentos mais adequados, na relação com os outros, apresentando alternativas aos comportamentos de bullying e assim promover a erradicação da violência nas escolas”.

De acordo com o gabinete, estas ações são momentos ”em que as crianças fazem uma autorreflexão dos seus comportamentos, diferenciando os vários tipos de comportamentos violentos e desadequados”. Através de algumas estratégias de defesa e esclarecimentos de tipos de bullying, a intenção é “evitar situações futuras de bullying, tornando-os numa espécie de “heróis antibullying”, e reforçar a ideia do papel importante no combate à violência nas escolas”, apontou.

Segundo o gabinete, as sessões têm sido “bastante positivas, graças ao empenho e à disponibilidade das escolas, que apoiam este projeto”. Além dos professores, esta ação também abrangeu os pais, uma vez que ”consideramos peças fundamentais” para prevenir e estarem mais atentos às mudanças comportamentais das crianças, através dos sinais de alerta.

Durante a sessão, cerca de 60 pais que marcaram presença, questionaram e propuseram que sejam também informados os funcionários, para saberem como agir perante estas situações, e para que os casos sinalizados sejam cada vez menos.”Os ataques ocorrem normalmente em sítios isolados do recreio, e por isso é muito importante que as crianças saibam como podem intervir e a quem podem contar”, frisou.

Esta iniciativa também contou com duas técnicas do GAVVD, que apresentaram o funcionamento do gabinete e esclareceram dúvidas relativamente a este tipo de intervenção na área da violência. No dia 4, vai realizar-se a última sessão do projeto, na Escola Básica de Santo Onofre.

O Gabinete de Psicologia da União de Freguesias deu explicações mais pormenorizadas ao JORNAL DAS CALDAS sobre esta forma de violência entre alunos.

JORNAL DAS CALDAS – O que é o bullying? E qual é o perfil da criança e adolescente que sofre bullying?

Gabinete – É uma forma de violência entre pares, que acontece de forma contínua. No bullying existe um padrão de comportamentos agressivos exercidos sobre uma ou várias vítimas, por um ou vários bullies (agressores), ou seja, não é apenas um acontecimento isolado, mas violência exercida de forma regular no dia a dia da vítima. Neste tipo de violência existe intencionalidade em infligir sofrimento ao outro e a vítima não se encontra, normalmente, na posição de pedir ajuda. Para além disso, verifica-se um claro desequilíbrio entre a vítima e o agressor. A criança ou adolescente que é vítima de bullying pode estar mais vulnerável e normalmente apresenta determinados fatores de risco, como ser inseguro/a ou isolar-se do grupo, ser introvertido e não ter muitos amigos, ser considerado bom ou mau aluno, ser novo na turma, entre outros.

JC – Hoje em dia acontecem mais casos de bullying do que antes?

Gab. – A verdade é que atualmente o conceito de bullying é falado não só na comunidade escolar, mas também na comunidade em geral. A informação é difundida de uma forma mais rápida e incentivam-se as pessoas a denunciarem as situações, não permitindo que este seja um tema tabu. Estas questões não eram abordadas da mesma forma há alguns anos, portanto, só agora existe uma maior divulgação das situações e apresentação de dados estatísticos. Independentemente disso, alguns dados de 2014 avançam números preocupantes relativamente aos alunos nas escolas portuguesas que estão envolvidos em situações de bullying e por esse motivo o assunto é extremamente prioritário e devem continuar a existir espaços onde as pessoas possam ser sensibilizadas para este flagelo.

JC – Em qual idade escolar costumam acontecer mais casos?

Gab. – Alguns dados sugerem que a maioria dos casos de bullying começa antes dos 13 anos. Alguma literatura revela que crianças do pré-escolar normalmente já estão envolvidas nestes comportamentos de violência entre pares.

JC – Que tipo de consequências pode causar?

Gab. – As consequências podem ser várias e bastante nefastas. Como por exemplo: baixo rendimento escolar, baixa autoestima da criança ou adolescente, visão negativista de si. Estes casos podem evoluir para situações em que jovens evitam estar em determinados lugares ou pessoas, chegando a um ponto em que se isolam. Em outros casos mais graves pode surgir a ideação suicida, normalmente em situações de bullying prolongado e intenso. Mas a verdade é que as consequências podem ser várias, dependendo das características da criança ou adolescente

JC – Os pais ao saberem que o seu filho é vítima de bullying, o que podem fazer? E o que fazer caso o seu filho for o agressor?

Gab. – Existem determinados aspetos que são essenciais de ter em consideração no momento em que um pai descobre que o seu filho sofre de bullying. É muito importante que os pais não culpabilizem os seus filhos pelo sucedido; estes devem estimular o seu filho, reforçando a autoestima da criança e evidenciando as suas qualidades e sobretudo dar estratégias que sirvam de fatores de proteção. Para além disso, devem promover espaços para o diálogo, deixando a criança à vontade para falar sobre qualquer tema. É muito importante que os pais não desvalorizem estas situações de violência nem o sofrimento dos seus filhos, com expressões habituais como “este é um assunto de crianças, vocês que resolvam”. Posteriormente é essencial o contato com a escola, para averiguar pormenores acerca destes comportamentos de violência e assegurar a sua contenção.

No caso de os pais descobrirem que os seus filhos são agressores, devem sentar-se com estes e conversar abertamente acerca do sucedido, tentando perceber quais os motivos que despoletaram esta agressividade. Numa fase posterior é também importante o contato com a escola, existindo supervisão e acompanhamento por parte dos professores da situação em causa. Em situações mais graves, poder-se-á acionar outros mecanismos, como o GAVVD ou a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.

JC – Que medidas as escolas podem tomar para evitar este tipo de comportamento?

Gab. – A melhor forma de prevenir o bullying poderá passar por implementar determinadas medidas na comunidade escolar, como privilegiar as dinâmicas de grupo e observar atentamente as interações dos alunos, promover espaços lúdicos, ocupação dos tempos livres, favorecer a expressão emocional e intervir de forma imediata perante comportamentos agressivos. Também informar as crianças e alertá-las para este tema, privilegiando metodologias mais interativas, como a utilização de vídeos ou jogos pedagógicos.

JC – O bullying só ocorre nas escolas?

Gab. – O bullying acontece muito frequentemente nas escolas, mas não é o único sítio possível, existem outros contextos em que a violência ocorre constantemente, como nos bairros onde as crianças moram, nos ATL’s ou até mesmo no caminho para casa, entre outras situações. Também é importante transmitirmos a mensagem que o bullying não se limita simplesmente à violência física e que se tem observado uma evolução na forma em como este é perpetuado, existindo atualmente mais tipos de bullying, como por exemplo, o cyberbullying, em que os agressores utilizam as redes sociais e outros meios de comunicação como forma de lançar boatos, insultar e denegrir a imagem da vítima.

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