“O meu focinho está mais branco de dia para dia. Quando o tempo está mais húmido as minhas pernas ressentem-se. Vejo frequentemente pessoas entrarem e saírem do abrigo, mas elas não me veem. Parece que quanto mais tempo passa mais invisível me torno.
Porque é que ninguém me tira daqui? Fui um bom cão toda a minha vida. Portei-me bem. Desempenhei todas as tarefas que me pediram. Nunca lhes pedi nada. Agora depois de velho disseram-me que não servia para nada e deixaram-me na rua. Fiquei com frio, fome e sobretudo com falta de carinho. Agora tenho teto e comida. Mas ainda falta o carinho… Os meus amigos humanos do abrigo dão-me sempre atenção, fazem-me festas na cabeça, os mais destemidos dão-me beijos no focinho…mas é tão pouco tempo! Eu percebo porque tenho muitos mais companheiros no abrigo e elas têm de dividir o carinho…por isso é que queria uma família só para mim! Serei egoísta? Oh mas eu gostava tanto… Estou tão farto dos quadradinhos desta box…parece que estou preso…mas tirando uma migalhita ou outra nunca roubei nada a ninguém… Ah! Mas quem me dera! Quem me dera roubar o coração a alguém! Roubava-o mas enchia-o de lambidelas e carinhos todos os dias… Fico à espera…quem sabe um dia tenha essa sorte!”.
A história do Carnaval é também a de muitos outros animais. Não abandone!
CRAPAA (crapaa.animal@gmail.com)
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