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A semântica das privatizações

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Os biólogos há muito que sabem o quão importante é, para evitar o contágio e a propagação das moléstias, isolar as células malignas e impedi-las de se multiplicarem e desenvolverem. Há por isso que lhes subtrair o alimento, que lhes criar as condições ambientais mais desfavoráveis à existência, que até as atacar com o antibiótico. Sabem também os biólogos, pelo menos desde Darwin, que a luta pela sobrevivência é cruel e implica a progressiva eliminação dos seres menos aptos ou seja, daqueles que a sorte não quis que possuíssem as qualidades, ou a genética, mais adequadas ao tempo e às circunstâncias. Estes saberes da Biologia são diferentemente requisitados pelo Estado, em particular pelo “Estado social”, do qual os governos atuais, quase sem exceção, se dizem acérrimos defensores. Em Portugal, país epítome de tudo quanto ao mesmo tempo é e não é, refulge o esplendor da ambivalência, como uma gravidade quântica que fornecesse em simultâneo aos agentes patogénicos o ágar e o veneno. Em concreto: inocula-se o micróbio nocivo; deixa-se que ele se reproduza e metastize pelo tecido social; põe-se a criadagem em alerta (não vá o diabo tecê-las) e daí a algum tempo interpreta-se o acontecido como sendo o resultado “inevitável” da... seleção natural. Satanás faria melhor talvez apenas num aspeto: seria mais exigente com a criadagem..

Podeis perguntar: donde vem tão irracional, e malévola, tendência? Eu respondo: vem dos postos de malfeitoria em que se transformaram muitos cargos e “serviços públicos” criados pela democracia em nome das mais variadas (e solicitadas) virtudes. Portugal, como outros Estados politicamente atrasados, tende a ver a sociedade como uma grande família, sendo o papel do pater famílias assegurado pelo governo. Nestas circunstâncias, perguntar às pessoas se “aceitam” ou não que se privatizem as frequências eletromagnéticas do Estado(?), a água, os aviões, etc., é uma pergunta parva. É como perguntar ao cidadão se prefere ser roubado por um ladrão “da família” que ele já “conhece” ou por outro que ele talvez ainda “desconheça”, sendo que o cidadão desconfia que o primeiro trabalha para o segundo.

Quando muito a questão a pôr-se seria: concorda ou não em que a oligarquia indígena dominante deixe de ter o controlo sobre alguns setores públicos nacionais, fundamentais para a justiça, a cujas rendas (e prebendas de administração) ela nunca o deixou aceder em condições de igualdade de oportunidades, contrariamente ao previsto na Constituição? O que temem, afinal, os defensores políticos do “serviço público de televisão”? Que deixemos de “conhecer” certas caras quando a sondagem nos interpela? Que não saibamos mais quem são as “autoridades” que nos “governam”? Que os seus filhinhos percam a “oportunidade” de se tornarem ricos e famosos num qualquer ápice de revelação “artística” ou “literária”? Que não tenhamos mais que continuar a ser obrigados a pagar por coisas que não queremos ver ou ouvir?

Somente os povos que exigem qualidade aos seus governantes sabem que podem ganhar alguma coisa com o governo. Portugal é hoje (novamente? como sempre?) um país manso e amargurado, uma região do Universo inimiga de si própria, onde uns reconhecem o caldo nutritivo das Origens e outros a lama pestilenta dos Finais. Que sim a ambos direi, pois há de facto em Portugal, o mais antigo Estado-nação da bela Europa, um constante sentimento de ausência-permanência, uma persistente dor de corno mal curada que tolda os olhos do povo e que geme por socorro a cada amanhecer, esvaída em silêncio.

Uma dor aflita, temente de morrer sem ter dito as palavras; sem ter abraçado a doçura das esferas, o núcleo ardente das mais puras rosas! Para vermos ou pensarmos de forma diferente era necessário que fossemos outros. Que fôssemos mais militares do que militantes. Quiçá Zaratustra também assim tenha falado.

Valdemar J. Rodrigues

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