Tive há dias a dolorosa notícia da morte do meu querido amigo Pereira Júnior. A vida está cheia destas tristes novidades, do facto de desaparecerem do nosso convívio amigos por quem tínhamos uma tão grande estima que os encarávamos como se da nossa família fossem, e eram – duma família de amizades, às vezes mais sinceras e firmes do que a família de sangue. Pereira Júnior foi um homem que honrou a sua terra, autarca, de uma inconcussa dignidade e honradez deixa da sua memória o laivo de um homem digno que ocupou os cargos que ocupou – sempre servindo, nunca se servindo. A sua terra deve-lhe os favores que sempre se devem a um cidadão íntegro, com amor pela sua grei e pelos homens e mulheres que a honraram, e nela nasceram. Nem sempre é fácil levar até ao fim da vida o norte de uma existência digna, no respeito por nós próprios. Pereira Júnior foi esse homem raro que não deixa da sua vida o mais pequeno laivo de qualquer acção merecedora de crítica, e nos muitos amigos que o lamentam qualquer recordação demérita. São estes homens que constituem o cerne da verdadeira cidadania, sempre prontos a dignificar a sua terra, irmanados no sentimento de afecto que ela lhe merece bem como um outro significativo de fraternidade de que são credores os outros que nela igualmente viram a luz do dia. Rogamos à família de Pereira Júnior se dignem considerar o nosso sentimento de mágoa pela perda de mais um nosso amigo e que recebam as nossas condolências sendo que nós o vimos sempre como um membro da nossa família de afectos. Hermínio de Oliveira