O Hospital Termal das Caldas da Rainha está em pleno funcionamento desde o dia 1 de Março de 2010 e tem já muitos aquistas que não vivem sem os banhos das Caldas. A directora interina desta unidade, Maria da Conceição Camacho Alves em entrevista ao Jornal das Caldas falou sem rodeios de uma unidade que precisa de investimento e que tem uma imensa potencialidade. “Estamos a trabalhar desde o dia 1 de Março. Temos as análises todas bem. As duas secções estão a funcionar em pleno com todas as técnicas que temos e lamentamos não termos mais. Uma maca de vapor, precisamos. Temos o duche de vichy a funcionar mas precisávamos de mais um porque os utentes requerem. Temos as massagens, o banho de bolha de ar, o duche maniluvio e pediluvio”, disse a directora clínica. Apesar de estar nesta condição há um ano e aguardar por uma decisão da tutela quanto à sua nomeação Conceição Camacho fala abertamente do Hospital Termal, sem temer que tais afirmações a possam ajudar a ficar ou a sair da direcção clínica do Hospital Termal porque entende que em primeiro lugar estão os doentes do que os cargos. “Há uma confusão nas pessoas que falam que o Hospital está fechado e não está. O Hospital está em pleno funcionamento. O Hospital Termal das Caldas tem uma água mineral termal que é um medicamento e está de boa saúde. A água mineral termal tem o poder de ser anti-inflamatória, anti-alérgica, anti-descontracturante, hemio-relaxante e daí os efeitos que os doentes têm”, disse Conceição Camacho, médica no Hospital Termal desde 1987 e exerce funções de directora clínica desde Junho de 2009 após doença  do anterior responsável, José Franco que entretanto se reformou. “Precisamos de mais espaço para tratar mais doentes. Temos um projecto para desenvolver o rés-do-chão, porque temos as massagens todas completas, temos algumas vagas no duche de vichy e nos  banhos temos capacidade para dar mais. Neste momento o Hospital Termal fecha mais tarde, porque abrimos às 9 horas e só encerramos pelas 18 horas. As inalações estão a funcionar em pleno e temos capacidade de resposta para atender todos os doentes que apareçam no Hospital Termal”, disse a médica. O Hospital Termal tem capacidade para tratar diariamente 260 pessoas em banhos simples e de bolha de ar, 70 em duche circular, 40 em duche de espadana, 40 em duche de vichy, 40 em massagens, 240 em irrigação nasal, 170 em nebulização simples ou pulverização, 170 em aerosol simples ou sónico e 180 em nebulização cournier. “Neste momento há mais capacidade de resposta, porque estamos abertos ininterruptamente desde manhã até ao final do dia sem paragem para almoço”, frisou a clínica que ainda assim confessa que precisa de mais espaço e mais investimento por parte da tutela. Além deste caso os responsáveis do Hospital Termal lutam com falta de funcionários, nomeadamente técnicos de balneoterapia. “O Hospital não tem tido muita facilidade em contratualizar funcionários para o balneário. Temos pessoas formadas. A ETEO tem uma parceria connosco, há pessoas formadas por nós e teríamos essa possibilidade de as ter. Não está a ser fácil para a administração fazer contratos”, disse acreditando que estas dificuldades se devem aos cortes orçamentais do PEC no sector da saúde e que atingem o termalismo caldense. “Nós esperamos que venha a haver uma melhoria no rés-do-chão, mas há outras obras antes do balneário que precisam de ser feitas para maior e melhor segurança dentro da estância termal. Esperamos que venham verbas adjudicadas ao Hospital Termal para que a unidade seja mais desenvolvida. Com mais investimento, não há duvida que teremos mais aquistas. Temos condições para melhorar e o Ministério sabe disso porque recebemos muitos louvores dos utentes que são enviados para a tutela”, sublinha. “Acho que a tutela deveria olhar para este Hospital como um bem público. Como um hospital de assistência. Eu não me conformo enquanto clínica deste hospital e enquanto director clínica, com a ideia de não termos doentes internados neste Hospital. Gostaria de ter internamento. Não devemos de ter megalomanias, mas em Portugal há pessoas carenciadas que precisam de ter tratamentos. Não é o Hospital que deve olhar para isso, mas sim a tutela. É um Hospital do Estado e a tutela deveria pensar que deve investir nesta área. Quando investe está a poupar dinheiro a elaprópria, porque o doente não consome anti-inflamatórios, anti-alérgicos entre outros medicamentos está a poupar dinheiro ao Estado e não faz tanto mal ao utente”, explica Conceição Camacho, lamentando que “o Ministério da Saúde não olhe para o Hospital Termal como deveria olhar”. Conceição Camacho mostrou-se desconhecedora do caderno das parcerias publico-privadas para o Hospital Termal, mas apresentou a sua opinião sem qualquer rodeio. “Se for para termos um Hospital Termal público para os doentes terem benefícios e que para isso tenha de ser feita uma parceria eu não estou contra. Penso que era importante olhar-se para o Hospital e desenvolver-se. Economicamente este Hospital pode ser rentável para a tutela. Na enfermaria dos homens foi feito um ginásio que é um topo de gama. As pessoas dizem que as enfermarias são muito boas”, disse. Os doentes podem dirigir-se por iniciativa própria, chegando à recepção e pedem informações, mas também pela internet e telefone. Em todos os casos é-lhes dito que tem de fazer uma consulta, que normalmente é feita no dia em que se inscrevem. Para tal é necessário trazer alguns dados clínicos como analises e exames. Ainda assim há doentes que chegam ao Hospital Termal por indicação clínica, nomeadamente médicos de família. Para que isso aconteça com mais frequência está previsto um congresso regional no Hospital Termal em que estão a ser convidados médicos de Alcobaça, Nazaré, Caldas, Óbidos, Bombarral, Peniche e outros locais para conhecerem os tratamentos na unidade termal das Caldas. “Temos tido muitos jovens que são examinados e fazem tratamento que desejam fazer. O utente pode ser enviado pelo médico de família que tem um papel preponderante. Temos já preparado um congresso para dia 9 de Outubro para sensibilizar os colegas dos municípios limítrofes. Nós preferimos os utentes referenciados pelo médico de família, mas as pessoas podem consultar o site e inscreverem-se e fazer o seu SPA se estiverem em condições de o fazer. Abrir ao turismo não vejo inconveniente, mas será a tutela a decidir. Para os médicos os utentes são doentes” frisa. Os tradicionais SPA, utilizam o conceito Saúde Pela Água, estão de tal forma banalizados que no Hospital Termal das Caldas da Rainha onde esta figura realmente existe, os benefícios são reais, os preços são mais baixos e existe um acompanhamento médico que se adequa os tratamentos a cada um dos doentes.   Carlos Barroso   Testemunhos Margarida Rézio de 55 anos de idade, reside nas Caldas e é socióloga “Uma fractura no braço esquerda trouxe-me ao Hospital Termal, enviada pela minha médica ortopedista. Executei vários tratamentos na fisioterapia e em reunião clínica decidiram fazer a minha reabilitação com a água. Eu aceite e ao segundo dia de tratamentos deparei que não necessitava de tomar tantos analgésicos. Toma “Brufen” e “Algimate” e inicialmente cortei um e depois o outro porque não tinha dores. Falei desta situação aos clínicos que me explicaram ser normal dado o valor da água. Além da melhoria física realço os serviços prestados. Os médicos conferenciam e nós sentimo-nos acompanhados e orientados. Os tratamentos são realmente eficazes”.   Maria José Rodrigues de 57 anos de idade, reside nas Caldas e é trabalhadora de hotelaria “É uma maravilha. Eu entrei desesperada com dores e comecei a sentir melhorias. Estou muito melhor e deixei de tomar qualquer tipo de analgésico. Recomendaram-me as termas e foi por insistência da minha filha que aqui estou. Faço banhos e estou muito melhor. Recomendo a todas as pessoas porque me sinto fantástica. Só o facto de que durante duas semanas não tomei um único comprimido para as dores é muito bom. Eu tomava para suportar as dores e para dormir, consumia muita medicação. As termas fazem bem a tudo”.   Armando Marques de 63 anos de idade, reside em Leiria, é reformado mas desempenhou funções com técnico de manuseamento de químicos “Desde 94 que faço aqui termas, depois de uma decisão médica no Hospital de Leiria. Mas primeiro foi-me recomendado fazer termas em São Pedro do Sul, mas depois de falar com um médico vizinho, ele disse-me que as águas são quase as mesmas mas tem outros resultados. Além disso disse-me que nas Caldas é mais barato fazer os tratamentos e isso é verdade. No primeiro tratamento não notei diferença, mas depois a partir do segundo notei logo a diferença. Deitava impurezas que me restringiam a respiração. Deixei de usar a bomba de auxílio para respirar. Ao longo destes anos sinto-me bem. Venho duas vezes por ano fazer os tratamentos e recomendo. Tenho apenas um alerta é que quando havia internamentos era muito melhor fazer aqui tratamentos, especialmente para quem vem de fora. Agora vou e venho todos os dias durante quinze dias. Quero ainda dizer que apesar de as termas das Caldas fecharem devido aos resultados há água, é sinal que estão a cuidar da nossa saúde porque controlam bem isto”.   Palavras-chave da directora clínica, Conceição Camacho “O Hospital está em pleno funcionamento”. “A água mineral termal que é um medicamento e está de boa saúde”. “Precisamos de mais espaço para tratar mais doentes”. “A administração não tem tido muita facilidade em contratualizar funcionários para o balneário”. “Acho que a tutela deveria de olhar para este Hospital como um bem público”. “Eu não me conformo enquanto clínica deste hospital e enquanto director clínica, com a ideia de não termos doentes internados neste Hospital”. “Economicamente este Hospital pode ser rentável para a tutela”.