Organizada pela Associação Património Histórico (PH) e pela Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha, a exposição integra o programa comemorativo dos Cinco Séculos de Legado da Rainha D. Leonor. Reúne documentos históricos conservados no arquivo da Misericórdia e no espólio do médico Fernando Correia, figura central da assistência infantil no concelho.
Na sessão de abertura, Isabel Xavier, presidente do PH, destacou a importância do arquivo histórico e sublinhou a presença de Natália Correia Guedes, descendente direta de Joaquim Manuel da Silva Correia, o autor do projeto arquitetónico do edifício do Lactário-Creche.
A provedora da Santa Casa da Misericórdia, Maria da Conceição Pereira, lembrou que a exposição surge também no contexto da preparação do centenário da instituição, explicando que o trabalho de organização do arquivo está em curso graças à colaboração com o PH. “Sem arquivo, não há memória”, afirmou, referindo que o estudo destes documentos permitirá futuras iniciativas e publicações relacionadas com o papel social da Misericórdia ao longo do último século. Recordou ainda que o atual Jardim de Infância Dr. Leonel Sotto Mayor nasceu precisamente dessa linhagem assistencial, mantendo viva a missão iniciada pelo lactário.
O presidente da Câmara Municipal, Vítor Marques, enalteceu o mérito voluntário que esteve na origem do lactário e reconheceu a atualidade do legado da Rainha D. Leonor, cujo espírito de apoio aos mais vulneráveis “permanece vivo nas instituições caldenses”.
A investigadora Joana Beato Ribeiro, que enquadra a direção do PH e é responsável pela organização científica da exposição, aprofundou a dimensão histórica da mostra, explicando que o trabalho resulta da investigação que tem vindo a desenvolver sobre o Lactário-Creche. Sublinhou que muitos dos documentos agora expostos só existem graças a quem os preservou. “Foi a Dra. Natália que, em 1993, devolveu ao PH o arquivo que tornou possível reconstruir esta história. Sem essa decisão, não estaríamos aqui”, afirmou.
Ao longo da sua intervenção, contextualizou o nascimento do Lactário em 1925, ano em que se assinalou o quarto centenário da morte da Rainha D. Leonor, lembrando que a instituição foi pioneira no apoio à infância pobre. Esta distribuiu milhares de litros de leite, acompanhou mães, prestou cuidados médicos e acolheu crianças em regime interno, tornando-se, segundo a investigadora, “um verdadeiro sistema de proteção infantil numa época de grandes carências”.
Joana Beato Ribeiro destacou ainda o papel das mulheres voluntárias que garantiam o funcionamento diário do lactário. “As senhoras visitadoras tornaram-se fundamentais. Eram elas que vinham todos os dias ajudar, cuidar e acompanhar. A certa altura passam a surgir regularmente nos registos e atas, o que mostra a importância que tiveram”, referiu, acrescentando que era necessário “trazê-las de volta à história”. Elaborou inclusivamente uma lista das voluntárias identificadas nos documentos, apresentada na exposição.
A investigadora explicou também que estão previstas visitas guiadas semanais e que existe a intenção de organizar uma visita ao edifício original do Lactário-Creche, hoje o Jardim de Infância Dr. Leonel Sotto Mayor, onde subsistem elementos arquitetónicos que remontam à instituição fundada há quase um século.
A exposição é de entrada livre e pode ser visitada até 31 de dezembro, de segunda a sexta-feira entre as 09h00 e as 19h00, e aos sábados das 09h00 às 17h00.









