O artista caldense Guga Morgado pintou no mês de junho um mural nos dois lados das bancadas no campo da Quinta da Boneca, onde treinam os atletas do Caldas Sport Clube (CSC).

Para este projeto inspirou-se “nos próprios jogadores, dos diferentes escalões, e nas cores do logotipo do clube”.

Guga Morgado foi ainda o autor dos desenhos para um dos novos equipamentos do clube. Na parte frontal, as camisolas têm vários símbolos associados às  Caldas da Rainha, nomeadamente os Pavilhões do Parque, as bancas da Praça da Fruta, a estação de comboios, mas também Bordalo Pinheiro e algumas das suas peças.

Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, Guga Morgado disse que a colaboração com o CSC surgiu a partir do presidente Rodrigo Amaro, que “me contactou após ver os meus trabalhos anteriores e fez-me a proposta para trabalhar com o clube”.

Para as camisolas baseou-se nos diferentes elementos culturais que são típicos e caraterísticos das Caldas da Rainha. “Fiz desenhos que representam alguns edifícios, sítios, monumentos, elementos culturais caraterísticos da cidade, como peças da Bordallo Pinheiro, e elementos mais ligados ao futebol, como a Taça de Campeão Nacional da III Divisão, a Taça de Portugal e o próprio campo da Quinta da Boneca”, contou Guga Morgado.

Contando com o desenvolvimento do esboço juntamente com a direção do clube, até finalizada toda a pintura do mural, “durou aproximadamente duas semanas”. “Já os desenhos para as camisolas foi mais rápido, pois desenvolvi-os num só dia e depois o clube tratou de entregá-las à gráfica para a produção dos novos equipamentos”, explicou.

Para o artista caldense foi “bastante importante trabalhar com o clube da minha cidade. Apesar de ter praticado outros desportos e nunca ter seguido o futebol, muitos dos meus amigos, amigos de amigos e conhecidos, jogaram neste clube”.

“Independentemente de nunca ter estado diretamente ligado ao CSC, até agora fez sempre parte da minha vida, por isso deu-me muito gosto de poder deixar a minha marca no campo, em forma de homenagem a este clube, que é tão importante na nossa cidade”, salientou Guga Morgado.

O presidente do CSC disse ao JORNAL DAS CALDAS que era desejo do clube criar uma imagem que identificasse o campo da Quinta da Boneca. “Considerámos que os muros brancos que suportam as duas bancadas era um excelente sítio para ser personalizado e nome do Guga Morgado surgiu porque já tinha visto o mural que ele fez no Clube Padel Caldas e concretizou-se o acordo entre o CSC e o artista”, referiu o responsável.

O dirigente considera que o mural está “muito bem conseguido”. “Fizemos uma apresentação pública na festa de encerramento da época, onde convidámos o Guga a estar presente e tirámos a fotografia do grupo a apanhar o mural e o feedback do público em geral foi muito positivo. Era aquilo que queríamos porque faz uma alusão ao companheirismo, à prática desenvolvida com o desenho da baliza e também uma referência a jogadores e jogadoras”, sublinhou.

Segundo Rodrigo Amaro, o mural vem trazer uma identificação do campo. “Vinham equipas de outras regiões para jogar contra o Caldas e quando chegavam ao campo não havia uma identificação. Agora é bem visível que vêm jogar com o Caldas na Quinta da Boneca”, adiantou. O mural representa “os “atletas, a modalidade e o CSC”, manifestou.

O clube pretende que os alvinegros passem a ser conhecidos como os “pelicanos reais” e o mural também representa isso.

Mural na Moita

Depois de ter terminado o projeto do CSC, Guga Morgado pintou um mural na Moita, Alvorninha. Retrata os “tempos antigos da aldeia e os seus costumes e tradições, para dar um pouco de vida a um muro branco à entrada da mesma”.

Segundo Guga Morgado “este projeto surgiu como todos os outros, as pessoas em questão viram os meus trabalhos anteriores e contactaram-me. Neste caso, fui convidado pela presidente da Associação da Moita, Carla Oliveira, a quem estou muito grato pela oportunidade, pois gostei imenso de trabalhar lá, devido à grande hospitalidade e generosidade das pessoas desta aldeia”. O artista terminou o mural da Moita no final de agosto.

Guga Morgado desenvolveu também outros dois projetos, nomeadamente um mural interior na loja Bordados da Reis, na Usseira, e um mural na fachada lateral do restaurante Taberna do Manelvina, em Cruzes.

A sua verdadeira paixão continua a ser pintar telas, que é onde se sente “mais livre de criar, a pintar somente o que quero e o que gosto, sem ter que ir ao encontro de ideias de terceiros”.

No entanto, esta nova vertente do seu trabalho, que são os murais, que começou a desenvolver há cerca de um ano, “também me tem dado muito gosto de fazer, pois para além de ser diferente em termos de escala e materiais, que é um bom desafio para melhorar as minhas aptidões artísticas, também tenho conhecido muito boa gente e ambientes bastante diversos uns dos outros, o que me dá outro tipo de aprendizagem”.

Pretende continuar a trabalhar arduamente nestas duas facetas, que “acabam por se complementarem uma à outra, e ver até onde é que elas me levam, sempre com o objetivo em mente de tornar o meu sonho realidade, que é um dia ser um artista influente e reconhecido, deixando este mundo um pouco melhor do que o encontrei”.

Quanto a projetos para o futuro, tem algumas propostas “a caminho”, que “revelarei assim que for oportuno, no meu instagram (gugamorgado_), onde tenho também fotos e vídeos de todos os trabalhos que realizei até à data”.

O caldense fez a sua escolaridade nas  Caldas da Rainha, escolhendo a área de Artes Visuais e História e Cultura das Artes no secundário. Prosseguiu os estudos na universidade, licenciando-se em Marketing e Publicidade na IADE-Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia.

Acabada a licenciatura, decidiu prosseguir a sua verdadeira paixão, a pintura, e matriculou-se na escola Ar.Co, em Lisboa, onde está a frequentar o último ano do curso de Desenho e de Pintura.