A jovem, natural de Sintra, é aluna da UAARE (Unidade de Apoio ao Alto Rendimento na Escola) do Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro, nas Caldas da Rainha, tendo transitado este ano letivo para o 11o ano do curso de Ciências e Tecnologias.
Frequenta há cerca de um ano a escola caldense e conseguiu atingir o objetivo de estar presente nos Jogos Paralímpicos, em Tóquio, de 24 de agosto a 5 de setembro.
Antes da partida para Tóquio, Beatriz Monteiro foi homenageada numa cerimónia que decorreu na passada segunda-feira no Salão Nobre dos Paços do Concelho das Caldas da Rainha.
A autarquia ofereceu à atleta uma serigrafia de Mantraste, artista também das Caldas da Rainha, que se inspirou no badminton, modalidade que viu confirmada a estreia portuguesa em Jogos Paralímpicos.
Na cerimónia de homenagem, a atleta não escondeu a felicidade que sente quanto à sua qualificação para os Jogos Paralímpicos.
“Estou muito contente por representar Portugal. É um grande orgulho e a concretização de um sonho”, referiu.
Admitiu “ser difícil ganhar uma medalha em Tokyo 2020”, garantindo, no entanto, que está “na melhor forma possível”, que vai dar o seu melhor e que quer divertir-se e “aproveitar a melhor sensação que um atleta pode ter”.
Quanto a ser a única atleta a representar a modalidade, Beatriz Monteiro disse que sente “uma pressão positiva”, estando mais motivada para concretizar os seus objetivos.
Começou a praticar badminton quando tinha apenas nove anos, no seu 5o ano de escolaridade. “Não tive qualquer influência para começar a praticar este desporto, simplesmente iniciei no desporto escolar, que é das melhores coisas que um aluno pode ter, porque ajuda-nos em tudo”, conta a aluna-atleta da UAARE do Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro. Federou-se aos dez anos no seu primeiro clube.
“Exemplo para muitos jovens”
O triatleta caldense João Pereira, que participou nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 e terminou em 27o, esteve presente nesta sessão, mostrando o seu apoio a Beatriz Monteiro.
O vereador Pedro Raposo, responsável pelo pelouro de desporto, disse que esta cerimónia pretende “exaltar a importância do desporto e a representação portuguesa nisto que são os Jogos Paralímpicos que representam a coragem, determinação, inspiração e igualdade”.
Frisou a importância de Beatriz Monteiro “defender as cores nacionais, mas, também por mostrar a inclusão que deve ser promovida pela prática do desporto”.
O vereador agradeceu o apoio e presença da família da atleta, que “tiveram um papel ativo neste processo”.
Presente na cerimónia de homenagem esteve o presidente do Comité Paralímpico de Portugal, José Manuel Lourenço. Disse a Beatriz Monteiro que ela tem que ser um exemplo “para muito jovens da tua idade ou um pouco mais velhos”.
“A presença hoje aqui de João Pereira é inspiradora e simboliza aquilo que deve ser a união entre estas duas dimensões que, já agora, acredito que um dia, ainda que existam competições diferentes em termos organizativos, o futuro vai encarregar-se de juntar”, manifestou.
José Manuel Lourenço agradeceu ainda o apoio dos pais da atleta, considerando que “é nas famílias que está a solução para trazermos mais jovens para o desporto”. “É fundamental que as famílias vençam o estigma da deficiência”, salientou, acrescentando que “é através do desporto que se pode aumentar a qualidade de vida das pessoas com deficiência”. “Dá-lhes outros horizontes e outras perspetivas de vida e em muitos casos funciona como um elevador social”, adiantou.
Sandra Amaral, diretora da Federação Portuguesa de Badminton, falou em representação do presidente da Federação e “elogiou o esforço e dedicação da Beatriz Monteiro, que é a primeira atleta de Para Badminton a representar Portugal nos Jogos Paralímpicos”.
Vítor Pardal, responsável nacional do projeto UAARE, referiu os resultados finais deste ano letivo da unidade caldense: “Nas Caldas o projeto UAARE, com atletas de nove modalidades não podia ser mais exemplar”, salientou, acrescentando que “os alunos que frequentam a Escola Rafael Bordalo Pinheiro têm 98,80% de desempenho académico, acima da média nacional”, fazendo notar que “85% destes alunos atletas não tiveram uma negativa”.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, destacou o facto de Beatriz Monteiro ter vindo viver para as Caldas “percebendo que havia uma alternativa do projeto UAARE numa escola com qualidade e uma Federação Portuguesa de Badminton que a acolheu”.
Destacou os resultados positivos e o sucesso do projeto UAARE na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro e pediu um aplauso ao professor aposentado, Manuel Nunes, que iniciou este processo na escola.
O autarca defendeu ainda que o desporto escolar tem que ser “reativado” e receber mais “investimento”.
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