Meio milénio depois da morte de D. Leonor, a fundadora das Caldas da Rainha e do Hospital Termal mais antigo do mundo, a sua história continua a inspirar. Conhecida pelo apoio aos vulneráveis, pelo mecenato das artes e pelo legado das Misericórdias, D. Leonor surge agora como uma verdadeira “influencer” do século XXI. Entre selfies e stories, vídeos de TikTok e postagens solidárias, ela “usaria todas as ferramentas digitais para espalhar bem-estar, cultura e generosidade, mostrando que a sua influência atravessa os séculos, das águas termais da sua cidade às redes sociais do mundo moderno”.
A festa iniciou-se com uma encenação protagonizada pelo ator José Ramalho e pela atriz e professora da ETEO Inês Fouto, que interpretou o papel da Rainha D. Leonor, introduzindo o público no conceito central do espetáculo e na atualidade da figura histórica homenageada.
Seguiu-se a apresentação conduzida pelas alunas Diana, do 3.º ano do curso de Técnico de Audiovisuais, e Vitória, do 3.º ano de Técnico de Gestão, que deram as boas-vindas e explicaram que os vários cursos da escola iriam desfilar e atuar ao longo da noite num espetáculo dedicado à “Rainha Influencer”.
O espetáculo seguiu com uma atuação musical de Joaquim António, acompanhado do curso profissional de Animador Sociocultural, com a canção Já Não Podeis Ser Contentes. Depois foi a vez da canção “Broas de Mel”, dirigida pelo professor Nuno Henriques.
Seguiu-se a atuação do grupo “Os Agricultores do Caos”, formado por Henrique Pinto, Duarte Trindade, Mateus Santos e Filipe Plácido, que interpretaram um tema dos Xutos e Pontapés e que participaram, recentemente, numa edição do concurso Toma Lá Talento, realizado nas Caldas. A vertente teatral e humorística esteve em destaque com uma comédia apresentada pelo curso de Informática de Sistemas, onde a Rainha D. Leonor surge como influencer bloqueada nas redes sociais, e com uma recriação da fundação do Hospital Termal das Caldas pelo 3.º ano de Animador Sociocultural.
Na segunda parte, os cursos de Técnico de Multimédia e Técnico de Audiovisuais contaram, com música, dança e teatro, a história da criação das termas e do hospital. Seguiu-se a atuação do grupo de dança “Cultura Viva”, composto por nove alunas de diferentes cursos, numa homenagem ao mecenato artístico da rainha. O curso de Turismo apresentou uma sátira em forma de concurso e desfile para eleger a “Miss Misericórdia”, enquanto os cursos de energias renováveis mostraram, em vídeo, soluções inovadoras para os desafios ambientais atuais do Hospital Termal. A música regressou com os duetos de Pedro Rosa com Clara Duarte e Alícia Santos, e o humor voltou com os cursos de Serviços Jurídicos, Design de Comunicação Gráfica e Gestão, numa encenação de casos judiciais modernos envolvendo a rainha. O espetáculo prosseguiu com atuações dos cursos de Técnico Auxiliar de Saúde, Segurança no Trabalho e Massagem de Estética e Bem-Estar, sublinhando a influência de D. Leonor nas áreas da saúde, segurança e bem-estar, e terminou com a atuação dos docentes da escola ao som de “Carol of the Bells”, encerrando com o Hino da ETEO, cantado por toda a comunidade educativa.
Em declarações ao Jornal das Caldas, a diretora da Escola Técnica Empresarial do Oeste, Filomena Rodrigues, sublinhou que a Festa de Natal é uma iniciativa com uma longa tradição na escola e assume um papel central na ligação entre toda a comunidade educativa. “É uma forma de promover a interação entre alunos, famílias e escola”, afirmou, destacando o envolvimento visível dos encarregados de educação. “O entusiasmo e o empenho dos alunos acabam por contagiar os pais, que os apoiam e incentivam, como se comprova pela forte adesão do público. É um momento de união e de partilha, onde todos trocamos votos de boas festas”.
A responsável realçou ainda a importância pedagógica do evento, salientando que a preparação do espetáculo contribui de forma decisiva para o desenvolvimento de competências fundamentais para o futuro profissional dos alunos. “Os alunos têm de tomar iniciativa, pensar ideias dentro do tema proposto, criar adereços, montar cenários e concretizar aquilo que idealizam. Muitas vezes, têm também de contactar agentes socioeconómicos para obter meios que lhes permitam concretizar os projetos”, explicou.
Sobre o tema escolhido para o espetáculo deste ano, Filomena Rodrigues frisou que partiu dos próprios alunos. “Na minha opinião, escolheram muito bem, porque a Rainha, no seu tempo, foi realmente uma grande influencer”, referiu.
A diretora destacou igualmente a dimensão cultural e educativa da iniciativa, ao permitir dar a conhecer ou reavivar a memória das obras e do legado de D. Leonor, num ano particularmente simbólico, marcado pelos 500 anos da sua morte. “É um momento de partilha de conhecimento, que educa os alunos e recorda a importância histórica desta figura”, disse.
No total, estiveram envolvidos cerca de 440 alunos, praticamente a totalidade da comunidade escolar, com um forte apoio dos docentes e funcionários. “Esta é a festa de todos. Os professores envolvem-se na preparação, ajudam nos ensaios e nos cenários, e participam também diretamente no espetáculo. É uma verdadeira celebração coletiva”, concluiu Filomena Rodrigues.









