A mostra deste artista tão fortemente ligado à história das Caldas da Rainha explora a sua variedade e riqueza cultural através de publicações periódicas, desenhos, caricaturas, menus, cartazes publicitários, bilhetes postais e almanaques.
Toda a documentação em exposição pertencia a Vasco Trancoso, que em 2008 a disponibilizou à Câmara Municipal das Caldas da Rainha. O próprio também esteve presente na inauguração, onde pôde ver a sua antiga coleção numa exposição com a curadoria de Jorge Silva.
Todos os documentos foram “tratados, catalogados, indexados e digitalizados”, revelou Aida Reis, técnica superior da Unidade da Cultura/Biblioteca Municipal. Assim, mesmo após o final da exposição, a 28 de março de 2026, o público continuará a ter acesso aos documentos através do catálogo online da Biblioteca. Devido à grande extensão da coleção, na inauguração ainda não estavam presentes todos os artigos disponíveis.
Aida Reis acredita que “Bordalo ficaria muito contente com a exposição, uma vez que era um homem de pensamento livre e as bibliotecas defendem esse grande valor, o da liberdade”.
Em relação à mostra, Jorge Silva explicou: “Eu escolhi aqui dez temas, que ligassem ao máximo o património da biblioteca com o do Bordalo”. O curador, que ainda se considera “um novato em matéria bordaliana”, disse ficar cada vez mais fascinado com o artista e sua obra, à medida que a explora. Segundo ele, Rafael Bordalo Pinheiro “é inesgotável”, admitindo nunca ter conhecido um artista com tamanha “quantidade de livros e obras de toda a espécie”.
Um dos aspetos de Bordalo que Jorge Silva destacou foi “o seu lado de inventor”, uma vez que este foi um pioneiro da banda desenhada em Portugal. Na exposição estão artigos que remetem a várias facetas do artista, como o das causas humanitárias, o da política, o da publicidade e o da sua vida social.
Conceição Henriques também esteve presente e não pôde deixar de agradecer a Vasco Trancoso “por tudo o que tem feito em contributo daquilo que é a memória coletiva das Caldas da Rainha”. A vereadora revelou ainda que há dois ou três anos, uma nova peça de Rafael Bordalo Pinheiro, que retrata em azulejo Santo António, foi descoberta dentro de um caixote, numa casa prestes a ser demolida. Uma vez que não tinha meios, o Município fez um protocolo com o Museu do Azulejo para a sua recuperação e, neste momento, o painel de azulejos “encontra-se pronto para ser mostrado”. A autarca está confiante de que, este ano, o público ainda vai ter oportunidade de testemunhar esta obra nunca antes vista e contou que até o Museu Bordalo Pinheiro de Lisboa já mostrou interesse em expor o painel.
A entrada na exposição Bordalo é livre. Segunda e sábado está aberta das 13h30 às 19h00 e nos restantes dias das 10h00 às 18h00, menos ao domingo, em que está encerrada.
