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Aumentam transferências para urgência em pedopsiquiatria de jovens com tendências suicidas

Evento da UCF Oeste alertou comunidade para os problemas de saúde mental nas crianças e adolescentes

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A Urgência Pediátrica da unidade das Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) está a transferir um adolescente a cada semana e meia para um serviço de urgência em pedopsiquiatria. A ideação suicida e a intoxicação medicamentosa voluntária foram os principais motivos de transferência. Predomina a faixa etária entres os 15 e os 18 anos.

A Urgência Pediátrica da unidade das Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) está a transferir um adolescente a cada semana e meia para um serviço de urgência em pedopsiquiatria. A ideação suicida e a intoxicação medicamentosa voluntária foram os principais motivos de transferência. Predomina a faixa etária entres os 15 e os 18 anos.

Em 2022 houve 37 transferências, um aumento três vezes superior relativamente a 2021 e um aumento de seis vezes relativamente a 2018. Num período de 12 anos (2004 e 2016) foram deslocados 77 doentes enquanto que nos últimos 5 anos foram transferidos 72. No período pós pandemia existiu um aumento do número de transferências.

Segundo Luísa Preto, diretora do serviço de Pediatria da Unidade das Caldas, “nós estamos a transferir para uma urgência de pedopsiquiatria casos de tentativa de suicídio ou muito próximo disso, ou seja, os casos mais graves que estão no fim de linha”.

“Os dados apontam que a faixa etária é dos 15 aos 18 anos, mas nós tivemos 18 casos de miúdos entre os 10 e os 14 anos”, alertou a responsável, revelando que “as raparigas são as que mais transferimos por comportamentos auto abusivos enquanto os rapazes chamam menos atenção, mas são mais efetivos no suicídio”.

Luísa Preto está preocupada com o aumento muito significativo de número de transferências, uma vez que só deslocam os casos mais graves, mas “existem outros casos de problemas de saúde mental nas crianças e jovens”.

A diretora do serviço de Pediatria do Hospital das Caldas disse que há falta de profissionais de saúde na área da saúde mental. “Alguns casos não são diagnosticados porque não temos resposta. No serviço temos uma psicóloga que nos dá apoio com algumas horas, nem sequer tem o horário completo. Na urgência pediátrica só para os diagnósticos de saúde mental precisávamos de um psicólogo a tempo inteiro, fora todas as outras situações de pediatria que implicam apoio psicológico, nomeadamente doenças crónicas que também precisam de auxílio”, apontou.

Luísa Preto afirmou que há “falta pedopsiquiatras e a nível nacional e psicólogos há muitos, mas não há ordem para contratar”.

Os dados foram revelados pelo serviço de Pediatria da unidade das Caldas num encontro que decorreu no passado dia 26 na Biblioteca Municipal, organizada pela Unidade Coordenadora Funcional do Oeste (UCF) que tem a vertente da saúde materna, crianças e adolescentes e que junta os profissionais do CHO e dos Agrupamentos de Centros de Saúde Oeste Norte e Oeste Sul (ACES Oeste Norte e ACES Oeste Sul).

Além dos profissionais de saúde foram convidados para esta sessão representantes de escolas e das autarquias. A diretora do serviço de Pediatria considera que os estabelecimentos de ensino são fundamentais para detetar “atempadamente estes problemas e só assim se consegue de alguma forma chegar a esses miúdos e evitar que vão para o fim de linha”.

Cláudia Cabido, que dá consultas de pedopsiquiatria no CHO, revelou que faz “uma articulação com os cuidados primários, mas para que esta parceria possa ser mais efetiva preciso de mais recursos para que possa haver uma atenção multidisciplinar para o seu correto acompanhamento”. “Como técnicos e médicos podemos identificar os problemas de saúde mental, mas depois é preciso intervir com uma rede que se constrói com recursos necessários que neste momento não existe”, contou.

A pedopsiquiatra realçou ainda que há mais pessoas a “reportar os problemas ligados à saúde mental”.

Rodrigo Marques, médico no ACES Oeste Norte, referiu que dos dez problemas de saúde mais frequentes nos utentes, a perturbação depressiva aparece em terceiro lugar. Segundo este profissional de saúde, aumentar os recursos humanos e melhorar a articulação com o CHO são alguns desafios para o futuro.

Erika Rocha, presidente do conselho clínico e de saúde do ACES Oeste Norte e coordenadora do UCF Oeste, declarou que tanto os colegas do hospital como os dos cuidados de saúde primários verificaram o aumento de problemas de saúde mental dos adolescentes. “As transferências de jovens nesta zona nos últimos cinco anos tomou uma proporção mais significativa do que alturas anteriores e os recursos que temos na zona são muito poucos”, salientou.

“Não podendo inventar mais médicos, psicólogos e psiquiatras no curto prazo temos que apostar na prevenção”, adiantou. Daí a organização deste evento que envolveu a comunidade porque, segundo esta responsável, “só com tantos intervenientes e em equipa é que vamos fazer a diferença em vez de estarmos todos a tentar apagar um fogo já numa fase muito avançada”. “O ideal era que as crianças não chegassem à urgência de pediatria por estas razões”, sustentou.

A coordenadora do UCF Oeste defendeu que a comunidade deve valorizar as “queixas de saúde mental”.

O ACES Oeste Norte e o ACES Oeste Sul prestam cuidados primários a cerca de 400 mil utentes.

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