Q

Previsão do tempo

14° C
  • Wednesday 20° C
  • Thursday 17° C
  • Friday 17° C
14° C
  • Wednesday 20° C
  • Thursday 17° C
  • Friday 17° C
14° C
  • Wednesday 22° C
  • Thursday 17° C
  • Friday 18° C

Uma questão de “velhos” conceitos

EXCLUSIVO

ASSINE JÁ
Idosos, terceira idade, seniores, reformados, velhos...são muitos os conceitos vulgarmente utilizados para definir as pessoas com mais idade. Dei comigo a refletir sobre estes conceitos.

Idosos, terceira idade, seniores, reformados, velhos…são muitos os conceitos vulgarmente utilizados para definir as pessoas com mais idade. Dei comigo a refletir sobre estes conceitos.

O conceito normalizado para definir um cidadão com mais de 65 anos em Portugal, é idoso. Este conceito foi criado em França, em 1962, com o surgir de uma política de integração das pessoas mais velhas, com reformas político-administrativas que visaram dar melhores condições de vida a uma faixa etária à beira da indigência desde o pós segunda guerra mundial. O conceito de idoso veio então substituir outros termos utilizados, por serem considerados mais pejorativos e também no sentido de uniformizar um conceito que até então era vago.

Terceira idade também foi um conceito adotado na mesma altura, designando as pessoas na idade da reforma, fase na qual se reconhece uma maior necessidade de cuidados a nível físico e mental, promovendo um envelhecimento com maior qualidade de vida. Mas será que podemos limitar o ciclo de vida de uma pessoa a três etapas? Com o aumento da esperança de vida não será redutor? Porque não quarta idade, quinta?

Já o conceito de sénior surgiu nos anos 60, com base na hierarquia profissional. Um colaborador no início de carreira será considerado júnior, já com experiência na profissão é considerado sénior. Por conseguinte adaptou-se o termo ao ciclo de vida para denominar uma pessoa com mais experiência de vida. Até concordo com a sua adaptação, contudo mais uma vez considero redutor. A experiência de vida é apenas uma característica num ser biopsicosociocultural, espiritual, emocional, tal a complexidade.

O termo velho, inicialmente utilizado, foi sendo abandonado ao longo dos tempos, por, em determinados contextos soar mal e ser pejorativo. Em sociedades desenvolvidas em que os idosos são valorizados, aceites e respeitados com valor, o conceito de velho remete para seres inferiores e improdutivos, com impacto negativo na sociedade.

Embora idoso seja o conceito correto a utilizar na nossa sociedade, sinto que esta palavra carrega em si um peso que me desagrada. Talvez pela forma como os idosos são vistos no nosso país. Muitas vezes como um encargo, uma despesa, um estorvo quando teimamos em apagar um passado que tiveram, uma história que construíram, aquilo que somos hoje. Apesar do desenvolvimento de políticas, de programas de saúde e de respostas sociais no nosso país, ainda estão muito aquém de obter os resultados pretendidos.

A avaliação é clara. Portugal é cada vez mais um país envelhecido. A qualidade de vida que se pretende quase parece utopia. Os maus tratos e negligência de quem cuida. Os cuidados de saúde insuficientes, fruto de um SNS cansado e sem resposta que muitas vezes é obrigado a priorizar vidas tendo em conta a idade. Filhos e netos inseridos num mercado de trabalho que ocupa suas vidas sem espaço para cuidar dos seus. Tudo são fatores que concorrem para que vivamos ainda, em 2023 num país de velhos em detrimento do conceito de idoso, que ao ser criado, pressupunha o conjunto de políticas e estratégias para valorizar aqueles que no seu tempo deram tudo e hoje parece não valerem nada.

O caminho é longo mas não impossível. Mas comecemos por reflectir sobre os conceitos. Pode ser um ponto de partida.

(0)
Comentários
.

0 Comentários

Deixe um comentário

Artigos Relacionados

Diversão noturna e viagens de finalistas

Com a Páscoa, mais uma data festiva se passou, uma data muito celebrada ao longo dos anos no que toca a diversão noturna. De norte a sul foram muitos os eventos de celebração da mesma, contudo, já não é como outrora, em que se faziam romarias com família e amigos para diversos espaços noturnos espalhados pelo país fora.

ruben alves2

A UE não deve ceder nos Direitos Humanos por causa da ameaça nuclear

Em 25 de março, Hossein Amir-Abdollahian, o Ministro das Relações Exteriores do Irão e Josep Borrell, o líder da política externa da União Europeia (UE) discutiram a importância de continuar as negociações e visitas para remover as sanções nucleares sobre o Irã. Borrell reiterou que finalizar as negociações nucleares é prioritário para a UE e destacou a necessidade de suspender tais sanções.

ia