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Militares da “Revolta das Caldas” condecorados pelo Presidente da República

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Na abertura solene das comemorações do 50.º aniversário do 25 de Abril, que se irão estender até final de 2026, o Presidente da República condecorou militares com a Ordem da Liberdade, um reconhecimento do papel decisivo no derrube da ditadura, sendo dois dos distinguidos o coronel Armando Marques Ramos, na altura capitão, e o major-general Adelino de Matos Coelho, então tenente, que participaram no levantamento das Caldas, a 16 de março de 1974.
O coronel Armando Ramos a ser condecorado por Marcelo Rebelo de Sousa

Na abertura solene das comemorações do 50.º aniversário do 25 de Abril, que se irão estender até final de 2026, o Presidente da República condecorou militares com a Ordem da Liberdade, um reconhecimento do papel decisivo no derrube da ditadura, sendo dois dos distinguidos o coronel Armando Marques Ramos, na altura capitão, e o major-general Adelino de Matos Coelho, então tenente, que participaram no levantamento das Caldas, a 16 de março de 1974.

Em cerimónia realizada no passado dia 23, Marcelo Rebelo de Sousa deu início às comemorações, tendo a condecoração com a Ordem da Liberdade sido um momento que o Presidente da República considerou “um tributo imprescindível à projeção dos valores democráticos, nomeadamente entre os mais jovens, aqueles que assegurarão que Portugal será um país mais justo, mais desenvolvido e mais forte na defesa das democracias”.

A Ordem da Liberdade destina-se a “distinguir serviços relevantes prestados em defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e à causa da liberdade”.

Dos trinta militares condecorados com a Ordem da Liberdade, no grau de Grande-Oficial, a maioria era do Exército e nove receberam esta condecoração a título póstumo.

Em março de 74, resultado da chamada “cerimónia do beija-mão” dos generais a Marcelo Caetano, o que deixou em agitação os quartéis, foi decidida uma operação de força para derrubar o regime ditatorial.

A marcha da coluna militar até Lisboa não foi bem sucedida, pois as forças com duzentos homens que saíram do então Regimento de Infantaria 5 (RI5) das Caldas da Rainha foram as únicas no terreno, acabando por regressar ao quartel. Em consequência desta revolta falhada, a maioria dos militares foi parar à cadeia. Os considerados pelo regime mais implicados recolheram à prisão da Trafaria, como Armando Marques Ramos, que integrou a força do RI5 e que desconhecia o tempo que ia permanecer em cativeiro mas tinha a ideia de que tinha destruído a família e o futuro dos seus filhos, na altura dois bebés nos braços da sua mulher.

Adelino de Matos Coelho foi detido pela participação ativa na conspiração e no 16 de março de 1974, na força do RI5.

A revolta das Caldas acabou por permitir que à segunda tentativa de força irrompesse uma revolução que, em vez de fazer correr sangue, se transformou numa “revolução de flores”, em que se alcançou a liberdade, a paz e a democracia.

Capitão Luis Piedade Faria era o comandante

A responsabilidade do comando da coluna que, na madrugada de 16 de março de 1974, saiu do RI5, era do capitão Luis Piedade Faria, que já faleceu há largos anos.

À época deste acontecimento histórico, Adelino de Matos Coelho, Carlos Alberto Pereirinha, Carlos Manuel Carvalhão, Ivo Carlos Garcia, João Madalena Lucas, João Raul Coelho, Joaquim António dos Santos, José Marques Novo, José Pina Pereira e Virgílio José de Carvalho eram oficiais do RI 5, participantes no “Movimento dos Capitães”, e foram presos na sequência da sublevação de que resultou a saída da coluna militar que naquela madrugada partiu para Lisboa.

Alguns deles serão agraciados com o Grau de Grande Oficial da Ordem da Liberdade em cerimónias futuras, por terem participado no movimento de que resultou a saída da força do RI5 de Caldas da Rainha em direção a Lisboa, em 16 março de 1974.

Sobre o envolvimento do RI5, “resultou da vontade coletiva de participar numa operação do “Movimento dos Capitães”, que julgávamos ter sido decidida pela sua Comissão Coordenadora”, relatam os oficiais referidos.

“O espírito de corpo existente e o elevado grau de prontidão operacional em que a unidade se encontrava pode ajudar a compreender a facilidade com que o Regimento arrancou, mesmo num clima de intimidação que estava a ser levado a efeito em diversas unidades do país, com detenções e transferências de oficiais do Movimento”, sublinham.

O capitão Luis Piedade Faria era o comandante da Companhia de Caçadores do RI5 e relativamente à sua participação nos acontecimentos de 16 de Março de 1974 destaca-se o ter mandado formar, armar e municiar a companhia, para além de ter esclarecido o pessoal e dado a ordem de partida à coluna, sob seu comando.

No regresso da companhia às Caldas e depois do cerco ao RI5, foi ao encontro do brigadeiro Pedro Serrano para negociar a rendição, que foi depois definida também com a presença do comandante do Regimento.

Quanto à participação do capitão Armando Ramos nos acontecimentos de 16 de Março de 1974, não era oficial do RI 5 e deslocou-se de Lisboa a Caldas da Rainha para transmitir a informação de que a coluna devia sair e que outras unidades já o tinham feito. Seguiu na coluna com um oficial subalterno da Companhia de Caçadores e posteriormente veio a constatar-se que ninguém tinha saído de outras unidades.

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