“Não se percebe como Caldas da Rainha se apresenta como ‘Cidade das Artes’ e ‘Cidade Criativa’. O que faz as Caldas para se afirmar nesse sentido?”. O comentário/interrogação de Carlos Ubaldo, candidato à Câmara pelo Bloco de Esquerda, lançou no passado domingo um debate sobre as artes com a participação de Rodrigo Silva, professor na ESAD.CR, e de artistas locais, Cláudio Sousa e Mónica Correia.
A iniciativa decorreu no espaço exterior do Centro de Artes nas Caldas da Rainha e começou com a ceramista Mónica Correia, proprietária da Loja do C**alho, no centro da cidade, a dar conta que “há muita gente que vem de fora à procura da ‘Cidade Criativa’ e depois vai passear e não sabe muito bem o que vai ver”.
“Devido à localização da minha loja as pessoas acabam por ali se dirigir a perguntar todo o tipo de coisas, como mapas e horários de museus. Isto porque o Posto de Turismo tem um horário ridículo e ao domingo está fechado, para além de ter que se subir umas escadas, portanto, não funciona”, relatou. No seu entender, “o Posto de Turismo bem organizado seria um pontapé de partida para que a divulgação funcionasse”.
A ceramista enunciou outras carências: Aquisição de obras aos ceramistas “sem critério”, falta de um forno comunitário e de um espaço de partilha para realização de workshops.
“Há cinco anos que a Câmara está fazer um roteiro de ceramistas com todos os contactos e só agora finalmente está na gráfica para ser divulgado, por causa das eleições”, referiu.
Cláudio Sousa formou-se em artes plásticas na ESAD.CR e apontou a existência de “espaços subaproveitados como o Centro de Artes”. Criticou também os projetos culturais apresentados no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, considerando que “elevam pouco a cultura na cidade”.
Rodrigo Silva, que foi diretor da ESAD.CR, sublinhou que “existem alguns espaços e equipamentos na cidade mas que estão desabitados e não estão a ser dinamizados por equipas profissionais de técnicos que tenham sido treinados para fazer programação cultural, como se comunica e se relaciona com as escolas”.
“Estes edifícios não têm orçamento para programação, cobrindo estritamente o funcionamento do escassíssimo pessoal”, adiantou.
Por outro lado, “temos a sensação que tudo é decidido casuisticamente e que há um conjunto de espaços públicos que em função de amizades vão sendo cedidos de forma amiguista”.
Manifestou ainda não compreender que a Câmara “seja proprietária de vários imóveis devolutos na cidade e não tenha utilizado os financiamentos europeus para criar espaços de coworking e ateliês partilhados”.
Na sua opinião, Caldas “tem o desplante de se chamar ‘Cidade das Artes’, ‘Cidade Criativa’ ou ‘Cidade da Cerâmica’”.
Apresentação dos candidatos
Antes desta sessão, teve lugar no mesmo local a apresentação da candidatura autárquica do Bloco de Esquerda nas Caldas da Rainha, com a presença do deputado José Manuel Pureza, que salientou a postura do partido em “pautar o debate na concentração naquilo que é verdadeiramente essencial”, nomeadamente na criação de “condições de vida melhores e que as comunidades sejam mais justas e coesas”.
“Não temos paciência nem vocação para nos entretermos com questiúnculas menores que tenham a ver com rivalidades pessoais”, referiu.
Sublinhou também a “necessidade de agregarmos nesta batalha autárquica gente abaixo dos trinta anos, porque esta não é uma batalha para gente instalada mas sim para todos”.
Foram de seguida apresentados os candidatos aos diversos órgãos autárquicos. Na Câmara, o Bloco de Esquerda apresenta como cabeça de lista Carlos Ubaldo e na Assembleia Municipal Francisco Matos.
Na União das Freguesias de Caldas da Rainha de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório a candidata é Mafalda Pedreira, na União das freguesias de Caldas da Rainha – Santo Onofre e Serra do Bouro Orlando Pereira é o candidato, na União de Freguesias da Tornada e Salir do Porto é Joaquim Isidro e na Junta de Freguesia do Nadadouro é Nelson Marques.
Na manhã de sábado foi dada uma volta de bicicleta pela cidade por candidatos, simpatizantes e aderentes, numa ação de “sensibilização por uma cidade com mobilidade sustentável”.
Na Praça da Fruta, aproveitaram para divulgar o projeto da candidatura, para conversar com a população e escutar as suas preocupações e reivindicações.
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