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Caldense cria blogue de apoio aos doentes que sofrem de obesidade

Mariana Martinho

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O "Bariátrica e agora?" é nome do blogue de apoio da caldense Joana Nascimento, que há cerca de três anos decidiu mudar de estilo de vida, depois de “diversas dietas sem sucesso” e “hoje em dia um dos meus maiores prazeres é andar a pé”. No blogue, a caldense procurou relatar “cronologicamente todo o processo, para quem, como eu, quisesse saber mais sobre a cirurgia bariátrica e as alterações que a nossa vida sofre”.
1- O antes e o depois da operação

JORNAL DAS CALDAS: No blogue, a Joana Nascimento refere que nunca deixou de ir à praia, nunca deixou de fazer nada só porque estava gorda. Conte-nos a sua história e o que a levou a optar pela operação, bem como a mudar de estilo de vida.

Joana Nascimento: A luta contra o excesso de peso esteve sempre presente na minha vida. Apesar de ter nascido com peso normal (3,2kg), cedo se percebeu da minha tendência para engordar, agravada por um histórico de familiares com excesso de peso e obesidade.

No entanto, só fui obesa mórbida durante um curto período da minha vida. Sempre fui “gordinha” e quando assim era, ou seja, quando era quase apenas uma questão estética, lidava de forma relativamente pacífica com a situação. Contudo, depois da gravidez e um tumor ovárico, o aumento de peso foi galopante até me tornar obesa mórbida.

O meu médico de família foi o primeiro a sugerir que eu pensasse sobre a possibilidade da cirurgia e depois numa consulta com o meu médico da Fundação Champalimaud, na qual me referiu que já existe evidência de relação entre a obesidade e alguns tipos de cancro, aconselhou-me vivamente o doutor Carlos Vaz, que foi o médico que me operou.

Como todos os bariátricos passei por diversas dietas, sem sucesso. Foi quando percebi que minha vida estava a ficar limitada por essa condição. Eu que adoro viajar, não conseguia passear porque caminhar alguns metros era doloroso. Deitar-me na toalha de praia era custoso. Quem nunca foi obeso não faz ideia do quão sofrida pode ser a vida com obesidade. Diz-se muito que os gordos são gordos porque são “calões”. O meu marido costuma dizer às pessoas para experimentarem fazer a sua vida com 10 garrafões de água às costas. Foi isso que eu perdi! 50kg. Hoje em dia, um dos meus maiores prazeres é andar a pé!

JC: O “Bariátrica e agora?” nasceu há cerca de três anos. Como surgiu a ideia de criar um blogue? E o que significa para si?

JN: Quando percebi que a solução para o meu problema podia passar pela cirurgia bariátrica procurei muita informação, passei a fazer parte de vários grupos de bariátricos no Facebook, mas a informação estava dispersa. Achei que seria uma boa ideia relatar cronologicamente todo o processo, para quem, como eu, quisesse saber mais.

Quando recebo mensagens a dizer que ao procurarem informações encontraram o blogue e ficaram cheios de vontade de avançar e resolver o problema deles, fico de coração cheio e com a certeza que o blogue está a servir o propósito que imaginei.

JC: Qual é o objetivo da página?

JN: O objetivo principal foi tentar relatar ao máximo o que é o processo da cirurgia bariátrica e as alterações que a nossa vida sofre.

JC: Além de relatar a sua experiência e de partilhar artigos, o blogue também aborda outros conceitos e categorias. Quais?

JN: São sempre temáticas que de alguma forma estão relacionadas. A nutrição, o exercício físico, os avanços que a medicina vai tendo na área do combate à obesidade…

JC: Depois da operação, que cuidados teve que implementar no seu dia a dia? E se ainda continuam?

JN: São vários. Na cirurgia que fiz, Bypass em Y de Roux, o estômago foi cortado em dois. Uma parte é usada e outra está lá “desativada”. Este “novo estômago” foi ligado ao intestino numa secção mais avançada, ou seja, há uma parte do intestino, aquela onde se processa a maior parte da absorção, que deixou de ser usada. É uma técnica mista, quando comer menos pode não ser o suficiente para resolver a situação.

O reverso desta medalha é que ao absorver menos, deixamos de absorver as coisas “más” e coisas boas. Terei que tomar suplementos minerais e vitamínicos para o resto da vida e requer uma monitorização constante desses parâmetros.

Também passei a praticar exercício físico numa base mais regular, embora a pandemia nos tenha agora mudado alguns hábitos.

JC: Tem medo de voltar a engordar?

JN: Muito!!! Esse é o maior medo de todos, está sempre presente. Sabemos que parte dos doentes recupera em média cerca de 10% do peso perdido dois anos depois da cirurgia. Alguns recuperam todo o peso…eu engordei um quilo, agora neste novo confinamento. A obesidade é uma doença multifactorial, que precisa ser combatida em várias frentes. Estudos recentes sugerem até que o nosso corpo se “reprograma” e adapta para voltar a engordar alguns anos depois da cirurgia.

JC: Devido à pandemia teve algumas dificuldades em manter o seu regime alimentar?

JN: No primeiro confinamento confesso que tive menos dificuldade em manter as coisas. A luta contra o excesso de peso vai ser algo que me vai acompanhar para sempre. Até porque mesmo com a ajuda da operação eu ainda não sou magra. Ainda tenho alguns quilos de excesso de peso.

A situação de estar em casa não facilita, especialmente para quem tem fome emocional. Eu como de duas em duas horas, muito pouco, claro, e o que procuro fazer são melhores escolhas.

Hoje em dia temos uma oferta vasta de snacks menos “maléficos”, temos formas novas de transportar fruta e até na comida que pedimos para nos entregarem em casa já temos opções mais saudáveis.

O link do blogue éhttp://www.bariatricaeagora.pt/.

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