De acordo com a OMS, o alcoólico é todo o indivíduo a quem o consumo excessivo de álcool afecta o estado físico, a sua economia e o seu ambiente familiar e social. Porém, o consumo excessivo de álcool numa só ocasião, não torna essa pessoa alcoólica, contudo pode ter consequências sérias para a saúde de quem bebe e para terceiros. Uma percentagem elevada de acidentes de viação é causada por condutores que se embriagaram numa ocasião apenas.
São factores que contribuem para o desenvolvimento desta dependência no indivíduo: antecedentes pessoais e história familiar de alcoolismo, integração em famílias/meios sociais propensos ao consumo de álcool, situações imprevisíveis de rotura na vida quotidiana e distúrbios emocionais como a depressão e ansiedade. Nos jovens, faixa etária onde o consumo de álcool tem aumentado cada vez mais, os conflitos entre os pais, história de hiperactividade na infância, dificuldades de adaptação à escola e de aprendizagem, necessidade de emancipação e afirmação de papéis entre os pares, podem ser factores que predispõem ao aumento do consumo de bebidas alcoólicas.
O forte desejo de consumir uma bebida alcoólica, a dificuldade em controlar o consumo, sentir sinais físicos de abstinência quando se deixa de beber, aumento progressivo das quantidades ingeridas e o abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do álcool são indicadores da dependência do álcool.
O excesso de álcool em circulação no sangue provoca um estado de excitação psíquica, com euforia, diminuição da tensão e ansiedade e anulação de inibições, perda de capacidades intelectuais, inibição da atenção e alterações a nível dos movimentos, náuseas e vómitos, podendo levar a um estado de coma ou mesmo morte. O consumo de bebidas alcoólicas, a longo prazo, pode levar a danos permanentes em órgãos vitais como o cérebro, o coração e o fígado.
O tratamento varia em função do grau de dependência e do estado de saúde geral do doente. Quanto mais cedo o alcoolismo for diagnosticado, maiores são as probabilidades de sucesso do tratamento e da recuperação. O tratamento com medicamentos, sobretudo na fase de abstinência, é necessário, contudo as psicoterapias desempenham um papel fundamental no tratamento e na recuperação. A participação em programas de recuperação e em grupos de auto-ajuda constitui um apoio muito importante para a recuperação e para o bem-estar do alcoólico. Tal como outras dependências, não existe cura. O alcoólico pode manter-se sóbrio por um longo período de tempo, mas isso não significa necessariamente que esteja curado. O risco de recaída mantém-se e por isso é uma doença crónica, mas lembre-se que apostar na prevenção é ganhar qualidade de vida!
Enfermeiro especialista
Miguel Miguel
Para sugestão de temas/esclarecimentos: miggim@sapo.pt
0 Comentários