O que o JORNAL DAS CALDAS apurou é que os trabalhadores administrativos dos Centros de Saúde e do Hospital das Caldas da Rainha, integrados na Unidade Local de Saúde do Oeste (ULSO), aderiram à greve de forma significativa, afetando sobretudo os serviços administrativos.
Pelas 9h00, o JORNAL DAS CALDAS deslocou-se ao Centro de Saúde das Caldas da Rainha, que funciona provisoriamente no edifício Ramalho Ortigão, e verificou que apenas o segurança se encontrava no interior do edifício. Sempre que chegavam utentes, estes eram informados de que não poderiam ser atendidos, uma vez que não havia trabalhadores administrativos em funções.
No exterior, junto à porta, encontrava-se a médica de Medicina Geral e Familiar, Neusa Rosa Flor, que explicou que se deslocou ao local apenas “por humanismo”, sublinhando que concorda com a greve e considera importante que as médicas mais novas adiram, por estar em causa o seu futuro profissional.
“Viemos eu e outra médica, mas sem administrativas não conseguimos dar consultas”, referiu, acrescentando que a linha Saúde 24 continuava a encaminhar doentes para o Centro de Saúde, que iam chegando ao local mas acabavam por ser mandados embora pelo segurança.
O casal João Manuel e Isabel Anicete deslocou-se ao Centro de Saúde depois de ter recebido, no dia anterior, uma mensagem a confirmar a consulta. João Manuel recebeu igualmente a confirmação de uma consulta de enfermagem. Ambos acabaram por regressar a casa sem serem atendidos.
No Hospital das Caldas da Rainha, nas consultas externas, as cadeiras das administrativas encontravam-se vazias. No local estavam duas voluntárias da Liga dos Amigos do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha que prestavam apoio aos utentes. As voluntárias tinham listas dos médicos que se encontravam ao serviço e, sempre que um utente chegava, verificavam se o médico estava presente para, nesse caso, atribuir a respetiva senha. O serviço de RX encontrava-se encerrado, funcionando apenas para situações de emergência.
Armando Correia, residente em Alvorninha, lamentou a situação: “Por azar, não fui consultado porque o meu médico não está”.
Na sequência das questões colocadas pelo JORNAL DAS CALDAS, o Conselho de Administração da ULSO esclareceu que, no âmbito da greve geral de 11 de dezembro, estavam programadas 30 cirurgias nas suas unidades hospitalares, das quais apenas três se realizaram. Relativamente às consultas externas, estavam marcadas 916 consultas, tendo sido efetuadas 537. Quanto ao nível de adesão à greve por parte dos profissionais de saúde, a ULSO referiu que ainda se encontrava a apurar o número total de trabalhadores que aderiram à paralisação, bem como a respetiva distribuição por categoria profissional.
A ULSO informou ainda que participou no processo de negociação dos serviços mínimos com os sindicatos aderentes à greve, o qual culminou numa decisão do Tribunal Arbitral, no sentido de garantir as dotações necessárias para assegurar a realização das atividades consideradas inadiáveis.
Nos centros de saúde da ULSO, apenas “atividades muito específicas estiveram abrangidas pela definição de serviços mínimos estabelecida nessa decisão arbitral”.
No serviço da Segurança Social, o segurança confirmou ao JORNAL DAS CALDAS que apenas estavam em funcionamento a tesouraria e o serviço de ação social.
Quanto ao nível de adesão à greve entre os trabalhadores municipais, a taxa de participação foi de cerca de 30%.
Segundo informação enviada pelo gabinete de imprensa da Câmara, durante o período da manhã e da tarde não se verificaram constrangimentos no atendimento ao público no edifício dos Paços do Concelho, onde estão reunidos a maioria dos serviços administrativos, nomeadamente o Espaço do Cidadão, atendimento geral, urbanismo e tesouraria. Contudo, em alguns destes serviços não foi possível assegurar o atendimento durante a hora de almoço.
Hospital Termal esteve encerrado
Relativamente aos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) das Caldas da Rainha, aderiram à greve 29 trabalhadores municipais: 3 da limpeza urbana, 12 da água e saneamento e 14 dos resíduos urbanos (8 no período da manhã e 6 no período da tarde).
Todos os serviços dos SMAS mantiveram o funcionamento, embora com algumas limitações na recolha de resíduos urbanos. Em regime normal, existem 3 circuitos de manhã e 3 à tarde. No dia da greve, houve 2 circuitos de manhã e 1 à tarde.
Na área de água e saneamento, os serviços mínimos, incluindo reparação de roturas e manutenção das redes, estiveram sempre garantidos.
Não se verificaram constrangimentos no atendimento ao público, nomeadamente nos serviços administrativos, atendimento geral, urbanismo ou tesouraria. Não houve necessidade de acionar planos de contingência, uma vez que os serviços essenciais foram todos assegurados.
Na rodoviária, o JORNAL DAS CALDAS verificou que a via rápida e os expressos continuavam a funcionar com todos os horários.
Educação mais afetada
Quanto à educação, no dia 11 de dezembro todos os Agrupamentos de Escolas das Caldas da Rainha, nomeadamente Raul Proença, Rafael Bordalo Pinheiro e D. João II, estiveram encerrados. Apenas o Colégio Rainha D. Leonor funcionou com aulas.
No dia 12 de dezembro, a Escola Secundária Raul Proença teve aulas, enquanto a EBI de Santo Onofre permaneceu encerrada. Nesse mesmo dia, a maioria das escolas do 1.º Ciclo abriu, assim como os jardins de infância.
A Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro esteve fechada no dia 12. O Agrupamento de Escolas D. João II também teve aulas.
Esta situação causou grandes transtornos a alguns pais que não tinham onde deixar os filhos. É o caso de Ana Feliciano, administrativa num centro de saúde, que fez greve nos dois dias por não ter onde deixar os filhos, que frequentam a EBI de Santo Onofre.
O Gabinete de imprensa da Autarquia das Caldas disse que vários estabelecimentos escolares do concelho no dia 11 estiveram encerrados. No entanto, revelou que ainda estão a ser apurados os dados relativamente a cada uma das escolas.









