Luso-moldava com raízes caldenses desenvolve projetos de caridade no maior bairro de lata africano

18 de Outubro de 2025

Há mais de uma década que Natalia Jidovanu desenvolve projetos de caridade no Quénia, através da Art Kids, uma organização sem fins lucrativos por ela fundada.

 

Natalia nasceu na Moldávia, mas foi em Portugal, mais precisamente em São Martinho do Porto e nas Caldas da Rainha, que passou parte da adolescência. “Cheguei a Portugal no dia em que fiz 16 anos”, recorda. Fez o secundário na região e formou-se em psicologia no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Lisboa, antes de tirar o mestrado em psicologia da justiça na Universidade do Minho.

Depois de um período a trabalhar numa ONG em Portugal, Natalia sentiu que não era bem aquilo que procurava. “Estava à procura de algo que eu realmente me sentisse apaixonada por fazer. Sempre soube que queria trabalhar com pessoas, principalmente com pessoas em situação de vulnerabilidade social”, contou.

Foi essa inquietação que a levou, em 2013, numa viagem supostamente de apenas duas semanas ao Quénia, que acabou por mudar a sua vida. “Vim para cá com bilhete de ida e volta, mas nunca mais voltei para viver em Portugal”, relatou ao JORNAL DAS CALDAS a partir daquele país africano.

Durante essa estadia conheceu Kibera, o maior bairro de lata de África, e um jovem local que usava o desporto para afastar as crianças do crime e da violência. “Ele nunca teve oportunidade de ir para a universidade, mas era muito apaixonado pelo trabalho com as crianças. Fiquei muito impressionada com a ideia dele de usar o desporto para as manter ocupadas”, descreveu. Foi então em Kibera que começou o embrião da Art Kids: “Passei a acompanhá-lo nos treinos e a tirar fotografias. As crianças começaram a pedir-me para usar a máquina e um dia pensei: por que não encontrar máquinas fotográficas usadas e mostrar-lhes como usá-las para serem elas a contar as suas histórias?”

Dessa ideia nasceu o projeto My First Camera, um programa de fotografia participativa. “Voltei a Portugal e trouxe dez máquinas fotográficas usadas, doadas por amigos. Foi com essas máquinas que fizemos o nosso primeiro projeto”, recorda Natalia.

A partir daí, a Art Kids cresceu e formalizou-se como organização sem fins lucrativos registada no Quénia. Vieram novos projetos, como o programa de bolsas de estudo para apoiar jovens de Kibera na transição para o ensino secundário e universitário. “A educação primária (do 1º ao 9º ano) é gratuita, mas quando passam para o secundário já têm custos. Muitas famílias não conseguem pagar e os jovens acabam por desistir”, lamentou.

Hoje, a fundação mantém também uma biblioteca comunitária em Kibera, apoiada desde 2024 pela Embaixada de Portugal em Nairobi.

Além da parceria com a Embaixada de Portugal, a Art Kids recebe apoios pontuais de fundações europeias, como a European Lung Foundation, que financiou recentemente uma campanha de sensibilização nas escolas sobre o uso do tabaco, problema que também afeta os jovens de Kibera.

No entanto, o trabalho da organização vai além de Kibera. “Também apoiamos uma escola na zona Maasai, que é um centro de resgate para raparigas que foram resgatadas de mutilação genital feminina e casamento infantil”, realidades ainda muito presentes em certas regiões africanas.

O novo projeto “I Matter” leva sessões mensais a escolas de bairros desfavorecidos, abordando temas como saúde mental, educação sexual, pressão de pares e definição de objetivos. “Os temas são escolhidos com as escolas, de acordo com o que mais afeta a vida dos alunos”, explicou Natalia.

Além do trabalho humanitário, Natalia mantém-se ativa e financiada através do jornalismo. É freelancer e já trabalhou para grandes jornais como o New York Times, Wall Street Journal e The Times. Ao mesmo tempo faz ainda consultoria para organizações internacionais como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e a AMREF Health Africa.

Sobre a forma como as pessoas em Portugal podem ajudar, Natalia disse que continuam “à procura de máquinas fotográficas usadas” e que têm também projetos de “apadrinhamento de estudantes e de escolas”. Para se saber mais sobre o projeto basta visitar a página de Instagram “Art Kids Foundation”.

As fotografias que acompanham este artigo foram tiradas pelos jovens que participaram no projeto My First Camera, da Art Kids.

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