Em declarações ao coletivo de juízes, os três arguidos garantiram desconhecer que existia cocaína dentro das paletes que continham bananas.
Seis homens estão acusados de crimes de associação criminosa e tráfico de droga agravado, num processo em que foram apreendidos 301 quilogramas de cocaína, em 300 embalagens, suficientes para 1,24 milhões de doses individuais e avaliados em mais de nove milhões de euros.
Os arguidos, com idades entre os 31 e os 53 anos, estão em prisão preventiva, sendo que a um deles está imputado ainda o crime de detenção de arma e munições proibidas.
Um dos acusados adiantou ter sido “apenas o mediador na compra de um camião”. “Não sei porque estou aqui. Não tenho nada a ver com isto. Apenas fui contactado para fazer a venda de um camião, mas não sabia para o que seria utilizado”, disse o homem, cuja profissão está ligada à venda de automóveis.
O arguido admitiu ter recebido 1.500 euros de comissão e disse ter convidado outro dos arguidos a ser o motorista do camião, para que pudesse ir buscar “seis paletes de bananas” ao Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), em Loures, e transportá-las para o armazém de Tornada.
Esse arguido declarou que foi “fazer de motorista para transportar as bananas” e recebeu 500 euros pelo serviço. “A minha função era fazer o transporte das bananas. Nunca vi cocaína, só no dia em que a Polícia Judiciária trouxe uma mala”, explicou.
Um outro arguido afirmou trabalhar no armazém onde terá sido efetuado o transbordo das paletes. Afirmou que desconhecia que no contentor estivessem paletes de bananas com cocaína. “Carreguei no primeiro dia, porque não estava o meu colega que fazia esse trabalho. No segundo dia não fui eu. Foi o meu chefe que deu a ordem para fazer esse trabalho”, contou.
Segundo o despacho de acusação, “desde pelo menos o início de junho de 2023” um grupo de pessoas, cuja identidade não foi apurada, decidiu dedicar-se à “aquisição e introdução de cocaína em Portugal”, para onde seria transportada em contentores via marítima, proveniente da Costa Rica, e depois, por via terrestre, para outros países europeus. Àquele grupo aderiram os seis arguidos em julgamento.
A droga, que era “acondicionada e misturada em paletes contendo caixas de bananas”, entrava em Portugal pelo Porto de Setúbal, passava por um armazém no MARL e posteriormente Tornada, tendo como destino uma sociedade na Bélgica, criada por um dos arguidos usando outra identidade.










