Aproveitando a presença do Secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha, o comandante manifestou que existem condições para que os bombeiros portugueses possam passar a serem tratados “com mais equidade e respeito”, tendo em conta que os vários intervenientes, incluindo o próprio Secretário de Estado, que já foi soldado da paz, são “amigos dos bombeiros”.
Rui Rocha foi presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Leiria e da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ansião.
Entre os vários pedidos apresentados pelo comandante caldense está a implementação oficial do comando nacional operacional dos bombeiros e a extinção imediata da estrutura dos comandos sub-regionais da proteção civil, pedindo o regresso do modelo anterior, baseado em comandos distritais.
“A sua criação só veio complicar, retirar eficácia e eficiência dos recursos”, afirmou Nelson Cruz. O comandante considera urgente “voltar aos distritos” porque “é muito mais fácil de operacionalizar uma estrutura que se quer ágil e de resposta rápida”.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), António Nunes, também fez vários pedidos ao Secretário de Estado, principalmente ao nível de apoios financeiros para as associações humanitárias dos bombeiros voluntários.
O dirigente salientou ainda que há zonas do país, incluindo Caldas da Rainha, em que a ausência de capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde tem prejudicado também as associações de humanitárias, que têm que reforçar os seus meios, aumentando as suas despesas.
O Secretário de Estado da Proteção Civil, que tem como adjunto o caldense Rogério Rebelo, elogiou a história da associação e o empenho dos dirigentes e bombeiros.
Rui Rocha destacou o papel dos soldados da paz portugueses durante esta época de incêndios. “Voltaram a demonstrar porque são considerados dos mais dedicados e competentes bombeiros do mundo”, afirmou.
Em relação aos pedidos que lhe foram feitos, salientou que têm vindo a agilizar os pagamentos às corporações de bombeiros. “Já transferimos quase um milhão de euros”, referiu.
O governo está também a finalizar a nova Lei Orgânica da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, no qual será incorporado uma participação mais efetiva dos bombeiros.
Um ano difícil para os bombeiros
Segundo o comandante Nelson Cruz, 2025 foi um ano difícil para os bombeiros caldenses. “O mês de agosto foi muito desgastante. 25 dias em rendições para combater grandes e violentos incêndios”, apontou.
Ao mesmo tempo que combatiam incêndios, garantiram também mais de 20 emergências médicas e 80 transportes para consultas por dia. Foi assegurada a prevenção à praia da Foz do Arelho, assim como a resposta a todas as outras ocorrências.
O presidente da associação humanitária, Carlos Gouveia, destacou que esta é uma das maiores entidades do género no país, com cerca de 11 mil associados, sublinhando que o maior ativo é o seu corpo de bombeiros. “São reconhecidos por todos como muito céleres e altamente eficazes”, comentou.
O dirigente agradeceu o apoio financeiro da população, da Câmara e das juntas de freguesia, “que nos permite ter uma situação económica equilibrada e continuar a melhorar as nossas condições”.
Carlos Gouveia pediu ao presidente da Câmara que se avance com a criação do campo de treinos na zona dos Texugos, tendo recebido como resposta de que o processo iria avançar.
Vitor Marques salientou que a autarquia tem vindo a apoiar os bombeiros caldenses em tudo o que tem sido pedido porque a instituição e o trabalho que realizam merece isso.
Bombeiros homenagearam personalidades caldenses
Para além da atribuição de vários galardões e medalhas, os bombeiros homenagearam Abílio Camacho (a título póstumo), Tinta Ferreira, Lalanda Ribeiro e Luís Botelho.
O presidente da LBP fez questão também de condecorar a fanfarra dos bombeiros, que celebrou 70 anos.
Abílio Camacho foi presidente da direção da associação humanitária durante 14 anos e foi durante o seu mandato que Nelson Cruz foi nomeado comandante dos bombeiros, em 2014. “Parabéns Pedro, o teu pai era um homem de caráter excecional”, disse ao filho de Abílio Camacho, que recebeu a medalha de serviços distintos, grau ouro, da LBP, em nome do seu pai.
Tinta Ferreira, que assumiu recentemente a presidência do conselho fiscal da associação humanitária, também recebeu a medalha de serviços distintos, grau ouro, pelo seu papel enquanto presidente da Câmara das Caldas e pelo apoio que deu aos bombeiros durante os seus anos como autarca.
“É da maior justiça dizer que durante a presidência do sr. Abílio Camacho na direção da associação e do dr. Tinta Ferreira na Câmara Municipal tivemos efetivamente um grande marco de viragem em que a nossa associação e o nosso comando de bombeiros evoluíram a passos largos, foram efetuadas as grandes obras no nosso quartel, foram adquiridos 21 veículos e muito equipamento, diria mesmo que alcançámos uma verdadeira estabilidade”, afirmou Nelson Cruz.
O comandante dos bombeiros salientou ainda a colaboração de Lalanda Ribeiro, que foi presidente da assembleia geral da associação durante 20 anos, e o seu serviço pela causa pública.
Ao ex-presidente da direção Luís Botelho, que fez parte dos órgãos sociais da associação durante 40 anos, foi atribuído o crachá de ouro da LBP.










