Cardeal Manuel Clemente nas celebrações dos 500 anos do legado da Rainha Dona Leonor

19 de Setembro de 2025

No passado sábado o Salão Nobre do Hospital Termal Rainha Dona Leonor, nas Caldas da Rainha, encheu para receber a conferência “Rainha Dona Leonor: Obras de Misericórdia e as Misericórdias Portuguesas”, conduzida pelo cardeal Manuel Clemente. O encontro integrou-se no programa evocativo dos 500 anos da morte da monarca, figura central da história caldense e de Portugal.

 

O cardeal, patriarca emérito de Lisboa, fez um percurso pela vida de D. Leonor (1458-1525), lembrando as circunstâncias políticas, familiares e sociais que a rainha enfrentou, desde o assassinato do seu irmão às mãos do próprio marido, D. João II, à morte acidental do seu único filho, Infante Afonso. O cardeal sublinhou que, apesar de perdas pessoais marcantes e de um contexto instável, D. Leonor manteve-se ativa na vida pública e encontrou no serviço aos outros a sua forma de superar adversidades: “A grandeza desta mulher está no simples facto de que tudo isto era suficiente para a fazer desistir, mas que não desistiu”.

Na sua intervenção, Manuel Clemente destacou a fundação do Hospital Termal, nas Caldas da Rainha, recordando o episódio em que a rainha, ao observar populações pobres a utilizarem as águas termais sem condições de higiene ou cuidados médicos, decidiu criar uma instituição que lhes garantisse assistência. O hospital, inaugurado em 1485, é apontado como o primeiro hospital termal da Europa moderna.

O conferencista relacionou essa iniciativa com a posterior criação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em 1498, que deu origem a uma rede espalhada por todo o país. As Obras de Misericórdia foram apresentadas como a matriz que guiou a ação dessas instituições, desde alimentar os famintos e vestir os nus, até assistir os doentes, visitar presos e enterrar os mortos.

Manuel Clemente realçou também a atualidade deste legado. As Obras de Misericórdia, afirmou, “podem hoje traduzir-se em áreas como os cuidados paliativos, a atenção aos migrantes ou a reinserção social de reclusos”.

Ao longo da conferência foi ainda sublinhada a dimensão espiritual da rainha, marcada por uma religiosidade profunda que se traduziu em obras concretas de impacto duradouro. Um exemplo dessas obras é a icónica Igreja Nossa Senhora do Pópulo que Manuel Clemente afirma ter sido construída “com o melhor que havia” na altura, e que até hoje é um monumento importante das Caldas da Rainha.

No final da intervenção do cardeal, a vereadora da cultura das Caldas da Rainha, Conceição Henriques, interveio também acerca da Rainha. A vereadora fez notar a peculiaridade, pelo menos para a época, da insistência da monarca para que as monjas soubessem ler e escrever, acreditando que isto era uma vontade ligada ao espírito de promoção das artes e “que acrescentava à sua dimensão religiosa”.

Após mais algumas palavras a honrar o legado de Dona Leonor, e lembrando que Manuel Clemente é um ambientalista, a vereadora presenteou os intervenientes nestas celebrações com medalhas de cerâmica feitas através de uma pasta ecológica de casca de ovo, criada por alunos da D. João II. Assim, a vereadora louvou os alunos e todos os professores envolvidos, salientando que estava a terminar “com uma nota no futuro”, lembrando que estas invenções ecológicas e os próprios jovens, são muito importantes “neste futuro de emergência”.

A conferência teve entrada livre e prosseguiu a Missa Vespertina da Exaltação da Santa Cruz, igualmente de entrada livre. Dentro do espírito de celebração do legado da Rainha Dona Leonor, houve ainda o Banquete Quinhentista Raynha das Águas, às 20h30, cuja inscrição era obrigatória e acartava um preço de 55 euros por pessoa.

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