Fundador e presidente da Ordem do Trevo, que semanalmente apoia cerca de 70 famílias carenciadas, mais de 350 pessoas, incluindo 104 crianças, acumulava ainda diversas funções. Era coordenador da nova secção de Ténis de Mesa do Caldas Sport Clube, vice-presidente da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa (com responsabilidades na área financeira e nas seleções nacionais), diretor dos Dragões do Oeste e secretário-geral do PSD das Caldas da Rainha.

Para além de tudo isto, preparava o lançamento do seu segundo livro de crónicas.

“Aquilo de que mais gosto é estar ocupado. A minha vida tem sido isso mesmo: vontade de concretizar, de realizar. Se é algo que me acrescenta ou onde posso dar um contributo positivo, então estou lá”, afirmou numa das suas últimas entrevistas ao Jornal das Caldas na rubrica “Gente com História”. Foi esse espírito de ação que deu origem à Ordem do Trevo, instituição que se tornou uma referência local de solidariedade e que, como o próprio dizia, só foi possível graças às “parcerias positivas” estabelecidas com empresas, entidades e cidadãos.

Ex-atleta e dirigente desportivo de relevo, teve uma carreira notável no ténis de mesa, representando clubes como o FC Porto, Benfica, Sporting e Sporting das Caldas, além de ter sido internacional português com dezenas de títulos nacionais. No ano passado, sagrou-se tricampeão nacional em veteranos (individual, pares e equipas).

“Não é de medalhas que se trata nem de mais um conjunto de títulos nacionais para juntar a um já enorme palmarés, mas sim encontrar novos fatores de motivação e interiormente lutar contra a adversidade”, salientou. Os títulos e as vitórias, acrescentou, “representam um aditivo no corpo e na alma, o que alguns compreenderão”.

Homem multifacetado, sempre envolvido em projetos culturais, sociais, desportivos e políticos, prezava a independência de pensamento e não escondia a sua preocupação com os grandes desafios do concelho. “A vida ensinou-me a olhar para o outro. A não esquecer que ao nosso lado existem pessoas que precisam do nosso apoio, que sozinhos não somos nada”, dizia.

Mesmo nos momentos mais difíceis, mantinha-se otimista: “Gosto muito de sorrir até ganhar estas rugas de expressão. Mas sobretudo de ser feliz e proporcionar alguma felicidade aos outros. O positivismo vem do legado que o meu pai me deixou, o sorriso e a preocupação com os outros”.

Testemunhos

O desaparecimento de José Viegas deixa as Caldas da Rainha mais pobres em solidariedade, dinamismo e cidadania.

Diversas instituições já manifestaram pesar pelo falecimento desta figura pública, que nasceu no Porto.

Entre elas a Ordem do Trevo, que perde o seu fundador e maior impulsionador, o Caldas Sport Clube, que lhe reconhece o empenho no relançamento do ténis de mesa, a ACCCRO – Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste que fez com a Ordem do Trevo várias parcerias e a Câmara Municipal das Caldas da Rainha, que destacou o exemplo de cidadania e dedicação à comunidade.

Foram inúmeras as homenagens recebidas nas redes sociais, mas, dado o espaço limitado, o Jornal das Caldas destaca algumas, como da própria Ordem do Trevo que destaca José Viegas como um “homem de causas, mentor e fundador desta associação, à qual se dedicou de alma e coração, deixando um legado inquestionável que será devidamente honrado como era seu desejo”.

“Foi vencido numa luta desigual, mas nunca deixou de ser um vencedor. Lutou sempre com convicção, acreditando que o bem vence sempre. Nunca baixou os braços, mesmo nos momentos mais difíceis, e inspirou todos à sua volta com a sua força e fé na solidariedade. Para a Ordem do Trevo, “o seu exemplo viverá para sempre em cada gesto de ajuda, em cada sorriso que esta associação continuará a proporcionar”.

O presidente da Câmara das Caldas, Vitor Marques, referiu que foi com uma “profunda tristeza que recebemos a notícia do falecimento de José Viegas, uma figura incontornável da vida associativa e desportiva das Caldas da Rainha. A sua dedicação à Ordem do Trevo, às causas sociais e à nossa comunidade marcou profundamente todos aqueles que tiveram a oportunidade de o conhecer”.

Para o presidente, José Viegas “era um homem de ação, com uma energia contagiante e um compromisso inabalável com o bem-estar dos outros. Deixou um legado de solidariedade, cidadania e exemplo cívico que continuará a inspirar a nossa cidade”.

Em nome da Câmara Municipal, Vitor Marques transmitiu “as mais sentidas condolências à sua família, amigos e a todos os que trabalharam ao seu lado. O seu legado permanecerá vivo entre nós”.

O Jornal das Caldas, em nome da redação e administrador, António Salvador, e diretora, Clara Bernardino, lamentam profundamente a morte de José Viegas e prestam “homenagem a quem, com uma energia inesgotável, fez da solidariedade a sua missão de vida”. Desde a fundação da Ordem do Trevo, “colaborou connosco na organização de eventos, colóquios e conferências, sempre com a mesma generosidade e espírito construtivo”.