Uma das principais novidades será a realização de uma Jornada de Reflexão sobre os Cuidados de Saúde no Oeste e a sua evolução esperada nos próximos dez anos. Poderá ser em Peniche no dia 8 de novembro.
Neste evento pretende-se envolver todas as especialidades e todos os setores médicos, com a elaboração de um documento final que possa ser útil para quem tem de tomar decisões no contexto da Política de Saúde Local.
Na cerimónia de tomada de posse, o médico salientou que a lista de órgãos sociais para o novo mandato é de continuidade e mantém os mesmos elementos.
“Todos nós continuaremos a empenhar-nos na dignificação da profissão médica e na valorização das suas instituições, neste caso a OM”, salientou.
Na cerimónia esteve presente Sandra do Carmo Pereira, em representação do Conselho Regional do Sul da OM, e foi exibida uma mensagem em vídeo de Carlos Cortes, bastonário da OM.
Em reunião recente, os elementos deste conselho discutiram alguns dos principais problemas da região.
No Oeste a dispersão de recursos é notória, nomeadamente nos hospitais públicos, com a existência de polos distanciados e por isso é consensual a necessidade de construção de um único hospital público para todo o Oeste;
“As estruturas físicas hospitalares estão envelhecidas. Há falta de médicos, tanto nos cuidados hospitalares como nos cuidados primários”, referiu António Curado.
Segundo o médico, o preenchimento das necessidades dos hospitais e centros de saúde (particularmente dos primeiros) com recurso a prestadores de serviços é “muito disfuncional”.
Até porque, “os médicos em início de carreira procuram sistemas de melhor remuneração (a prestação de serviços ou a deslocação para o estrangeiro) porque o vencimento base, tanto no público como até nos privados, particularmente no que respeita às especialidades generalistas, é baixo”.
Na opinião dos médicos, os cuidados de Saúde estão muito centrados nas atividades de urgência hospitalar e no Serviço Nacional de Saúde (SNS) não se promove a meritocracia, “dado que os sistemas de avaliação de desempenho não funcionam ou não são apelativos”.
Por isso, defendem que os modelos de gestão de saúde necessitam de se adaptar às novas realidades.
A criação da Unidades Locais de Saúde “não é considerada, genericamente, uma boa solução, na medida em que desvaloriza a Medicina Geral e Familiar, com consequente perda de autonomia”.
Como a linha de Saúde 24 passou a constituir a principal porta de entrada dos doentes, a Medicina Geral e Familiar deixou de ser a interface principal entre os doentes e o SNS.
Tem sido notório como no Oeste há dificuldade no preenchimento de vagas abertas, tanta nas especialidades hospitalares como nos cuidados primários.
“Ao nível da formação específica, e à semelhança do que acontece no hospital, também na Medicina Geral e Familiar começa a haver dificuldade de atração de médicos internos para o Oeste”, lamentou António Curado.
“De modo generalizado, e com raras exceções, vimos assistindo a uma progressiva degradação da capacidade de oferta dos serviços hospitalares, com crescente exaustão e desmotivação dos profissionais, traduzida frequentemente na sua saída por exoneração ou reforma antecipada, sem que essas perdas sejam compensadas pela entrada de novos especialistas ou pela vinda de novos internos”, alertou.
Por outro lado, a abertura e consolidação de unidades hospitalares privadas na região, vieram alterar as condições e o contexto do exercício profissional em regime liberal.
“Ainda que a complementaridade entre o público e o privado não se questione, nem sempre essas unidades têm sido objeto de qualquer tipo de avaliação assertiva por parte da OM, relativamente às condições de trabalho dos médicos ou à qualidade assistencial proporcionada”, salientou.
Tendo em conta todos estes elementos, o Conselho da Sub-Região Oeste pretende unir mais os médicos e fazer ouvir a sua voz, mas também desenvolver iniciativas em colaboração com outras instituições (autarquias, escolas, associações de doentes, entre outras) com o objetivo de identificar situações em relação às quais a OM possa ter uma ação relevante na defesa dos interesses dos doentes e dos médicos.
Quer também contribuir para atrair os jovens médicos para as atividades da OM, tendo sempre presente a dignificação da profissão e a defesa da qualidade em medicina.







