Museu em Serra D’El-Rei evoca romance marcante e trágico

2 de Julho de 2025

O Museu D. Pedro I, na Serra D’El-Rei, inaugurado a 14 de fevereiro de 2018, tem como principal objetivo divulgar e valorizar a história e identidade desta vila, com especial destaque para a ligação à célebre história de amor entre D. Pedro I e D. Inês de Castro, uma das mais marcantes da monarquia portuguesa, e à qual Camões, n’Os Lusíadas, também se refere.

É evocado o romance trágico da realeza que, segundo a tradição e fontes históricas, viveu parte do seu amor proibido na região de Serra D’El-Rei, entre 1346 e 1352.

O infante D. Pedro apaixonou-se por Inês de Castro, dama de companhia da sua mulher. Como sucedia com a maioria dos príncipes herdeiros, a sua esposa não era escolhida pelo próprio mas sim pelos conselheiros do monarca, de acordo com os interesses do reino. Para esposa de D. Pedro tinha sido escolhida D. Constança Manuel, pertencente à nobreza de Castela.

Apesar do casamento, o infante marcava encontros românticos com Inês, que também se apaixonou por D. Pedro mal o viu, surgindo um grande amor entre ambos. D. Pedro nunca a vê como amante mas sim como sua esposa. Encontram-se às escondidas em vários locais, inclusive em Serra D’El-Rei.

Depois da morte de D. Constança, em 1345, de parto, D. Pedro passou a viver maritalmente com Inês, de quem, entretanto, já tivera, segundo a tradição, quatro filhos, o que acabou por afrontar o rei D. Afonso IV, seu pai, que condenava de forma veemente a ligação, e provocou forte reprovação da corte e do povo, também pelo perigo dos descendentes bastardos do casal tomarem o lugar do herdeiro legítimo, filho de D. Pedro e da falecida D. Constança.

O crescendo de censura à união por parte da corte pressionava constantemente D. Afonso IV, que acabou por mandar assassinar Inês de Castro em janeiro de 1355. A tarefa é levada a cabo por três elementos da nobreza: Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e Pêro Coelho, aproveitando a ausência de D. Pedro numa caçada.

Louco de dor, Pedro liderou uma revolta contra o rei, nunca perdoando ao pai o assassinato da amada. Quando finalmente assumiu a coroa em 1357, D. Pedro mandou prender e matar os assassinos de Inês, que entretanto se haviam refugiado em Castela.

Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados. Segundo a lenda, D. Pedro, como vingança, teria arrancado o coração de um pelo peito e o do outro pelas costas, o que lhe valeu o cognome de o Cruel. No entanto, o cronista Fernão Lopes afirma que essa execução teria estado a cargo de um carrasco que teria dito ao rei que essa forma de morte não era fácil de executar. O terceiro assassino conseguiu escapar para França, sendo, mais tarde, perdoado pelo rei quando este se encontrava no leito da morte.

Jurando que num dia de 1354 se havia casado secretamente com Inês de Castro para legitimar os filhos que tiveram em comum, D. Pedro impôs o seu reconhecimento como rainha de Portugal. Ordenou a trasladação o corpo de Inês de Coimbra para o Mosteiro Real de Alcobaça, onde mandou construir dois imponentes túmulos, para que pudesse descansar para sempre ao lado da sua eterna amada. Assim ficaria imortalizada em pedra a mais arrebatadora história de amor portuguesa.

No Museu D. Pedro I fica-se a conhecer a história dos encontros secretos do casal e as lendas locais como a das ferraduras ao contrário, e a influência destes acontecimentos na identidade e património da vila.

O percurso de entrada do museu é marcado por ferraduras desenhadas no chão, evocando a lenda de que D. Pedro ferrava os cavalos ao contrário para despistar os que o tentavam seguir nos seus encontros secretos com Inês, nomeadamente os espiões do pai do príncipe.

A mostra permanente inclui painéis explicativos sobre a relação de Pedro e Inês com a vila, esculturas de artistas como José Aurélio e Susana Correia, gravuras do século XIX relacionadas com o casal, trajes históricos cedidos pelo Museu Nacional do Teatro e da Dança, uma coleção de moda contemporânea inspirada em Inês de Castro, com peças criadas por estilistas do Modatex e decoradas com a tradicional renda de bilros da Serra d’El-Rei, um vestido idealizado por uma estilista italiana para Inês de Castro e um espaço audiovisual com um filme dedicado à história de Pedro e Inês.

Nesta altura encontram-se igualmente patentes duas exposições, uma de pintura de Nélia Caixinha e uma de fotografia de Anastasia Mata, que abordam este romance apaixonante.

O museu é também um espaço de identidade e comunidade, promovendo a valorização do património local e a memória coletiva da vila. O projeto resulta de uma parceria entre a Fundação Inês de Castro, o Município de Peniche e a Freguesia de Serra d’ El-Rei, e conta com a participação ativa de associações locais, como o Rancho Folclórico D. Pedro I.

O edifício do museu situa-se no quintal de uma das casas mais antigas da vila, tendo sido reabilitado para este fim. O espaço é também utilizado para exposições temporárias e eventos culturais.

Encontra-se próximo do Paço Real de D. Pedro I, edifício classificado como imóvel de interesse público, que foi residência temporária de vários monarcas portugueses.

A própria toponímia da vila e muitos dos seus privilégios históricos estão ligados à presença de D. Pedro I e à sua relação com a região.

O espaço museológico já recebeu milhares de visitantes e tornou-se uma atração turística relevante. A entrada tem o valor simbólico de um euro.

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