Numa altura em que se assinalam 150 anos da criação do Zé Povinho por Rafael Bordalo Pinheiro, a exposição, com curadoria de Jorge Silva, celebra a figura maior da sátira portuguesa, através de uma seleção rica de publicações e obras originais de grandes nomes do cartoon português: Stuart Carvalhais, José Vilhena, João Abel Manta, André Carrilho, Cristina Sampaio, entre outros. Trata-se de uma homenagem não só à personagem, mas ao poder do humor como arma crítica e pedagógica.
A mostra integra o Salão Bordallo 2025 que conta com a contribuição fundamental de instituições públicas e colecionadores privados que disponibilizaram muitas das obras presentes na exposição: o Museu da Presidência da República, o Museu Bordalo Pinheiro, o Museu da Cerâmica, e os colecionadores Isabel Castanheira, Joaquim Saloio, Norberto Correia, Biblioteca Silva, Luís Vilhena e família João Abel Manta.
Além da exposição principal, o programa vai ainda estender-se a vários espaços da cidade, reforçando o papel do Zé Povinho como figura de diálogo e consciência crítica: Duas mesas-redondas sobre liberdade de expressão, sátira política e cidadania ativa, com convidados de áreas como o jornalismo, a ilustração, a história e a educação, a realizar no CCC, exposições nos três agrupamentos escolares do concelho das Caldas da Rainha com conteúdos adaptados ao público jovem, e exposição na Biblioteca Municipal, baseada no acervo da biblioteca.
“Zé Povinho 1875–2025” conta com um catálogo de 240 páginas, com textos de Jorge Silva, João Alpuim Botelho, Raquel Henriques da Silva e Isabel Castanheira.
É uma iniciativa da Câmara Municipal das Caldas da Rainha e do CCC.
João Botelho, diretor do Museu Bordalo Pinheiro, refere que Zé Povinho “nasceu como personagem coletiva e figura crítica do povo português, pobre e explorado, mas também observador atento da vida política”. “Inicialmente representado como vítima passiva do poder, o Zé transformou-se numa poderosa ferramenta de sátira, acompanhando a carreira de Bordalo e atravessando diferentes regimes, da Monarquia à República, da ditadura ao pós-25 de Abril”, aponta.
“Ao longo dos anos, foi desenhado por múltiplos autores e assumiu diversos papéis, sempre como reflexo da sociedade e da sua indignação. Símbolo de resistência e consciência cívica, o Zé Povinho permanece uma figura viva da cultura visual portuguesa, reinventando-se nos jornais, na cerâmica, no teatro e, hoje, nas redes sociais”, vinca João Botelho.
“Mais do que uma personagem, é um espelho crítico da cidadania portuguesa e uma chamada constante à participação e à justiça social — um legado duradouro de Bordalo Pinheiro”, conclui.









